domingo, 31 de agosto de 2014

Existem discípulos e discípulas? Um olhar diante do espelho da fé a partir das palavras de Jesus conforme Mateus 16,21-28 [P. Robson Luís Neu]




Existem discípulos e discípulas? 
Um olhar diante do espelho da fé a partir das palavras de Jesus 
conforme  Mateus 16,21-28
P. Robson Luís Neu

O Evangelho de Mateus surgiu possivelmente por volta dos anos 80-95 d.C., depois de mais de 50 anos de tradição oral sobre o movimento de Jesus de Nazaré, que se mantinha viva nas comunidades cristãs da Galileia, Síria e Antioquia.
Com o decorrer dos anos, a tradição eclesial deu ênfase a uma sentença de Jesus a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja.” (Mt 16,18) Esta sentença surge depois de uma bela confissão de fé de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” (Mt 16,16) Essa é uma das mais precisas definições e confissões teológicas a respeito de Jesus, conservada na memória das comunidades através do Evangelho. A partir da sentença de Jesus, parece-nos que a proposta para o discipulado passa pela hierarquia. Contudo, outros textos mostram que não. Os versículos 21 a 28 justamente mostram uma comunidade igualitária, em que discípulos e discípulas estão no mesmo nível, inclusive Pedro. Assim são chamados a servir, sem uma estrutura hierárquica, sem opressores e oprimidos.
Dentro do processo de preparação ao discipulado, Jesus enfatiza sobre sua morte. Nas palavras do teólogo Werner Wiese, “Por trás de seu ministério está a necessidade de Deus para salvar a humanidade do círculo vicioso do maligno e da violência.” Pedro, que há pouco havia feito uma bela confissão de fé a respeito de quem era Jesus, agora mostra que de “boas intenções o inferno está cheio”. Para ele, Deus haverá de ser gracioso para com Jesus; morte não combina com triunfo, vitória, enfim, com o Reino de Deus. Para Pedro, glória e morte não combinam.

Cordel da Constituinte



Cordel Plebiscito


O conflito na Faixa de Gaza



Latuff,  EUA + Israel = GazaMassacre!<br>Fonte: Jornal Brasil de Fato - http://www.brasildefato.com.br
O ultimo dia 8 marcou o início de mais um capítulo de uma das maiores tragédias contemporâneas, o genocídio do povo palestino. Usando o assassinato de três jovens isrealenses como pretexto, o Estado sionista de Israel iniciou massivos ataques à Faixa de Gaza, inicialmente através de bombardeios e mísseis e desde o dia 17 de julho o ataque terrestre com a invasão de tanques e do exército armado. São mais de 600 mortos, milhares de feridos e cerca de 70 mil palestinos que perderam suas casas e buscam refúgio em abrigos e prédios da ONU.

O que estamos observando não se trata, portanto, de uma “guerra” como a mídia costumeiramente se refere. Estamos assistindo um massacre, que conta com a cumplicidade das grandes potências econômicas, o silêncio da opinião pública e a conivência da mídia.

Onde está a Reforma Agrária?




Logomarca da CPT.<br>Fonte: Comissão Pastoral da Terra
A Diretoria e a Coordenação Executiva Nacional da Comissão Pastoral da Terra, após denunciar no início da semana passada a onda de violência que se abateu sobre os trabalhadores e trabalhadoras do campo, querem agora unir sua voz à de milhares e milhares de indígenas, quilombolas, pescadores, ribeirinhos, camponeses e camponesas e trabalhadores e trabalhadoras rurais do Brasil, que expressam sua perplexidade e descrença diante do atual quadro político-eleitoral do momento. Na realidade é frequente ouvir deles que nenhum candidato e nenhuma proposta se identifica com as suas necessidades e reivindicações

Podemos testemunhar que vem crescendo a não aceitação e uma justa revolta diante do conchavo permanente entre poderosos grupos econômicos privados, nacionais e estrangeiros, ruralistas, agroindustriais, mineradores, para ocupar e controlar cargos nas instituições públicas tanto do executivo, quanto do legislativo. Com isso objetivam influenciar leis e políticas públicas que facilitem a perpetuação do latifúndio e da grilagem, que retirem os direitos duramente conquistados pelos povos indígenas, comunidades quilombolas e outras comunidades tradicionais, e que flexibilizem os direitos trabalhistas, para garantir o lucro a qualquer custo para os investimentos e empreendimentos capitalistas.

domingo, 24 de agosto de 2014

Deixe meu povo ir!! Semana mundial pela Paz na Palestina Israel - 21 a 27 de setembro


Uma iniciativa do Fórum Ecumênico Palestina Israel (PIEF) do Conselho Mundial de Igrejas 
O Fórum Ecumênico Palestina Israel (PIEF) do Conselho Mundial de Igrejas convida as igrejas membros, comunidades religiosas e organizações da sociedade civil de todo o mundo para que se unam em 2014 para uma semana de advocacia e ação em prol do fim da ocupação ilegal da Palestina e uma paz justa para todos na Palestina e em Israel. Congregações e indivíduos em todo o mundo que compartilham a esperança de justiça devem se unir durante a semana para desenvolver atividades e medidas pacíficas, em conjunto, para criar um testemunho público internacional comum. 
O tema da semana de  21-27 setembro de 2014, é: "Deixe meu povo ir!" com especial atenção para o dramático problema de crianças, homens e mulheres da Palestina que são prisioneiros políticos em Israel sem garantia de direitos e diversos mecanismos de violência.
 

China e Rússia proíbem produção de transgênicos em seus territórios



Fora semente Monsanto!<br>Fonte: Desconhecida;
O governo chinês decidiu no último domingo (17) não renovar a permissão para desenvolver arroz e milho transgênicos dentro do país.  

A produção dessas culturas no país começou em 2009, com a promessa de que os transgênicos diminuiriam o uso de agrotóxicos na agricultura chinesa em cerca de 80%, além de aumentar a produtividade.

Mas a permissão era apenas para pesquisa. A comercialização dos transgênicos estava proibida até se confirmar que as culturas não apresentariam malefícios à saúde. 

Em julho deste ano, no entanto, foi encontrado sacos de arroz transgênicos sendo comercializados no mercado chinês.

De acordo com Huang Jikun, cientista chefe da Academia Chinesa de Ciências, “a pressão da população, preocupada com a segurança alimentar, foi um dos elementos para essa decisão ser tomada”. 

Além disso, a China está alcançando o patamar de auto-suficiência na produção do arroz, não precisando assim desenvolver os transgênicos para garantir a alimentação de sua população. 

“Exportamos pouco arroz porque a maioria do que é produzido é consumido no nosso território”, afirma o cientista. 

Pelo Mundo

Outros países também têm proibido o consumo e produção de organismos transgênicos, alegando que a tecnologia não é segura. 

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Dentro do sistema capitalista não há Salvação! [Leonardo Boff]



<br>Fonte: Ramiro Furquim/Sul21
Leonardo Boff é um nome atualmente aclamado em todo o mundo, mas que já foi muito marginalizado dentro da própria Igreja em que acredita.

Aos 75 anos, Boff é um intelectual, escritor e professor premiado e respeitado no país, cuja opinião é ouvida por personalidades com o Papa Francisco e os presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff.
 
Em entrevista ao Sul21, Boff fala do momento atual da Igreja Católica, critica os religiosos que usam o evangelho para justificar ideias retrógradas ou tirar dinheiro dos fiéis, tece comentários sobre a situação no Oriente Médio, aborto, violência e sobre a crise ecológica e econômica mundial.

As duas estão profundamente interligadas: como explica Boff, o capitalismo está fundado na exploração dos povos e da natureza. “Esse sistema não é bom para a humanidade, não é bom para a ecologia e pode levar eventualmente a uma crise ecológica social com consequências inimagináveis, em que milhões de pessoas poderão morrer por falta de acesso à água e alimentação”, afirma ele, que é um grande estudioso das questões ligadas ao meio ambiente.
 
Na entrevista Boff destaca que:
 
O atual Papa diz coisas muito mais graves do que eu disse no meu livro “Igreja: carisma e poder”, que foi objeto de condenação. Se ele tivesse escrito isso, teria sido condenado. Eu disse coisas muito mais suaves, mas que afetavam a Igreja. Dizia que a Igreja não respeitava os direitos humanos, que é machista, tem um conceito de poder absolutista e absolutamente superado, sem limites.

Os tempos mudaram e a graças a Deus temos um Papa que pela primeira vez, depois de 500 anos, responde à reforma, responde a Lutero. Lutero lançou o que chamamos de Princípio Protestante, que é o princípio de liberdade. E esse Papa vive isso. E vive o cristianismo não como um feixe de verdade que você adere, mas como o encontro vivo com Jesus. Ele distingue entre a tradição de Jesus, aquele conjunto de ideais, tradições, e a religião cristã, que é igual a qualquer outra religião. Ele diz: “eu sou do movimento de Jesus”, e não da religião católica. Tais afirmações são escandalosas para cristãos tradicionais, mas são absolutamente corretas no sentido da Teologia, daquilo que nós sempre dizíamos e éramos perseguidos por isso.

A Coalisão Anglicana lança a Campanha Oceanos de Justiça para chamar a atenção sobre mudanças climáticas durante o encontro do G20




Aliança Anglicana<br>Fonte: Aliança Anglicana
A Aliança Anglicana está junto com uma coalisão de igrejas e agencias anglicanas para fazer um chamado ao G20 para por em primeiro plano da agenda o tema das mudanças climáticas, quando se reúnam em Brisbane/Austrália em Novembro desse ano.
A Campanha Oceanos de Justiça reunirá vozes anglicanas desde o Pacífico junto com muitas outras das 85 milhões pertencentes a Comunhão Anglicana para ressaltar as mudanças climáticas e a segurança alimentar como temas prioritários para ação.
TagolynKabekabe, facilitadora da Aliança Anglicana para o Pacífico, lançou a campanha citando Amós 5:24, dizendo: “Sabem o que queremos? Queremos justiça, oceanos dela. Queremos justiça, rios dela. Isso é o que queremos. É tudo o que queremos.”[1]
Em inumeráveis países, em cada região do mundo, comunidades locais enfrentam os efeitos reais das mudanças climáticas e lutam para vencer os obstáculos de uma interminável pobreza. Assim como o G20 procura fomentar um crescimento econômico mais sustentável deve tratar as mudanças climáticas como uma prioridade urgente.
Apesar disso as mudanças climáticas tem sido omitidas da agenda do G20. Quando grupos da sociedade civil da Cúpula do C20 se reuniram em Melbourne em junho desse ano, fizeram um chamado ao governo australiano para incluir o tema das mudanças climáticas na agenda do G20, dizendo que “não pode haver crescimento econômico sustentável se os governos não atendem as urgentes ramificações das mudanças climáticas.”[2]
TagolynKabekabe disse no C20, “com as pequenas ilhas que compõe o Pacífico, cada dia as pessoas são afetadas por marés altas e inundações de campos destinados a produção de alimentos”. Ela apontou que as igrejas estão lidando com o re-assentamento dos refugiados devido as mudanças climáticas no Pacifico e chamou a atenção dos países do G20 para fazer algo mais para deter essas mudanças e ajudar no trabalho de adaptação e mitigação nos países-ilhas pequenas e outras comunidades ao redor do mundo.

Mateus 15,21-28: O encontro de Jesus com a mulher siro-fenícia [Odja Barros]


Mulher<br>Fonte: JesusMafa
A situação retratada no texto de Mt 15,21-28 parece ser uma realidade de conflito nas comunidades daquele tempo, provocada por atitudes discriminatórias de judeus para com estrangeiros e para com mulheres. O relato fala do encontro de Jesus com uma mulher estrangeira. 
 
Naquela época, os estrangeiros significavam algo detestável no pensamento dominante em Israel. Apesar de as tradições ancestrais mostrarem a necessidade de oferecer proteção aos estrangeiros, o judaísmo hegemônico no pós-exílio os considerava impuros, bem como uma ameaça por serem desconhecedores da lei e perturbadores da tranquilidade de Israel. Reprovava seus costumes, suas tradições e seus ritos. Em Mt 15,21-28, Jesus rompe fronteiras e se aproxima do território de Tiro. A situação era muito tensa, pois Jesus se encontra junto a terras estranhas e, ali, o seu primeiro encontro é com uma cananéia, considerada duplamente impura por ser mulher e por ser estrangeira.
 
 O texto põe em evidência duas posições discordantes nas comunidades cristãs daqueles anos. Uma delas provém do mundo judeu e olha para as mulheres e os estrangeiros com atitude suspeita. A outra conduta é de quem procedia do mundo greco-romano e que tem uma visão mais aberta, com influência de mulheres e de estrangeiros, sendo-lhes mais favorável. 
 
 É interessante que, na narrativa, Jesus aparece como homem judeu, representante do discurso e da mentalidade dominante de seu povo, dirigindo-se à terra da mulher siro-fenícia, terra de impuros para o pensamento preponderante no judaísmo. Segundo Mc 7,24, Jesus quer ocultar-se, manter-se fora do alcance das pessoas daquele lugar, talvez para manter sua pureza ritual. Mas, ele não consegue permanecer oculto, pois logo vem ao seu encontro uma mulher estrangeira, duplamente condenada pela mentalidade que ele representa. 
 

Casa Comum: “buscai o bem da cidade” - Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016


Foto: Márcio Melo
Está em processo de preparação Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) de 2016. Focada nos problemas do saneamento básico, a campanha terá como tema a Casa Comum (no sentido dooikos) como responsabilidade de todas as pessoas. A iluminação bíblica será extraída da carta de Jeremias ao grupo que se encontrava em experiência de exílio: “buscai o bem da cidade” (Jr 29,17). 
Gervásio Toffoli
Estas e outras definições foram tiradas na Oficina Ampliada sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016, coordenada pelo CONIC e realizada em Brasília nos dias 06, 07 e 08 de agosto.
O CEBI, membro fraterno do CONIC e a serviço das igrejas por meio da Leitura Popular da Bíblia, é parceiro na Campanha da Fraternidade Ecumênica. Gervásio Toffoli (foto ao lado), membro do Conselho Fiscal, foi indicado pelo Conselho Nacional para representar o CEBI no processo de preparação. A seguir o seu relato sobre a oficina.
Esta oficina sucedeu um primeiro encontro preparatório no qual a Comissão da Campanha 2016 apontou a questão do Saneamento Básico como um desafio a ser tratado no contexto da vida do povo brasileiro. Outro desafio também definido anteriormente é a parceria da CF 2016 com a Alemanha, numa articulação com a Misereor que organiza a Campanha da Quaresma naquele país. Este encontro de Brasília tinha por meta estabelecer de forma mais definitiva um tema que pudesse contemplar os dois países.
Para os debates, algumas contribuições foram de extrema importância. O Instituto Trata Brasil colaborou com informações estatísticas sobre a situação do saneamento Básico no Brasil. O Pr. Nelson Kilp, parceiro do CEBI em muitos momentos, colaborou com algumas provocações bíblicas. Daniel de Souza da Rede de Juventude (REJU) oportunizou um olhar a partir da experiência de uma Campanha que focou a Juventude e os desafios que se colocam no nosso horizonte especialmente a partir das manifestações de 2013.
No decorrer do encontro estivemos em contato com a Misereor que, através do Skipe, interagiu em vários momentos com o nosso grupo. Foi uma experiência significativa de construirmos um processo de debates “ao vivo”.
Ao final dos trabalhos apontamos para o tema da Casa Comum (no sentido do oikos que também trabalhamos no CEBI) como responsabilidade da gente. O lema de iluminação bíblica ancorou-se na Carta de Jeremias que propõe a busca pelo bem da cidade “buscai o bem da cidade” (Jr 29,17). Como encaminhamentos, foram estabelecidos prazos e indicações para elaboração do material e também a indicação de um fórum com participação das Igrejas membro do Conic, ampliado com outras denominações, grupos, movimentos e entidades que podem ser parceiras neste compromisso com a Campanha de 2016.
O que vivenciamos neste encontro é um pouco do que sempre defendemos e assumimos como postura ecumênica na nossa história de CEBI: primeiro, a certeza de que a vida, nas suas mais variadas dimensões e desafios, é o espaço privilegiado de se construir o ecumenismo. Em segundo lugar, a experiência do construir coletivo, sabendo ouvir e dizer a partir de diferentes olhares e, em terceiro lugar, a mística de que estamos assim contribuindo no processo de construção de um mundo melhor e possível.
Concluímos o encontro resgatando a memória de Ruben Alves e seu entusiasmo pelos Ipês, teimosos em florir quando o verde das folhas ainda não anunciou a primavera.
Gervásio Toffol

Converter-se é “buscar o rosto do Senhor” diante de nossos irmãos (Mt 16.13-20) [João Artur Müller da Silva]

Converter-se é “buscar o rosto do Senhor” diante de nossos irmãos
Pedro Casaldáliga
(Mt 16.13-20) [João Artur Müller da Silva]
1. Primeiros pensamentos

A perícope de Mt 16.13-20 é sugerida como texto-base para a elaboração da prédica para o 11º Domingo após Pentecostes. Esse domingo será o dia 24 de agosto de 2014, um domingo como outro qualquer, sem uma distinção especial. Nesse aspecto reside a oportunidade para eleger dentre os temas que esta perícope oferece aquele que mais ouvidos e mentes abertas encontrará em sua comunidade.

Os textos que acompanham Mt 16.13-20 servem como fonte para a reflexão do/da pregador/pregadora. Como um aperitivo para estimular essa reflexão, compartilho o seguinte:

O Salmo 138 destaca a misericórdia e a verdade nas atitudes de Deus. O salmista confessa, a partir de sua experiência, que Deus é fiel e ouve suas súplicas. Ao final, o salmista sente-se parceiro de Deus em sua obra, mas reconhece que sem Deus não conseguirá levar “a bom termo” a obra de Deus. Já aqui podemos afirmar que a Igreja é essa obra de Deus. No entanto, ele necessita de nossa ação para realizar sua missão de vida no mundo. Também hoje, sem a força de Deus, a Igreja não realiza sua tarefa.

O apóstolo Paulo, em Rm 11.33-36, confirma e confessa que os pensamentos e caminhos de Deus são insondáveis. Por isso, recoloca as coisas em seu lugar. Ou seja: a glória e o louvor são para o nosso Senhor.

Na leitura e reflexão do Sl 138 e Rm 11.33-36, vamos ser confrontados com o conteúdo de nossa confissão de fé.

Mapa da Violência 2013 confirma o extermínio da juventude negra no Estado



Mapa da juventude - 2013<br>Fonte: PNAD/IBGE
O Mapa da Violência 2013 – Homicídios e Juventude no Brasil, elaborado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfiz, e lançado pelo Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela) e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) traz dados ainda mais aterradores sobre a violência letal contra a população negra e, principalmente contra a juventude negra no Estado, com idade entre 15 e 24 anos, que passou a ser o grupo etário mais vulnerável à violência.
 
O estudo, que é usado como base de dados para a formulação de políticas públicas e como parâmetro pelo Ministério da Justiça, atesta que a juventude negra está sendo exterminada no Estado, como há muito tempo vem denunciando o Fórum Estadual da Juventude Negra (Fejunes) e o Movimento Negro.
 
As taxas de mortes de jovens negros são de países que estão em guerra civil. Em 2011, ano usado como base de pesquisa, a taxa no Estado ficou em 144,6 mortes violentas de jovens negros por grupo de 100 mil, enquanto a taxa entre jovens brancos ficou em 37,3. Nos dois casos, o Espírito Santo é o segundo do País, no caso de homicídios de jovens brancos fica apenas atrás do Paraná, e de jovens negros é o segundo. Alagoas lidera.
 

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Mateus 14,13-21: Dai-lhes vós mesmos de comer... [Ildo Bohn Gass]



Jesus e a Multidão segundo Mafa<br>Fonte: JesusMafa
Banquete que mata e comensalidade que promove vida 
 
Depois do discurso das parábolas (Mt 13,1-52), a comunidade de Mateus apresenta Jesus vivendo a justiça do Reino (Mt 13,53-17,27). É um projeto alternativo e oposto ao sistema de opressão romana que, por fim, crucifica Jesus de Nazaré em Jerusalém. Para alcançar esse objetivo, conta com o apoio dos governantes dependentes do império, isto é, os sumos sacerdotes na Judeia e a família de Herodes na Galileia.

Em Mt 13,57, Jesus já constatara que não era bem acolhido em Nazaré. Na sequência, Mateus relata como o banquete dos poderosos é regado com o sangue do profeta João Batista (Mt 14,1-12). Ontem e hoje, o poder não suporta quem defende a vida dos mais pobres e de quem questiona as injustiças dos que estão a serviço do ídolo riqueza. Por isso, caluniam, difamam ou mesmo matam quem luta por uma sociedade justa, gerando mudanças que garantem cidadania para todo o povo. 

O pai de Herodes Antipas já tentara matar o menino Jesus (Mt 2,13). E seus partidários estavam instruídos para também eliminá-lo quando adulto (Mc 3,6; 12,13). Não é por acaso que Jesus manda ter cuidado com o fermento dos herodianos, isto é, com sua ideologia e seu modo de vida (Mc 8,15). Ainda hoje, esse fermento continua seduzindo crianças, mulheres e homens para o projeto do mercado. E seus meios de difusão acabam formando muitas pessoas tão corruptas quanto eles mesmos.

Ao contrário do projeto de morte e de mentira, a proposta de Jesus é um programa de vida e de verdade. Não é possível viver as relações do Reino no espaço onde são realizados os banquetes manchados com o suor e o sangue do povo. Por isso, Jesus se afasta e vai ao deserto (Mt 14,13.15), seguido pela multidão. Ir ao deserto é fazer memória do projeto libertador de Moisés, Miriam e Aarão. Depois de muitas dificuldades na caminhada por terras áridas, também eles celebraram o banquete da vida ao partilhar o maná entre todas as famílias, de acordo com a necessidade de cada uma delas (Ex 16,13-36). As pessoas escravizadas pelo rei do E

Mateus 14,22-33: Segura na mão de Deus! [Mesters, Lopes e Orofino]




O texto da reflexão de hoje descreve a travessia no barco e a tempestade no lago. De vez em quando, há momentos na vida em que tudo parece dar o contrário. O medo nos assalta. Nada dá certo. Boa vontade não falta, mas já não adianta. Parecemos com um barco que vai afundando no mar.

1  Situando

1. Entre o Sermão das Parábolas (Mt 13) e o da Comunidade (Mt 18), está novamente uma longa parte narrativa (Mt 14 até 17). O Sermão das Parábolas chamava a atenção para a presença do Reino nas coisas da vida. A parte narrativa mostra como este Reino está presente nas contradições da vida, provocando reações a favor ou contra. Um dos episódios narrados é a travessia no lago. Depois de ter reunido o povo no deserto (Mt 14,13-14) e ter instituído a mesa comum, por meio da partilha que multiplicou o pão, Jesus sente a necessidade de ficar a sós com o Pai. Ele manda os discípulos fazerem a travessia para o outro lado do mar, despede a multidão e sobe a montanha para rezar.
2. Esta travessia do mar simboliza a travessia que as comunidades tinham de fazer no fim do século I: sair do mundo fechado da antiga observância da Lei para o novo jeito de observar a Lei do amor, ensinada por Jesus; sair da consciência de pertencer ao único povo eleito, privilegiado por Deus entre todos os povos, para a certeza de que em Cristo todos os povos se fundiam num único povo diante de Deus; sair do isolamento da intolerância para o mundo aberto do acolhimento e da gratuidade. Travessia perigosa, mas necessária.

2    Comentando


1.    Mateus 14,22-24: Iniciar a travessia a pedido de Jesus
Jesus forçou os discípulos a irem para o outro lado do mar, onde ficava a terra dos pagãos. A barca simboliza a comunidade. Ela tem a missão de dirigir-se aos pagãos e de anunciar também entre eles a Boa Nova do Reino que gera um novo jeito de viver em comunidade. Mas a travessia é perigosa e demorada. A barca é agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Apesar de terem remado a noite toda, falta muito para chegar a terra. Faltava muito para as comunidades fazerem a travessia para os pagãos. Jesus não foi com eles. Ele queria que aprendessem a superar as dificuldades da vida juntos, unidos e fortalecidos pela fé. O contraste é grande: Jesus junto de Deus na paz da montanha, e os discípulos meio perdidos lá embaixo, no mar revolto.

2.    Mateus 14,25-27: Jesus se aproxima, e eles não o reconhecem     
Na quarta vigília, isto é, entre as 3 e 6 da madrugada, Jesus foi ao encontro dos discípulos. Andando sobre as águas, chegou perto deles, mas eles não o reconheceram. Gritavam de medo, pensando que fosse um fantasma. Jesus os acalmou dizendo: “Coragem! Sou eu! Não tenham medo!” A expressão “Sou eu!” é a mesma com que Deus fortaleceu Moisés quando o enviou para libertar o povo do Egito (Ex 3,14). Para as comunidades, tanto de ontem como de hoje, era, e é, muito importante ouvir repetidamente: “Coragem! Sou eu! Não tenham medo!”

3.    Mateus 14,28-31: Entusiasmo e fraqueza de Pedro
Pedro pede para andar sobre as águas. Quer experimentar o poder que domina a fúria do mar. Um poder que, na Bíblia, é exclusivo de Deus (Gn 1,6; Sl 104,6-9). Jesus permite que ele participe deste poder. Mas Pedro tem medo. Pensa que vai afundar e grita: “Senhor! Salva-me!” Jesus segura-o e repreende-o: “Homem fraco na fé! Por que duvidou?” Pedro tem mais força do que ele imagina, mas tem medo das ondas contrárias e não acredita no poder que existe nele. As comunidades não acreditam na força do Espírito que existe dentro delas e que atua por meio da fé (Ef 1,19-20).

4.    Mateus 14,32-33: Jesus é o Filho de Deus

Jesus entra na barca e a ventania para. Os discípulos ficam maravilhados e ajoelham-se diante Dele, reconhecendo que Ele é verdadeiramente o Filho de Deus. Quando reconhecemos a presença de Jesus em nosso meio, já não temos medo das tempestades e marés da vida. Ficamos segurando firmes em sua mão e enfrentamos os ventos contrários.

3    Alargando

1.    A Comunidade: um barquinho boiando no mar da vida
O canto diz: “Se as águas do mar da vida quiserem te afogar, segura na mão de Deus e vai!” As ondas do mar provocam medo e pavor. Era esta a situação em que se encontravam os discípulos e discípulas na época de Mateus, boiando no mar da vida dentro do barquinho da comunidade. Ninguém tem a possibilidade de controlar a força das ondas a não ser Deus (Gn 1,2). Mateus relata a caminhada de Jesus sobre as águas para que as comunidades não se assustem nem afundem como Pedro, mas tenham a firme convicção de que em Jesus ressuscitado a força criadora de Deus as sustenta.


2.    A dúvida de Pedro e a fé dos discípulos em Jesus

Diante da onda que avança sobre ele, Pedro afunda na água por falta de fé. Depois que Jesus o salvou, são os discípulos que confessam a fé em Jesus, Filho de Deus. Mais tarde, Pedro terá a mesma fé em Jesus, Filho de Deus (Mt 16,16). Assim, Mateus sugere que não é Pedro que carrega a fé dos discípulos, e sim é a fé dos discípulos que carrega a fé de Pedro.

3.    Travessia

Como os discípulos de Jesus, as comunidades estavam numa travessia difícil e perigosa, saindo do mundo fechado das observâncias e dos sacrifícios para o mundo aberto do amor e da misericórdia. Também nós estamos numa travessia difícil para um novo tempo e uma nova maneira de ser igreja, o que exige coragem e muita confiança.

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