domingo, 29 de março de 2015

Redução da maioridade penal: veja o que o CONIC pensa disso


<br>Fonte: CONIC/Reprodução
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados pode votar nesta terça-feira (17) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/93 que reduz a responsabilidade penal de 18 para 16 anos. A proposta está na pauta e chegou a tramitar na CCJ na última legislatura, mas não foi votada. A PEC é a mais antiga das cerca de 30 propostas que tramitam na Casa pedindo a alteração na maioridade penal.
Tema polêmico, a proposta de redução da maioridade penal divide especialistas. De um lado, há a ideia de que adolescentes menores de 18 anos têm discernimento para entender que estão cometendo crimes. Portanto, segundo os defensores da redução da maioridade, esses jovens devem ser punidos de acordo com a gravidade do ato.
Por outro lado, defensores da manutenção da maioridade em 18 anos argumentam que a redução da idade para responsibilização penal é uma medida simplista, que pode gerar ainda mais problemas para a segurança pública. Para eles, é preciso ampliar políticas sociais de proteção aos jovens.
Professor da Universidade de Brasília, sociólogo e estudioso da segurança pública, Antônio Flávio Testa defende que os crimes devem ser punidos de acordo com a sua gravidade, independentemente da idade de quem cometeu. “Sempre há discussão em torno de quem cometeu crimes, mas não na família das vítimas. Dizer que, pela idade, uma pessoa é menos perigosa, é falacioso”, afirmou.

Administradora executiva da Fundação Abrinq, que atua na promoção dos direitos de crianças e adolescentes, Heloisa Oliveira diz que o número de atos infracionais cometidos por adolescentes é “muito menor” que o de adolescentes vítimas de violência. “A maior parte dos adolescentes internados, de acordo o Conselho Nacional de Justiça, cometeu roubo ou foi pega praticando tráfico de drogas. Esses crimes são típicos de ausência de uma polícia de enfrentamento às drogas. Isso tem, por certo, adultos por trás”.
Segundo Testa, um crime cometido por um menor ou por um adulto não pode ser tratado de forma diferente e o contexto social não pode ser levado em conta para a punição. “Há uma dívida social com as famílias mais pobres, mais carentes, mas querer dizer que um menor de família pobre que comete um hominídio não deve ser punido, é absurdo. Na minha avaliação, se cometeu um crime grave tem que ser punido de acordo com a gravidade do crime”.
Posicionamento do CONIC
Em 2013 o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil emitiu uma nota condenando a redução. “Reduzir a maioridade penal não irá resolver o problema da criminalidade em nosso país. É necessário olhar com seriedade para os problemas estruturais de nossa sociedade. Entre eles, a desigualdade social. Inúmeras pesquisas apontam que a enorme diferença entre ricos e pobres é um dos fatores que contribui para o aumento da criminalidade”, afirma o documento. Para ler na íntegra, CLIQUE AQUI.
Primaz da IEAB
O vice-presidente do CONIC e atual primaz da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, dom Francisco de Assis, tem opinião parecida: “É isso que queremos de verdade? O custo de uma opção punitiva para os de menor idade apenas aumentará a espiral de internados e não garantirá um futuro mais seguro para a sociedade. A prática da violência custa muito mais aos cofres públicos do que implementar políticas públicas de base que garantam a dignidade de nossas crianças e jovens”.
Constituição
De acordo com a Constituição, os menores de 18 anos não podem ser imputados penalmente, por isso ficam sujeitos a punições específicas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente, as medidas socioeducativas. O relator da PEC, deputado Luiz Couto (PT-PB), apresentou parecer contrário por considerar que as propostas ferem cláusula pétrea da Constituição. Ele argumenta que a PEC desrespeita o Pacto de São José da Costa Rica, tratado internacional de direitos humanos do qual o Brasil é signatário, segundo o qual os adolescentes devem ser processados separadamente dos adultos.
CLIQUE AQUI para ler a entrevista com o teólogo Daniel Souza, da REJU, sobre o tema.

Fonte: CONIC

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