sábado, 24 de maio de 2014

O Espírito da Verdade defende a comunidade (João 14,15-21)




 
 
No evangelho proposto para a liturgia deste final de semana, Jesus segue sua conversa com a comunidade de discípulos e discípulas. O contexto é a última ceia que Jesus realiza com o seu grupo na noite antes de ser preso. São as últimas horas que ele passa com o seu grupo, antes de as forças militares romanas e os guardas do templo, enviados pelos sumos sacerdotes e fariseus, e guiados por Judas Iscariotes, o prenderem no jardim do outro lado da torrente do Cedrom (18,1-3). A comunidade está sentada ao redor da mesa, partilhando o pão e participando da angústia de Jesus (13,21-30). Então, ele lhes dá um novo mandamento (13,34-35). Fala-lhes de sua intimidade amorosa com o Pai, apresentando esse amor incondicional como o caminho, a verdade e a vida. A missão das pessoas que creem em Jesus, aderindo ao seu projeto de vida, é fazer as mesmas obras que ele fez e até obras maiores (14,1-14).

O texto de hoje dá sequência a essa conversa íntima que Jesus estabelece com quem lhe é fiel. Ele quer dar esperança à sua comunidade que está preocupada em como realizar essa missão no seguimento do mestre, quando ele não estiver mais fisicamente presente. Como superar o medo, quando Jesus não estiver mais com seus seguidores e quando vierem as perseguições? E Jesus diz: “Não vos deixarei órfãos” (14,18). “Meu Pai dará para vocês outro advogado ou defensor, a fim de que ele esteja para sempre com vocês” (14,16).

Quem me ama, será amado por meu Pai (14,21)

O primeiro e o último versículo de nosso texto falam em amar a Jesus (14,15.21). Amar a Jesus é aderir incondicionalmente a ele, a seu mandamento de amor, a seu projeto de vida plena, vida em abundância (10,10). É permanecer em sua palavra que conduz à verdade que liberta (8,31-32). Amar a Jesus é acolher e aderir a seu mandamento de amor (14,15), pois é na prática do amor que se conhecerá quem é o seu discípulo (13,35). “E quem tem os meus mandamentos e os observa, é que me ama. E quem me ama, será amado por meu Pai. Eu o amarei e a ele me manifestarei” (14,21).

sábado, 17 de maio de 2014

João 14,1-17: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida! A missão de Jesus e a nossa missão



 
Neste texto, vamos meditar mais um aspecto da conversa que Jesus teve com os seus amigos, durante a última ceia, na véspera de ser preso e morto. Era uma conversa amiga bem prolongada, que ficou na memória do Discípulo Amado. Jesus, assim parece, queria prolongar ao máximo esse último encontro amigo, momento de muita intimidade. O mesmo acontece hoje. Tem conversa e conversa. Conversa superficial que gasta palavras à toa e revela o vazio das pessoas, e tem conversa que vai fundo no coração. Todos nós, de vez em quando, temos esses momentos de convivência amiga, que dilatam o coração e vão ser força na hora das dificuldades. Ajudam a ter confiança e a vencer o medo.
 
1. Situando

1. Nos cinco capítulos que descrevem a despedida de Jesus (Jo 13 a 17), percebe-se a presença daqueles três fios de que falamos na Introdução: a fala de Jesus, a fala das comunidades do Discípulo Amado e a fala daquele que fez a última redação do Quarto Evangelho. Nestes capítulos, os três fios estão de tal maneira entrelaçados que o todo se apresenta como uma peça única de rara beleza e inspiração, em que é difícil distinguir o que é de um e o que é do outro.

2. Estes cinco capítulos (Jo 13 a 17) são um exemplo de como as comunidades do Discípulo Amado faziam catequese. Por exemplo, o capítulo 14 é uma catequese que ensina as comunidades como viver sem a presença física de Jesus. Eles faziam isso por meio de perguntas e respostas. As perguntas dos três discípulos, Tomé (Jo 14,5), Filipe (Jo 14,8) e Judas Tadeu (Jo 14,22), eram também as perguntas das comunidades. Assim, as respostas de Jesus para os três eram um espelho em que as comunidades encontravam uma resposta para as suas próprias dúvidas e dificuldades.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Jo 6,30-35 - Jesus é o pão da vida


Preparo-me para a Leitura Orante,
rezando com todos que fazem esta oração na web:
Creio, meu Deus, que estou diante de Ti.
Que me vês e escutas as minhas orações.
Tu és tão grande e tão santo: eu te adoro.
Tu me deste tudo: eu te agradeço.
Foste tão ofendido por mim:
eu te peço perdão de todo o coração.
Tu és tão misericordioso: eu te peço todas as graças
que sabes serem necessárias para mim.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.


1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto: Jo 6,30-35, e observo pessoas pedindo a Jesus um sinal.
Eles disseram:
- Que milagre o senhor vai fazer para a gente ver e crer no senhor? O que é que o senhor pode fazer? Os nossos antepassados comeram o maná no deserto, como dizem as Escrituras Sagradas: "Do céu ele deu pão para eles comerem."
Jesus disse:
- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: não foi Moisés quem deu a vocês o pão do céu, pois quem dá o verdadeiro pão do céu é o meu Pai. Porque o pão que Deus dá é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.
- Queremos que o senhor nos dê sempre desse pão! - pediram eles.
Jesus respondeu:
- Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede.

Emaús. É preciso continuar... [Ademir Munhoz]




A manifestação foi um sucesso, reunimos 300 mil pessoas na praça principal da cidade. No palanque, revezavam-se líderes comunitários, sindicalistas, políticos comprometidos com as causas populares e artistas, que emprestavam sua arte para a causa de milhões de desempregados e sem terra.

A volta pra casa, como dizia no início, foi difícil. Saí sem dinheiro e perdi o ônibus da comunidade. O pouco que restava era para as compras da semana.

Mas algo estranho e bom aconteceu no retorno. Eu ia a passos rápidos passando calçadas, ruas e avenidas barulhentas da cidade grande, bares cheios de homens de bem, mas entregues ao álcool. Havia também os exploradores de crianças, que as colocam nos faróis para pedir esmola ou vender balas e ficam sentados de longe olhando, controlando, amedrontando os pobres pequenos, que obedecem ou apanham do explorador e também dos pais, se chegar em casa sem dinheiro.

Tu és o único forasteiro que desconhece esses fatos?

Nos meus passos rápidos e pensamentos mais velozes, ainda não me dei conta de que um estranho caminhava ao meu lado. Ele perguntou, curioso, ao me ver de boné vermelho, bandeira do sindicato, camiseta do movimento por emprego: De onde vem o amigo vestido assim? Ao que respondi com outra pergunta: O amigo é de onde, que não sabe da grande manifestação no centro da cidade por terra, trabalho e justiça?

O homem, jovem, de uns trinta e três anos, disse que não sabia o que estava acontecendo e pediu que lhe contasse o motivo da manifestação.

Meu amigo, a alienação que paira na grande maioria do nosso povo é um péssimo sinal. As transformações só acontecem quando a população organizada em movimentos vai às ruas exigir seus direitos.

Jo 10,1-18: Jesus é o Bom Pastor [Mesters, Lopes e Orofino]




 
Nessa reflexão, vamos meditar sobre a imagem do Bom Pastor.

Jesus é o Bom Pastor que veio para que todos tenham vida em abundância. O pastor era a imagem e o símbolo do líder. Jesus diz que muitos se apresentavam como pastor, mas na realidade eram ladrões e assaltantes. Hoje acontece a mesma coisa. Muitas pessoas se apresentam como líderes, mas na realidade são ladrões e assaltantes, pois, em vez de servir, buscam os seus próprios interesses. E, às vezes, têm uma fala tão mansa e fazem uma propaganda tão inteligente, que conseguem enganar o povo.
Situando

    1. O discurso sobre o Bom Pastor traz três comparações ligadas entre si:

a) pastor e assaltante (Jo 10,1-5);

b) comparação: Jesus é a porteira das ovelhas (Jo 10,6-10);

c) comparação: Jesus não é simplesmente um pastor, e sim o Bom Pastor

(Jo 10,11-18).

    2. Temos aqui outro exemplo de como foi escrito o Evangelho de João.

O discurso de Jesus sobre o Bom Pastor (Jo 10,1-18) é como um tijolo inserido numa parede já pronta. Com ele a parede ficou mais forte e mais bonita. Imediatamente antes, em Jo 9,40-41, João falava da cegueira dos fariseus. A conclusão natural desta discussão sobre a cegueira está logo depois, em Jo 10,19-21. Ora, o discurso sobre o Bom Pastor foi inserido aqui, porque, como veremos, ensina como tirar esse tipo de cegueira dos fariseus.

Comentando

    1. João 10,1-5: 1ª Imagem: entrar pela porteira e não por outro lugar


Jesus inicia o discurso com a comparação da porteira: “Quem não entra pela porteira, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante! Quem entra pela porteira é o pastor das ovelhas!” Para entender esta comparação, temos que lembrar o seguinte. Naquele tempo, os pastores cuidavam do rebanho durante o dia. Quando chegava a noite, levavam as ovelhas para um grande redil ou curral comunitário, bem protegido contra ladrões e lobos. Todos os pastores de uma mesma região levavam para lá o seu rebanho. Um porteiro tomava conta durante a noite. No dia seguinte, de manhã cedo, o pastor chegava, batia palmas na porteira e o porteiro abria. O pastor entrava e chamava as ovelhas pelo nome. As ovelhas reconheciam a voz do seu pastor, levantavam e saíam atrás dele para a pastagem. As ovelhas dos outros pastores ouviam a voz, mas não se mexiam, pois era uma voz estranha para elas. De vez em quando, aparecia o perigo de assalto. Ladrões entravam por um atalho ou derrubavam a cerca do redil, feita de pedras amontoadas, para roubar as ovelhas. Eles não entravam pela porteira, pois lá havia o guarda que tomava conta.

Grandes Projetos. O decisivo está na "grande economia"


As obras da Copa inserem-se num programa maior: o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC. O programa do PAC, por sua vez, insere-se num projeto de país, o crescimento econômico. A crença do governo é de que as obras do PAC – grandes projetos de infra-estrutura - são indispensáveis para a retomada do crescimento econômico, a geração de emprego e a distribuição de renda.

Por detrás dos grandes projetos está a reedição da concepção desenvolvimentista dos governos Vargas e JK – o Estado como facilitador e indutor do crescimento econômico.  O modelo econômico em curso não rompe com as opções estratégicas de antes: exportações baseadas em commodities minerais e agrícolas, agronegócio, grandes projetos sob a hegemonia de grandes grupos econômicos e financeiros, energia mesmo que ao custo de impactos socioambientais, industrialização e consumismo individual como estratégia maior.

O modelo em curso repete até mesmo os equívocos do modelo da ditadura em que o preço a ser pago pelo desenvolvimento vitima aqueles que se interpõem no seu caminho. A ideia é de que o ‘Brasil Grande’ não pode parar.

Na opinião de Eduardo Viveiros de Castro esse modelo está preso a uma lógica economicista. Segundo ele, “a esquerda em geral, tem uma incapacidade congênita para pensar todo tipo de gente que não seja o bom operário que vai se transformar em consumidor. Uma incapacidade enorme para entender as populações que se recusaram a entrar no jogo do capitalismo”.

Copa do Mundo. Cidades e sociedade submetidas à lógica do capital



Ninguém sequer imaginava que às vésperas da Copa do Mundo, no país do futebol, o governo precisasse de uma ofensiva publicitária para resgatar o apoio popular ao evento mundial. A Copa, de alavanca para a popularidade de Dilma Rousseff se transformou num problema. O governo assiste atônito e perplexo ao que está acontecendo. Mais do que isso, está com receio do que possa vir acontecer. De grande festa, a Copa se tornou um tormento.

Que o diga o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República Gilberto Carvalho, que tardiamente iniciou um giro pelo país para acalmar os ânimos dos movimentos sociais. Hostilizado em muitas das audiências públicas, o ministro afirmou que está sentido "o pulso de como está uma parte da sociedade” e acrescentou, “isso é um pouco a panela de pressão que explode".

A insatisfação com os rumos da Copa irrompeu em junho de 2013 na Copa das Confederações. Simultaneamente ao evento, ocorreram as grandes manifestações. Os gastos exorbitantes, associados às remoções e a ingerência desmedida da FIFA foi um dos estopins dos atos nas ruas por todo o país.