terça-feira, 30 de junho de 2015

Dom Vilsom divulga nota contra a redução da maioridade penal


Redução_Não
NOTA SOBRE A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL!
“Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus”. (Mt 5,9)

Assim diz a nota da CNBB sobre a redução da maioridade penal, datada de 16 de maio de 2013:
“O debate sobre a redução da maioridade penal, colocado em evidência mais uma vez pela comoção provocada por crimes bárbaros cometidos por adolescentes, conclama-nos a uma profunda reflexão sobre nossa responsabilidade no combate à violência, na promoção da cultura da vida e da paz e no cuidado e proteção das novas gerações de nosso país.
A delinquência juvenil é, antes de tudo, um aviso de que o Estado, a Sociedade e a Família não têm cumprido adequadamente seu dever de assegurar, com absoluta prioridade, os direitos da criança e do adolescente, conforme estabelece o artigo 227 da Constituição Federal. Criminalizar o adolescente com penalidades no âmbito carcerário seria maquiar a verdadeira causa do problema, desviando a atenção com respostas simplórias, inconsequentes e desastrosas para a sociedade.”
Nos dias 15 a 24 de abril de 2015, mais de 300 bispos da Igreja Católica estiveram reunidos na 53ª Assembleia Geral, em Aparecida-SP, e na Nota sobre o Momento Nacional, datada de 21 de abril de 2015, os bispos afirmam:
“A PEC 171/1993, que propõe a redução da maioridade penal para 16 anos, já aprovada pela Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça da Câmara, também é um equívoco que precisa ser desfeito.
A redução da maioridade penal não é solução para a violência que grassa no Brasil e reforça a política de encarceramento num país que já tem a quarta população carcerária do mundo. Investir em educação de qualidade e em políticas públicas para a juventude e para a família é meio eficaz para preservar os adolescentes da delinquência e da violência.”
Como membro da CNBB e um dos responsáveis pela evangelização da juventude na Igreja do Brasil, eu reafirmo as palavras dos Bispos do Brasil contra a redução da maioridade penal e convido os jovens e assessores das PJs, Movimentos, Novas Comunidades, Congregações Religiosas e Responsáveis Diocesanos pela Evangelização da Juventude a refletir e se manifestar contra a redução da maioridade penal.
Brasília, 16 de junho de 2015
Dom Vilsom Basso, SCJ
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude – CNBB

Em defesa da vida plena: PJ envia carta motivando novos passos

Campanha_PJ
Hoje celebramos a Páscoa de Gisley. Com o coração cheio de ternura, mas também cheio da coragem da luta, convidamos você para rezar as palavras que a Pastoral da Juventude reúne reafirmando um grito que não vai se calar: CHEGA DE VIOLÊNCIA E EXTERMÍNIO DE JOVENS!
Vamos unir a nossa voz à voz de tantos e tantas pelo Brasil em mais um passo de luta e profetismo.
É tempo de renovar a esperança e continuar na defesa da vida da juventude!
LEIA A CARTA

[Nossa voz] Redução da Maioridade penal: O que Jesus faria?


Nossa voz 27.03
Por Maria Clara Leal[*]
Em meio às conversas sobre a redução da maioridade penal, como cristã, gosto de tentar viajar no tempo e imaginar: qual seria o posicionamento de Jesus?
Em muitos momentos não nos permitimos atualizar. É comum nos prendermos nos exemplos dos evangelhos, utilizando-os como referências para tentar aplicar na nossa realidade formas de lidar com as situações apresentadas a nós. Claro que isso não é um problema! Como cristãos, devemos nos apoiar nas sábias palavras e exemplos que preenchem os textos de João, Lucas, Marcos e Mateus, bem como outros da Bíblia. Mas às vezes caímos no famoso “copiar” e “colar” da atualidade.
Se agirmos desta forma, é fácil nos descobrirmos desprevenidos, pois o reinventar humano nos assusta com novos acontecimentos. Hoje, não temos só cobradores de impostos, não temos só prostitutas, não temos só deficientes e leprosos. O mundo moderno nos apresenta constantemente uma variedade de novas situações. A velocidade dos acontecimentos nos obriga a pensar e nos posicionar agilmente. Não sei, mas parece que muitas vezes essas novas situações nos colocam em enrascadas. Por não termos situações idênticas na Bíblia, ficamos perdidos.
Jesus Cristo viveu em outra época, outros desafios e situações. Mas algo que considero fantástico na sua história são seus momentos de retiro. As reflexões do jovem de Nazaré também são contadas pelos evangelhos. Ele subia nos montes para rezar, sentava com calma junto com seus apóstolos e se retirava como fez durante os quarenta dias no deserto. Seus posicionamentos também eram frutos de suas reflexões. Por que então refletimos tão pouco? Estamos sendo devorados pelo mundo instantâneo que vivemos, precisamos copiar rapidamente a resposta, mas não nos damos o espaço para refletir.

PAPA FRANCISCO PEDE CONVERSÃO ECOLÓGICA EM SUA ENCÍCLICA


O lema da CF 2011 é uma das inspirações bíblicas da nova encíclica
O lema da CF 2011 é uma das inspirações bíblicas da nova encíclica
Inspirado por São Francisco de Assis, padroeiro dos animais e do meio ambiente, o Papa divulgou sua primeira encíclica exclusiva nesta quinta-feira (18): “Laudato si – sobre o cuidado da casa comum”
No texto, Francisco pede uma “conversão ecológica” e remonta ao cuidado que a humanidade deve ter com a criação. Para ele, esse processo deve estar embasado num novo rumo de vida, que questione o atual consumismo exagerado, que destroi a natureza e prejudica, principalmente, os mais pobres.
O cântico “Louvado sejas, meu Senhor” de São Francisco de Assis é lembrado na cara, que faz outras referências à maneira como ele lidava com a Terra, a quem chamou de mãe e irmã.
A nova Encíclica é composta por seis capítulos, são eles: “O que está a acontecer à nossa casa”, “O Evangelho da criação”, “A raiz humana da crise ecológica”, “Uma ecologia integral”, “Algumas linhas de orientação e ação” e “Educação e espiritualidade ecológicas”.
Acesse o texto integral em Língua Portuguesa: http://w2.vatican.va/content/dam/francesco/pdf/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si_po.pdf



A encíclica Lodato si' e os pobres do mundo [Marcelo Barros]



Finalmente saiu a encíclica do papa sobre ecologia. Nos Estados Unidos, congressistas republicanos e seus candidatos à presidência tinham feito pressão para que o papa não a publicasse. Há alguns meses, grandes empresários e donos de mineradoras, espalhadas por todos os continentes, fizeram um retiro espiritual no Vaticano para mostrar ao papa que as mineradoras são ecológicas e só extraem minérios da terra. Não a destroem. Mesmo alguns cardeais norte-americanos, mais ligados aos senhores do mundo do que aos pobres, expressaram seus receios. Tentaram impedir que, ao falar de Ecologia Ambiental, o papa pusesse o dedo na chaga e tocasse na Ecologia Social. No entanto, toda pressão, de dentro da própria Igreja e de fora, foi inútil.  A encíclica saiu, poética e profética. Começa por retomar o Cântico das Criaturas de São Francisco para confirmar: “a nossa casa comum é como uma irmã, com a qual compartilhamos a existência e é como uma mãe que nos acolhe nos braços” (n. 1). A partir daí, formula o convite insistente a todos para renovar o diálogo sobre o modo como estamos construindo o futuro do planeta” (n. 14).

No método latino-americano do “ver, julgar e agir”, o papa tratou da Ecologia a partir da realidade social do mundo, da injustiça do sistema econômico excludente dos pobres e da cultura da indiferença que infesta a humanidade.  Isso mostra que é importante ler a encíclica Lodato Sii  a partir da realidade do mundo dos pobres, maiores vítimas da injustiça eco-social provocada pelo sistema que domina o mundo e que também oprime a Terra e a natureza.

O Brasil é um dos países onde as contradições entre um modelo de desenvolvimento predatório e a responsabilidade com a terra, nossa casa comum, se manifestam de modo mais forte. Conforme dados divulgados pelo jornalista Washington Novaes, no Brasil, mais de 1,26 milhão de quilômetros quadrados de 1.440 municípios de oito Estados nordestinos e do norte de Minas Gerais já mostram algum nível de desertificação. O processo de degradação do solo é muito forte, juntamente com a perda da cobertura vegetal, da biodiversidade e da capacidade de produção da agropecuária. E como mostra o papa em sua encíclica, toda vez que a vulnerabilidade da terra não é respeitada, os que mais sofrem são os pobres. Nas áreas brasileiras que estão em processo de desertificação, a presença de “pobres e indigentes é superior à proporção em outras regiões do país. Na verdade, Caatinga e Cerrado têm 85% dos pobres no País (Cf. Eco 21, abril de 2015). Essa realidade afeta o abastecimento doméstico de água e de alimentos. Por causa da crise da água, em Alagoas, mais de cem mil pessoas estão sendo socorridas para o abastecimento doméstico. No Ceará, pela falta d’água, agricultores perderam de 80% a 90% das safras de milho e feijão (Cf. Remabrasil, 6/5).

Mensagem da CNBB sobre a Redução da Maioridade Penal



Temos acompanhado, nos últimos dias, os intensos debates sobre a redução da maioridade penal, provocados pela votação desta matéria no Congresso Nacional. Trata-se de um tema de extrema importância porque diz respeito, de um lado, à segurança da população e, de outro, à promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente. É natural que a complexidade do tema deixe dividida a população que aspira por segurança. Afinal, ninguém pode compactuar com a violência, venha de onde vier.
É preciso, no entanto, desfazer alguns equívocos que têm embasado a argumentação dos que defendem a redução da maioridade penal como, por exemplo, a afirmação de que há impunidade quando o adolescente comete um delito e que, com a redução da idade penal, se diminuirá a violência. No Brasil, a responsabilização penal do adolescente começa aos 12 anos. Dados do Mapa da Violência de 2014 mostram que os adolescentes são mais vítimas que responsáveis pela violência que apavora a população. Se há impunidade, a culpa não é da lei, mas dos responsáveis por sua aplicação.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), saudado há 25 anos como uma das melhores leis do mundo em relação à criança e ao adolescente, é exigente com o adolescente em conflito com a lei e não compactua com a impunidade. As medidas socioeducativas nele previstas foram adotadas a partir do princípio de que todo adolescente infrator é recuperável, por mais grave que seja o delito que tenha cometido. Esse princípio está de pleno acordo com a fé cristã, que nos ensina a fazer a diferença entre o pecador e o pecado, amando o primeiro e condenando o segundo.
Se aprovada a redução da maioridade penal, abrem-se as portas para o desrespeito a outros direitos da criança e do adolescente, colocando em xeque a Doutrina da Proteção Integral assegurada pelo ECA. Poderá haver um “efeito dominó” fazendo com que algumas violações aos direitos da criança e do adolescente deixem de ser crimes como a venda de bebida alcoólica, abusos sexuais, dentre outras.
A comoção não é boa conselheira e, nesse caso, pode levar a decisões equivocadas com danos irreparáveis para muitas crianças e adolescentes, incidindo diretamente nas famílias e na sociedade. O caminho para pôr fim à condenável violência praticada por adolescentes passa, antes de tudo, por ações preventivas como educação de qualidade, em tempo integral; combate sistemático ao tráfico de drogas; proteção à família; criação, por parte dos poderes públicos e de nossas comunidades eclesiais, de espaços de convivência, visando a ocupação e a inclusão social de adolescentes e jovens por meio de lazer sadio e atividades educativas; reafirmação de valores como o amor, o perdão, a reconciliação, a responsabilidade e a paz.
Consciente da importância de se dedicar mais tempo à reflexão sobre esse tema, também sob a luz do Evangelho, o Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, reunido em Brasília, nos dias 16 a 18 de junho, em consonância com a 53ª Assembleia Geral da CNBB, dirige esta mensagem a toda a sociedade brasileira, especialmente, às comunidades eclesiais, a fim de exortá-las a fazer uma opção clara em favor da criança e do adolescente. Digamos não à redução da maioridade penal e reivindiquemos das autoridades competentes o cumprimento do que estabelece o ECA para o adolescente em conflito com a lei.
Que Nossa Senhora, a jovem de Nazaré, proteja as crianças e adolescentes do Brasil!
Brasília, 18 de junho de 2015.
Dom Sergio da Rocha (Arcebispo de Brasília-DF e Presidente da CNBB)
Dom Murilo S. R. Krieger (Arcebispo de São Salvador da Bahia-BA e Vice-presidente da CNBB)
Dom Leonardo Ulrich Steiner (Bispo Auxiliar de Brasília-DF)

Fonte: CNBB

Nova Encíclica do papa Francisco pede conversão ecológica


O Vaticano divulgou na manhã de hoje, 18, a nova Encíclica do papa Francisco, "Laudato si - sobre o cuidado da casa comum”. O texto trata da ecologia humana e o clima está no centro das preocupações apresentadas pelo pontífice.  Além disso, são apontadas as problemáticas e desafios de preservação e prevenção, como também aspectos da proteção à criação e questões como a fome no mundo, pobreza, globalização e escassez.

Este é o primeiro documento escrito integralmente pelo pontífice, que buscou inspiração nas meditações de São Francisco de Assis, patrono dos animais e do meio ambiente. Em 2013, no início do pontificado do papa Francisco, o primeiro documento publicado foi "Lumen Fidei", que já tinha sido iniciado pelo papa emérito Bento XVI.

Em consonância com a encíclica do papa, em 2016, a Campanha da Fraternidade Ecumênica da CNBB terá como tema “Casa comum, nossa responsabilidade”. A atividade será coordenada pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic).

Conversão ecológica

Ao final da Audiência Geral da quarta-feira, 17, o papa Francisco disse que a Terra tem sido maltratada e saqueada. “Esta nossa ‘casa’ está sendo arruinada e isso prejudica a todos, especialmente os mais pobres. Portanto, o meu apelo é à responsabilidade, com base na tarefa que Deus deu ao ser humano na criação: 'cultivar e preservar' o 'jardim' em que ele o colocou. Convido todos a acolher com ânimo aberto este Documento, que está em sintonia com a Doutrina Social da Igreja”, exortou Francisco.

O papa explicou que o nome da Encíclica foi inspirado na invocação de São Francisco “Louvado sejas, meu Senhor”, que no Cântico das Criaturas recorda que a terra pode ser comparada com uma irmã e uma mãe.

A nova Encíclica é composta por seis capítulos, são eles: “O que está a acontecer à nossa casa”, “O Evangelho da criação”, “A raiz humana da crise ecológica”, “Uma ecologia integral”, “Algumas linhas de orientação e ação” e “Educação e espiritualidade ecológicas”.

Ao longo do texto, o papa convida a ouvir os gemidos da criação, exortando todos a uma “conversão ecológica”, a “mudar de rumo”, assumindo a responsabilidade de um compromisso para o “cuidado da casa comum”.


“Deus, que nos chama a uma generosa entrega e a oferecer-Lhe tudo, também nos dá as forças e a luz de que necessitamos para prosseguir. No coração deste mundo, permanece presente o Senhor da vida que tanto nos ama. Não nos abandona, não nos deixa sozinhos, porque Se uniu definitivamente à nossa terra e o seu amor sempre nos leva a encontrar novos caminhos. Que Ele seja louvado!”, disse Francisco ao final da Encíclica.

Confira a versão em português da nova Encíclica.

Fonte: CNBB

Marcos 4.35-41: Quem é este homem? [Tomaz Hughes]



Este texto está situado na primeira parte do Evangelho, onde Marcos procura demonstrar que as autoridades religiosas da época, os próprios parentes de Jesus e os discípulos d’Ele não o compreenderam, apesar de verem as suas obras e milagres (1, 19-8, 21). Toda esta primeira parte do Evangelho prepara o chão para a pergunta fundamental do Evangelho: “E vocês, quem dizem que eu sou?” Por isso a história hoje relatada leva os discípulos a se perguntarem: “Quem é este homem?”
A história do evento no mar de Galileia retrata simbolicamente a situação da comunidade marcana, pelo ano 70, quando o Evangelho foi escrito. A comunidade está vacilando na sua fé, assolada por dúvidas e até perseguições. Diante do cansaço da caminhada, muitos se refugiaram na busca de uma religião de milagres, sem o esforço de seguir Jesus até a Cruz. Por isso, Marcos insiste que os milagres não são suficientes para conhecer Jesus, pois as autoridades, os familiares e os discípulos os presenciaram e não chegaram a entender nem a pessoa nem a proposta de Jesus.
O barco no lago, assolado pelos ventos e ondas, representa a comunidade dos discípulos, prestes a afundar-se por causa das dificuldades da caminhada. Jesus dorme no barco e parece não se preocupar com o perigo. Assim, para a comunidade marcana, parecia que Jesus não estava ligado aos seus sofrimentos e, como consequência, vacilavam na sua fé. Mas, Jesus acalmou o mar e ainda questionava a pouca fé dos Doze: “por que vocês são tão medrosos? Vocês ainda não têm fé?” (v. 3). Assim, Marcos quis mostrar aos leitores do seu tempo que Jesus estava com eles nas dificuldades e que a sua falta de fé estava causando grande parte das dificuldades que estavam enfrentando.
Hoje, em muitos lugares, a Igreja parece com a igreja marcana, ou ainda como o barco no mar. Diante das desistências, do secularismo, da diminuição da sua influência, para muitos a Igreja esta se afundando. Em lugar de assumir o doloroso seguimento de Cristo até a Cruz, muitos se refugiam em uma religiosidade de milagres, assim fugindo da penosa tarefa de construir o Reino de Deus entre nós.  Até diante da pessoa e mensagem do Papa Francisco, muitos simpatizam com ele como pessoa, mas permanecem surdos aos seus apelos em favor de um seguimento autêntico do Salvador. Marcos vem corrigir esta ideologia triunfalista das suas comunidades e nos convida a aprofundar a nossa fé, a clarear para nós mesmos e para o mundo “quem é este homem?”, e a segui-Lo no dia a dia. Pois, Jesus não está alheio às nossas dificuldades! Pelo contrário, Ele está no meio de nós. Só que não nos livra da tarefa de nos engajarmos na luta pelo Reino, mesmo que as ondas e os ventos estejam contrários. Ter fé n’Ele não é somente acreditar que
Ele exista e seja Filho de Deus, mas tomar a nossa cruz e segui-Lo, na certeza que Ele não nos abandonará! Ressoa para nós hoje a pergunta de dois mil anos atrás: “Por que são tão medrosos? Ainda não têm fé?”

Fonte: Tomaz Hughes

Imprensa “inflama” debate sobre redução da maioridade, dizem especialistas



O destaque dado pelos meios de comunicação a infrações cometidas por adolescentes inflama o debate sobre a redução da maioridade penal e desperta na sociedade uma falsa necessidade de mais punição, avalia a vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko.

“A mídia [é] que produz, magnifica, coloca aquela notícia e ela vai se repetindo. E ficam martelando que é uma injustiça e que os mais velhos se valem dos mais jovens”, destaca a especialista.

Para a vice-procuradora-geral da República, tanto o sistema de adolescentes quanto o penitenciário, de adultos, deveria mudar. “Acho que tínhamos que trabalhar, em relação a qualquer pessoa, em uma perspectiva socioeducativa, e não em uma perspectiva punitiva. Mas acontece que é muito forte na sociedade brasileira a sede por punição, tanto para os adultos quanto para os jovens”, criticou.

Discussão

A redução da maioridade penal é um dos destaques da agenda da Câmara dos Deputados. Na semana passada, o relator da Proposta de Emenda à Constituição 171, deputado Laerte Bessa (PR-DF) leu seu relatório em uma sessão tumultuada. A expectativa era que o relatório fosse colocado em votação ontem (17). O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, já prometeu levar o texto para votação no plenário ainda este mês.

Presidente da Frente Parlamentar de Segurança Pública, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) garante que “80% dos parlamentares da Casa” são favoráveis à redução da maioridade penal, de 18 anos para 16 anos.

“Não é porque o sistema [penitenciário] não está recuperando ninguém que não vamos continuar colocando o bandido na cadeia. O bandido, quando comete um crime, tem que pagar sua pena”, diz Fraga.

Mc 6.1-13: A prática libertadora de Jesus revela o rosto de Deus [Mercedes Lopes]





Nos relatos do Evangelho de Marcos, Jesus toca as pessoas para cura-lás, e para reintegrar as mesmas a sociedade
No tempo de Jesus, vários movimentos de renovação buscavam uma nova maneira de viver em comunidade. Esses movimentos tinham também seus missionários (cf. Mt 23,15). Contudo, estes não confiavam na comida do povo que nem sempre era ritualmente “pura”. Por isso, levavam comida na sacola. Mas os discípulos e as discípulas de Jesus recebem recomendações diferentes, que ajudam a entender aspectos importantes da missão de anunciar a boa-nova:
1º – Deviam ir sem nada. Não podiam levar bolsa, nem ouro, nem prata, nem dinheiro, nem bastão, nem sandálias, nem sequer duas túnicas. Jesus pede para eles e elas confiarem na hospitalidade do povo e acreditarem que serão bem recebidos. Com esta atitude, os discípulos e as discípulas criticavam as leis de exclusão ensinadas pela religião oficial e mostravam, pela nova prática, que tinham outros critérios de vida em comunidade.
2º – Deviam comer o que o povo lhes desse e não ir comer separado. Comendo junto com os pobres, os discípulos e as discípulas de Jesus estavam realizando um aspecto fundamental da missão de Jesus: criar comunhão de mesa. Para a religião do templo, comer junto com estrangeiros, pecadores, mulheres, deficientes físicos, etc. era um perigo. Ao comer juntos, eles se contagiariam com a impureza dessas pessoas. Jesus os ensina a não ter medo de perder a pureza, tal como era ensinada na época. Eles tinham outro acesso à intimidade com Deus.
3º – Deviam ficar hospeda dos na primeira casa que aceitasse a paz para conviver de maneira estável e não andar de casa em casa. Ao permanecer na mesma casa, deviam participar da vida e do trabalho das pessoas que os acolhessem, recebendo em troca casa e comida.
Essa postura dos discípulos e das discípulas tem dois objetivos:
a) confiar na partilha do povo e
b) criar laços profundos de convivência no trabalho, na oração e na escuta da boa-nova. Isto também explica a severidade da crítica contra os que recusavam a mensagem (6,11), pois não recusavam algo novo, mas, sim, o seu próprio passado, quando viviam em comunidade.

Marcos 6.1-13: Onde não há fé, Jesus não pode fazer milagre! A missão de todos: recriar a Comunidade [Carlos Mesters e Mercedes Lopes]





<br>Fonte: Jesus Mafa I. SITUANDO
1. Nos sete Círculos deste bloco (Mc 3,13-6,13), cresceu o conflito e apareceu o mistério de Deus que envolvia a pessoa de Jesus. Agora, chegando no fim, a narração entra numa curva. Começa a aparecer uma nova paisagem. O texto que meditamos neste encontro é um resumo do segundo bloco e faz a ligação com o terceiro bloco (Mc 6,14 a 8,21). Ele tem duas partes bem distintas, como os dois pratos da balança. A primeira descreve como o povo de Nazaré se fecha frente a Jesus (Mc 6,1-6). A segunda descreve como Jesus se abre para o povo da Galileia enviando os discípulos em missão (Mc 6,7-13).
2. No tempo em que Marcos escreveu o seu evangelho, as comunidades cristãs viviam uma situação difícil, sem horizonte. Humanamente falando, não havia futuro para elas. A descrição do conflito que Jesus viveu em Nazaré e do envio dos discípulos, que alargava a missão, despertava nelas a criatividade. Pois para quem crê em Jesus não pode haver uma situação sem horizonte.
II. COMENTANDO
1. Marcos 6,1-3: Reação do povo de Nazaré frente a Jesus
É sempre bom voltar para a terra da gente. Após longa ausência, Jesus também voltou e, como de costume, no dia de sábado, foi para a reunião da comunidade. Jesus não era coordenador, mesmo assim ele tomou a palavra. Sinal de que as pessoas podiam participar e expressar sua opinião. Mas o povo não gostou das palavras dele e ficou escandalizado. Jesus, um moço que eles conheciam desde criança, como é que ele agora ficou tão diferente? O povo de Cafarnaum tinha aceitado o ensinamento de Jesus (Mc 1,22), mas o povo de Nazaré se escandalizou e não aceitou. Motivo? “Esse não é o carpinteiro, filho de Maria?” Eles não aceitaram o mistério de Deus presente num homem comum como eles! Para poder falar de Deus ele teria que ser diferente deles!

Marcos 5.21-43: Vencer o poder da morte - Abrir um novo caminho até Deus [Carlos Mesters e Mercedes Lopes]


<br>Fonte: Cerezo Barredo
I SITUANDO
1. Ao longo das páginas do seu Evangelho, Marcos vai aumentando as informações sobre quem é Jesus. Ele mostra como o mistério do Reino transparece no poder que Jesus exerce em favor dos discípulos e do povo e, sobretudo, em favor dos excluídos e marginalizados. Ao mesmo tempo, na medida em que este poder se manifesta, cresce a incompreensão dos discípulos e vai ficando cada vez mais claro que eles devem mudar as ideias que têm sobre o Messias. Do contrário, vão perder o trem da história.
2. Nos anos 70, época em que Marcos escreveu o seu evangelho, como já vimos, havia uma tensão muito grande nas comunidades cristãs entre judeus convertidos e pagãos convertidos. Alguns judeus, sobretudo os que tinham sido do grupo dos fariseus, continuavam fiéis à observância das normas de pureza da sua cultura milenar e, por isso, tinham dificuldade em conviver com os pagãos convertidos, pois achavam que eles viviam na impureza. Por isso, a narração dos milagres de Jesus em favor das duas mulheres era uma grande ajuda para superar os tabus antigos.
II. COMENTANDO
1. Marcos 5,21-24: O ponto de partida
Jesus chega de barco. O povo se junta. Jairo, o chefe da sinagoga, pede pela filha que está morrendo. Jesus vai com ele e o povo todo o acompanha, apertando-o de todos os lados. Este é o ponto de partida para os dois episódios que seguem: a cura da mulher com 12 anos de hemorragia e a ressurreição da menina de 12 anos.
2. Marcos 5,25-26: A situação da mulher
Doze anos de hemorragia! Por isso, ela vivia excluída, pois, como já dissemos, naquele tempo, o sangue tornava a pessoa impura e quem tocasse nela também ficava impura. Marcos informa que a mulher tinha gastado toda a sua economia com os médicos. Em vez de ficar melhor, ficou pior. Situação sem solução!
3. Marcos 5,27-29: A atitude da mulher
Ela ouviu falar de Jesus. Nasceu uma nova esperança. Ela disse consigo: “Se ao menos tocar na roupa dele, eu ficarei curada.” O catecismo da época mandava dizer: “Se eu tocar na roupa dele, ele ficará impuro.” A mulher pensa exatamente o contrário! Sinal de muita coragem. Sinal também de que as mulheres não concordavam com tudo o que as autoridades religiosas ensinavam. O ensinamento dos fariseus e 91 dos escribas não conseguia fazer a cabeça de todos. A mulher meteu-se no meio da multidão e, de maneira desapercebida, tocou em Jesus, pois todo o mundo o apertava e tocava nele. No mesmo instante, ela sentiu no corpo que estava curada do seu mal.

Redução da maioridade penal legalizaria pornografia e álcool aos 16 anos



Redução da maioridade penal legalizaria pornografia e álcool aos 16 anos
De acordo com especialistas ouvidos pelo site Consultor Jurídico, a aprovação da PEC 171/93 – a que diminui a maioridade penal de 18 para 16 anos e que está em discussão no Congresso Nacional – legalizaria a pornografia e o álcool para jovens a partir dos 16 anos.
Segundo o advogado e professor de Direito Penal da Universidade de São Paulo (USP) Pierpaolo Cruz Bottini, a redução da maioridade penal faria com que os adolescentes a partir dos 16 anos deixassem de ser protegidos pelos crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Dessa maneira, quem produzir ou publicar pornografia envolvendo jovens dessa idade ou mesmo vender álcool para eles, não será punido, conforme hoje está previsto nos artigos 241 e 243 do Estatuto.
Além da imputabilidade para esses crimes, a redução da maioridade penal deixaria o jovem a partir de 16 anos desprotegido de outros delitos como, por exemplo, o vexame ou constrangimento. Quem submete, atualmente, um adolescente a essas condições é punido pelo ECA. Com a aprovação da proposta, não seria mais. O mesmo aconteceria para o delito de enviar garotos e garotas ao exterior para obter lucro ou hospedá-los em um motel.
Também ouvido pelo Consultor Jurídico, o professor de Processo Penal da Universidade Federal de Santa Catarina Alexandre Morais da Rosa aponta ainda outra consequência com uma possível aprovação da proposta. Caso um adolescente de 16 anos tivesse sexo com outro de 13 – apenas três anos mais novo -, o primeiro estaria cometendo estupro de vulnerável, com pena prevista de 8 a 15 anos de reclusão.

*Com informações do ConJur

Congresso Conservador: Direitos da Criança e do Adolescente em risco. Deputados querem reduzir idade mínima para trabalho


Enviada ao plenário da Câmara na última semana, após ser aprovada em comissão especial, a redução da maioridade penal não é a única preocupação de entidades ligadas à defesa dos direitos da criança e do adolescente. Os ativistas temem que o passo seguinte seja a diminuição da idade para o ingresso de jovens no mercado de trabalho.
Três propostas de emenda à Constituição que reduzem dos atuais 16 para 14 anos a idade mínima para a contratação de adolescentes foram desarquivadas este ano. As três proposições tramitam em conjunto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde têm parecer favorável e estão prontas para entrar na pauta de votações.
Para a Fundação Abrinq, é inconcebível que crianças e adolescentes trabalhem para garantir seu próprio sustento ou da família. Segundo a instituição, a entrada precoce no mercado de trabalho impede o pleno desenvolvimento físico e intelectual dos jovens.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Ex-arcebispo Óscar Romero é beatificado em El Salvador






Passeata em homenagem a Óscar Romero na capital de El Salvador, San Salvador, em 2004
O ex-arcebispo de San Salvador Óscar Arnulfo Romero, assassinado em 1980 por esquadrões da morte, foi beatificado neste sábado (23), em uma cerimônia realizada na própria capital de El Salvador.    
A missa foi presidida pelo cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Sua festa santa será 24 de março, dia de sua morte, de acordo com uma carta do papa Francisco lida em latim e espanhol durante a cerimônia.
Em seu período no comando da principal arquidiocese do país, Romero se destacou pela firme defesa da não-violência e por condenar violações dos direitos humanos por parte do governo militar que ficou no poder até 1979.
Por conta disso, acabou entrando na mira de esquadrões da morte, que o assassinaram durante uma missa na capela de um hospital de San Salvador. O processo de beatificação ficou parado por anos no Vaticano, mas foi acelerado nos últimos meses por pressão de Francisco.
Processo
O processo para o tornar santo, em que a beatificação é a penúltima etapa, contou durante longos anos com a oposição da ala mais conservadora da Igreja e dos partidos de direita, que apontavam "ideias marxistas" ao bispo, crítico da repressão do governo.
A petição pela canonização do bispo Romero esteve parada durante anos na Congregação para a Causa dos Santos, no Vaticano, até fevereiro passado, quando o papa Francisco deu início ao processo declarando-o "mártir".

A América Latina festeja seus mártires



Um mural de Óscar Romero (1917-1980) em Panchimalco, a 20 km de San Salvador
Em sua terra natal, El Salvador, o arcebispo Óscar Romero é reverenciado como um herói nacional e defensor da paz e da justiça. O presidente do país, Salvador Sánchez Cerén, vê a beatificação como o início de uma nova era. "A América Latina tem agora, finalmente, um santo. Que seu exemplo sirva para mudar o país", disse ele à imprensa local.
Para Sánchez Cerén, um ex-comandante guerrilheiro da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), assim termina a Guerra Fria também na América Latina, pois a suposta ameaça do comunismo – que levou a que, nos anos 1970 e 80, os EUA apoiassem juntas militares na região – finalmente passou a ser parte da história.
"Óscar Romero é um gigante da história da América Latina", concorda o presidente equatoriano, Rafael Correa, que participa da cerimônia de beatificação, neste sábado (23/05). Ele acredita que, com ela, os mártires da América Latina finalmente recebem o justo reconhecimento.
A beatificação do arcebispo de San Salvador vem tarde. E, ainda assim, agrada em cheio à esquerda política e aos seguidores da Teologia da Libertação na América Latina. Pois sacerdotes e bispos com ideias revolucionárias, que não aceitam a pobreza dos fiéis como uma dádiva de Deus, mas como algo que deve ser combatido com a ajuda divina, tinham até agora poucos defensores no Vaticano.
A eleição do papa Francisco, em 2013, marcou o início de uma mudança política na Igreja. Após a reaproximação entre Cuba e os Estados Unidos, o primeiro latino-americano a comandar o Vaticano enviou mais um sinal da reconciliação política: o arcebispo Óscar Romero, assassinado a tiros em 24 de março de 1980 durante uma missa, não é mais considerado um revolucionário ou um comunista, mas um santo defensor dos direitos humanos.

Mateus 28.16-20: A Trindade Santa [Raymond Gravel]



Deus não poderia fazer outra coisa senão amar. Fazer discípulos não é recrutar mão de obra ou procurar aderentes. Antes de qualquer coisa, trata-se de ir. O único mandamento é amar!

A reflexão a seguir é de Raymond Gravel, sacerdote de Quebec, Canadá, publicada no sítio Culture et Foi, comentando as leituras do Domingo da Santíssima Trindade  A tradução é de Susana Rocca.

Eis o texto:

Cada ano, após Pentecostes, desde o século XIV, nós celebramos a festa da Trindade Santa: a festa de Deus, o Deus único e trino, o Deus em pessoas. Eu lia o comentário de Gérard Sindt na revista Signes d’aujourd’hui, que dizia: “O nosso Deus é um Deus pessoal. Em Cristo, nós descobrimos Deus em pessoas (no plural), que nos ensina a nossa personalidade relacional” e – eu acrescentaria – comunional. De fato, Deus é relação e comunhão com a sua criação, conosco. E por que isso? Simplesmente porque Deus é Amor. No Ângelus do dia 22 de maio de 2005, o Papa Bento XVI convidava as pessoas a reconhecer que Deus é único, que ele é Pai, Filho e Espírito Santo, que ele não é solidão, mas comunhão perfeita, pois Deus é Amor. Eis aí a grande revelação que Cristo nos trouxe: o Ser de Deus é o Amor em estado puro. Então, Deus não poderia fazer outra coisa senão amar. De fato, o amor não existe se não for movimento, reciprocidade, dom, acolhida, relação e comunhão. Na história, Deus não cessou de se revelar e ele continua a fazê-lo hoje, pois se é Deus ele não pode ser e não pode existir mais que como Fonte de Amor, o amor criado que dá a vida, que se multiplica, que se expande e nos faz descobrir sempre mais Deus.

s “piveta”: Reflexos da PEC 171 para as adolescentes brasileiras




<br>Fonte: Reprodução/Facebook
Pivete, trombadinha, delinquente, avião, pixote, marginal, elemento. Nomes que denunciam uma sociedade que não sabe tratar adolescentes como adolescentes e evidenciam que na hora de relacionar a juventude ao crime, são os meninos que são lembrados; apenas eles. Mas, se nessa mesma sociedade o crime pode ser praticado por todos – e por todas - o que acontece com  nossas meninas se forem à prisão mais cedo, como propõe a PEC 171/1993, que reduz a maioridade penal de 18 para 16? Em um país que ocupa o terceiro lugar no ranking de maior população em situação de prisão, o que acontece se colocarmos nossas jovens em unidades prisionais de adultos, que perpetuam um sistema de morte em que as mulheres pagam duas vezes: por seu crime e por ser mulher?
Como resposta, os efeitos são muitos e são graves. Mas para entendê-los é preciso voltar ao básico, à radiografia própria da cadeia brasileira. E quem vai para a prisão no Brasil? Negro, pobre, jovem, com baixa (ou sem) escolaridade. Agora, passe essa frase para o feminino. Fica tudo igual no encarceramento, então? Não. Ou melhor, sim, mas não deveria.
Embora o perfil das mulheres presas seja semelhante ao dos homens devido às desigualdades sociais, de gênero e raça latentes no país, para as mulheres – negras, pobres, jovens e com baixa (ou sem) escolaridade – é o discurso patriarcal e machista que predomina em todo o encarceramento feminino. Esse fator amplifica tragédias humanas, como explica padre Julio Lancellotti, membro da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo e Vigário Episcopal do povo de rua. Entre os exemplos, o padre cita as rebeliões femininas. “O grupo de negociação é bem diferente, nem sempre elas conseguem ser objetivas na hora de fazer as reivindicações, porque não há preparo adequado do sistema carcerário para lidar com rebeliões femininas, entendendo que elas têm sua própria linguagem e formas de se expressar”, explica.

Marcos 3.20-35: Voz de Deus e vozes demoníacas [Léo Zeno Konzen]



Ele perguntou-lhes dizendo: 'quem é minha mãe ou meus irmãos?' E olhando em torno para os que estavam sentados em roda, disse: 'eis minha mãe e meus irmãos' (Mc 3.33-34)<br>Fonte: El Via Crucis Latinoamericano (Adolfo Pérez Esquivel)
Distinguir a voz de Deus das vozes diabólicas nem sempre é tão simples! Muitas violências e injustiças já foram cometidas “em nome de Deus”, desde os “tempos de Adão e Eva”... E, ao que tudo indica, esse “filme” está longe do seu fim! E certamente esse não é um problema apenas de facções radicais do Islamismo...
Confundir as vozes demoníacas ou diabólicas com a voz de Deus pode acontecer com inocentes ou ingênuos. Talvez esse tenha sido o caso daquele homem “possuído por um espírito impuro” que viu em Jesus uma ameaça aos sagrados costumes do povo dominado pelas autoridades da sinagoga (Mc 1,21-28). Pode ter sido o caso também dos familiares de Jesus que aparecem no Evangelho
Mas pessoas que pretendem ser as mais religiosas e santas não estão imunes a essa teologia ao avesso, que vê como divino aquilo que é diabólico e como demoníaco aquilo que é divino. Pode ocorrer com pessoas que se agarram à bíblia, pessoas muito piedosas, ou gente que não aceita as crenças dos outros. Tais pessoas acham que o diabo está agindo sempre nos outros, isto é, naqueles que pensam de maneira diferente ou que questionam as incoerências da sociedade, de sua Igreja ou religião.
Foi isso que também aconteceu com Jesus. No Evangelho de hoje, aparecem dois grupos de pessoas que, em nome de Deus, têm dificuldades para aceitar os comportamentos e as ideias de Jesus. Em primeiro lugar, entram em cena os parentes de Jesus. Eles vão ao seu encontro para segurá-lo, para impedir que ele continue sua missão, porque pensam que Jesus tinha ficado louco. Em outras palavras, eles não dizem, mas pensam que um demônio tomou conta de Jesus. Por isso, era preciso agir: levar Jesus para casa e dar-lhe umas boas lições... tentar convencê-lo de que estava, no mínimo, equivocado ou que estava se excedendo e prejudicando, com isso, também todos os seus parentes...

Marcos 4.26-34: Com que coisa podemos comparar o Reino de Deus? [Tomaz Hughes]


O texto de hoje traz à tona dois elementos muito importantes para o estudo dos Evangelhos - “o Reino de Deus” e “as parábolas”. Antes de olhar o texto mais de perto, convêm comentar algo sobre esses dois termos ou conceitos.
Existe um consenso entre os estudiosos modernos, que existem duas palavras nos textos evangélicos que provém do próprio Jesus e que não dependem da reflexão posterior das comunidades: “Reino” e “Pai” “Abbá” em aramaico. Estamos tão acostumados de ter Jesus como “objeto” da nossa pregação que esquecemos que Ele não pregou a si mesmo, mas o “Reino de Deus” (geralmente citado em Mateus como o Reino dos Céus, para evitar o uso do nome de Deus, em uma comunidade predominantemente judeu-cristã). A vida inteira de Jesus foi dedicada ao serviço desse Reino, que Ele nunca define, pois é uma realidade dinâmica, mas que Ele descreve por comparações, usando parábolas. “Parábola” é um tipo de comparação, usando símbolos e imagens conhecidos na vida dos ouvintes, e que os leva a tirar as suas próprias conclusões (de fato, várias vezes temos a explicação de uma parábola nos evangelhos, mas essa nasceu da catequese da comunidade e não teria feito parte da parábola original). O Capítulo 13 de 
Mateus talvez seja o melhor exemplo do uso de parábolas para clarificar a natureza do Reino - ou Reinado - de Deus.
No tempo de Jesus e das primeiras comunidades cristãs, os diversos grupos religiosos judaicos (com a exceção dos ultraconservadores e elitistas Saduceus), esperavam a chegada do Reino de Deus e achavam que poderiam apressar a sua chegada - os Fariseus através da observância da Lei, os Essênios através da pureza ritual, os Zelotas através de uma revolta armada. O texto de hoje nos adverte que não é nem possível e nem necessário tentar apressar a chegada ou o crescimento do Reino de Deus, pois ele possui uma dinâmica interna própria de crescimento. Como a semente semeada cresce independente do semeador e sem que ele saiba como, assim o Reino cresce onde plantado, pois também tem a sua própria força interna que, passo por passo, vai levá-lo à maturidade. Assim, o texto nos ensina o que Paulo ensina de uma maneira diferente aos coríntios, quando, referindo-se ao trabalho de evangelização desenvolvido por ele, Apolo e outros/as missionários/as; ele afirma “Paulo planta, Apolo rega, mas é Deus que faz crescer” (1 Cor 3, 6).

Vale é condenada a pagar R$ 804 milhões por acidentes de trabalho


Mina na Serra Norte de Carajás<br>Fonte: Foto de Jeremy Bigwood
 Foram mais de dois mil acidentes e 12 mortos no complexo de Carajás, segundo estimativas de magistrado da Justiça do Trabalho que condenou a empresa.A reportagem é de Piero Locatelli, da Repórter Brasil:

Um funcionário da Vale fazia consertos em uma ferrovia quando foi prensado por um vagão desgovernado que se deslocou em sua direção. Seus órgãos foram esmagados e ele sofreu diversas fraturas na bacia. Desde o acidente em 2004, passou por inúmeras cirurgias, inseriu uma prótese peniana e agora precisa retirar urina com uma sonda a cada 30 minutos.

Como ele, mais de 2 mil funcionários da empresa teriam sofrido acidentes graves no complexo da região de Carajás desde o ano 2000. A alta frequência de casos assim chamou a atenção da Justiça do Trabalho, que condenou a Vale a pagar R$ 804 milhões. A decisão é do juiz Jônatas Andrade, da Segunda Vara do Trabalho no município de Marabá (PA). À decisão, cabe recurso.

Procurada pela reportagem, a Vale disse que não comentaria a decisão e os acidentes antes de ser notificada pela Justiça.

Esse complexo é o maior da mineradora, que por sua vez é a maior produtora de minério de ferro do mundo. O ferro retirado do Sudeste do Pará é levado pela ferrovia da Vale até o seu porto em São Luís, capital do Maranhão. Foi nesse complexo que cinco trabalhadores contratados diretamente pela empresa morreram e outros 1.018 se acidentaram desde o ano 2000. O juiz também estima que funcionários terceirizados, que prestavam serviços à Vale, tenham sofrido outros 1.362 acidentes, sendo sete deles com vítimas fatais.