quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Mateus 14,13-21: Dai-lhes vós mesmos de comer... [Ildo Bohn Gass]



Jesus e a Multidão segundo Mafa<br>Fonte: JesusMafa
Banquete que mata e comensalidade que promove vida 
 
Depois do discurso das parábolas (Mt 13,1-52), a comunidade de Mateus apresenta Jesus vivendo a justiça do Reino (Mt 13,53-17,27). É um projeto alternativo e oposto ao sistema de opressão romana que, por fim, crucifica Jesus de Nazaré em Jerusalém. Para alcançar esse objetivo, conta com o apoio dos governantes dependentes do império, isto é, os sumos sacerdotes na Judeia e a família de Herodes na Galileia.

Em Mt 13,57, Jesus já constatara que não era bem acolhido em Nazaré. Na sequência, Mateus relata como o banquete dos poderosos é regado com o sangue do profeta João Batista (Mt 14,1-12). Ontem e hoje, o poder não suporta quem defende a vida dos mais pobres e de quem questiona as injustiças dos que estão a serviço do ídolo riqueza. Por isso, caluniam, difamam ou mesmo matam quem luta por uma sociedade justa, gerando mudanças que garantem cidadania para todo o povo. 

O pai de Herodes Antipas já tentara matar o menino Jesus (Mt 2,13). E seus partidários estavam instruídos para também eliminá-lo quando adulto (Mc 3,6; 12,13). Não é por acaso que Jesus manda ter cuidado com o fermento dos herodianos, isto é, com sua ideologia e seu modo de vida (Mc 8,15). Ainda hoje, esse fermento continua seduzindo crianças, mulheres e homens para o projeto do mercado. E seus meios de difusão acabam formando muitas pessoas tão corruptas quanto eles mesmos.

Ao contrário do projeto de morte e de mentira, a proposta de Jesus é um programa de vida e de verdade. Não é possível viver as relações do Reino no espaço onde são realizados os banquetes manchados com o suor e o sangue do povo. Por isso, Jesus se afasta e vai ao deserto (Mt 14,13.15), seguido pela multidão. Ir ao deserto é fazer memória do projeto libertador de Moisés, Miriam e Aarão. Depois de muitas dificuldades na caminhada por terras áridas, também eles celebraram o banquete da vida ao partilhar o maná entre todas as famílias, de acordo com a necessidade de cada uma delas (Ex 16,13-36). As pessoas escravizadas pelo rei do E

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