domingo, 27 de abril de 2014

A missão da comunidade. A paz esteja com vocês (João 20,19-31)



    
     1. Situando
Na conclusão do capítulo 20 (Jo 20,30-31), o autor diz que Jesus fez “muitos outros sinais que não estão neste livro. Estes, porém, foram escritos (a saber os sete sinais relatados nos capítulos 2 a 11) para que vocês possam crer que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, acreditando, ter a vida no nome dele” (Jo 20,31). Isso significa que, inicialmente, esta conclusão era o final do Livro dos Sinais. Mais tarde, foi acrescentado o Livro da Glorificação que descreve a hora de Jesus, a sua morte e ressurreição. Assim, o que era o final do Livro dos Sinais passou a ser conclusão também do Livro da Glorificação.

     2. Comentando

1. João 20,19-20: A experiência da ressurreição

Jesus se faz presente na comunidade. As portas fechadas não podem impedir que ele esteja no meio dos que nele acreditam. Até hoje é assim. Quando estamos reunidos, mesmo com todas as portas fechadas, Jesus está no meio de nós. E até hoje, a primeira palavra de Jesus é e será sempre: “A paz esteja com vocês!” Ele mostrou os sinais da paixão nas mãos e no lado. O ressuscitado é o crucificado. O Jesus que está conosco na comunidade não é um Jesus glorioso que não tem mais nada em comum com nossa vida. Mas é o mesmo Jesus que viveu nesta terra, e traz as marcas da sua paixão. As marcas da paixão estão hoje no sofrimento do povo, na fome, nas marcas de tortura, de injustiça. É nas pessoas que reagem, lutam pela vida e não se deixam abater que Jesus ressuscita e se faz presente no meio de nós.

domingo, 20 de abril de 2014

Páscoa: fonte de vida nova




 
Páscoa representa vida nova. Eis um dos maiores desejos de todas as pessoas, expresso com frequência nas mensagens pascais. O calendário, aliás, entre outras, tem essa função: abre espaço e tempo para refazer laços entorpecidos e recomeçar a vida. Natal, Páscoa, dia de ação de graças, festas cívicas, etc. oportunizam um renovação mais ou menos generalizada. O desejo de vida nova, porém, ao mesmo tempo pressupõe e esconde uma vida velha, existência em declínio, marcada pela rotina que paralisa. De fato, o cotidiano costuma desgastar as relações que, com fios invisíveis e frágeis, tentamos costurar no tecido social: família, amizade, vida comunitária... A engrenagem dos relacionamentos se enferruja, destilando não raro tédio desconfiança, asfixia e até veneno. Quantas vezes lhe falta o óleo lubrificador que faz a máquina funcionar sem "ranger os dentes”. Como se o outono estivesse batendo à porta, anunciando o frio do inverno. Resignação, comodismo e inércia costumam ser os sintomas desse processo de envelhecimento precoce.

O reencontro de Jesus com Maria Madalena: buscar sempre, sem desanimar (Jo 20,11-18)



O capítulo 20 do Evangelho de João traz alguns episódios que nos transmitem a experiência e a ideia da ressurreição que existia nas comunidades do Discípulo Amado. Eis o conteúdo:

1. Maria Madalena vai ao sepulcro, vê a pedra retirada e chama os apóstolos. O Discípulo Amado e Pedro vão verificar o acontecido. O Discípulo Amado viu e acreditou (Jo 20,1-10).

2. Maria Madalena reencontra Jesus e tem uma experiência de ressurreição (Jo 20,11-18).

3. A experiência de ressurreição da comunidade dos discípulos (Jo 20,19-23).

4. Uma nova experiência comunitária de ressurreição com Tomé (Jo 20,24-29).

5. Conclusão: o objetivo da redação do evangelho é levar as pessoas a crerem em Jesus e, acreditando nele, terem a vida (Jo 20,30-31).

2. Na maneira de descrever a aparição de Jesus a Maria Madalena, transparecem as etapas da travessia que ela teve de fazer, desde a busca dolorosa até o reencontro da Páscoa. Estas são também as etapas pelas quais passamos todos nós, ao longo da vida, na busca em direção a Deus e na vivência do Evangelho.

Comentando

1. João 20,11-13: Maria Madalena chora, mas busca

Havia um amor muito grande entre Jesus e Maria Madalena. Ela foi uma das poucas pessoas que tiveram a coragem de ficar com Jesus até a hora da sua morte na cruz

domingo, 13 de abril de 2014

Contar sobre a ditadura até que a história crave nos ossos dos mais jovens



"Lembrar é fundamental para que não deixemos certas coisas acontecerem novamente. Que o Supremo Tribunal Federal reconsidere e afirme que crimes contra a humanidade, como a tortura, não podem ser anistiados, nunca", escreve Leonardo Sakamoto, em artigo publicado em seu blog, 01-04-2014.

Eis o artigo.

Um aluno me perguntou se eu não achava exagero estar aparecendo tanta coisa sobre o golpe militar de 1964 na mídia. Em sua opinião (“Já deu, né?''), o assunto é chato e ele e seus amigos não aguentam mais esse assunto.

Ainda bem que era só um futuro jornalista. Nada com o qual devemos nos preocupar.

É claro que a história pode ser contada e analisada de uma maneira mais interessante do que é feito hoje, tanto pelas escolas quanto pela mídia. Nisso, podemos melhorar e muito, tornando o aprendizado tão viciante quanto jogar Candy Crush.

Ou se isso não for possível que, pelo menos, crianças e adolescentes sejam levadas a compreender qual a utilidade de se conhecer os caminhos já trilhados pelos que vieram antes deles para não repetir os mesmos erros. Perceber que o mundo não começa com seu nascimento, nem vai se exaurir com a sua morte.

Igreja lidou com o sofrimento na ditadura


 
 
O Conselho Episcopal Pastoral, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), aprovou declaração sobre os 50 anos do golpe civil-militar, intitulada “Por tempos novos, com liberdade e democracia”. O texto chama a atenção das novas “gerações pós-ditadura para que se mantenham atuantes na defesa do Estado Democrático de Direito”.

Os bispos pontuaram com clareza o desastre dos “21 anos que fizeram do Brasil o país da dor e da lágrima”. Talvez nenhuma instituição da sociedade tenha lidado mais proximamente do sofrimento que as igrejas. A reafirmação do “compromisso da Igreja com a defesa de uma democracia participativa e com justiça social para todos” conclama a sociedade brasileira a ser protagonista de uma nova história, “livre do medo e forte na esperança”.

A morte dos direitos humanos na ditadura militar


"A ditadura militar editou 18 atos institucionais, dos quais costumeiramente lembramos apenas dos cinco primeiros. Destes, o AI-5 é aquele que provoca o coroamento de todo o arcabouço autoritário e fere de morte as garantias de direitos humanos. Ele é instituído após o fechamento do Congresso Nacional, suspende garantias de vitalicidade dos juízes de direito e permite sua remoção arbitrária, favorece o decreto do estado de sítio sem as limitações impostas pela Constituição Federal e suspende o habeas corpus, além de determinar o julgamento de crimes políticos por tribunais militares, nos quais o réu não tem direito a recorrer da decisão judicial", afirma Sirlei Gedoz. "Onde se tem privilégios não se precisa de lei. 'Você sabe com quem está falando?', não se ouve isso em uma democracia. Onde há essa expressão, não se encontram os direitos humanos. O privilégio é a negação do direito. A sociedade brasileira não foi feita para o Brasil. A sociedade brasileira foi feita para o colonizador", enfatiza Solon Viola.

O Golpe de 64 e os direitos humanos foi o tema da palestra realizada na noite de segunda-feira, 07-04-2014, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no Instituto Humanitas Unisinos – IHU. O professor Solon Eduardo Annes Viola, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Unisinos, e a professora Sirlei Teresinha Gedoz, do curso de História da universidade, foram os palestrantes. O debate integrou a programação do ciclo de estudos 50 anos do Golpe de 64. Impactos, (des)caminhos, processos, e reuniu mais de 50 pessoas - a programação segue até o dia 24-04-2014.

Reunião discute Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016


Foi realizada, nos dias 8 e 9 de abril, em Campinas (SP), a primeira reunião da Comissão Organizadora da Campanha da Fraternidade de 2016, que será coordenada pelo CONIC.
 
Entre os vários assuntos tratados estavam: o resgate documental das três Campanhas da Fraternidade Ecumênicas anteriores; a avaliação de impacto (positivo ou não) das experiências passadas, observando as fraquezas e potencialidades das CFEs e a apreciação dos temas sugeridos para a Campanha de 2016. Foi realizada também uma análise sobre o atual contexto político, econômico e religioso brasileiro e o significado de uma nova CFE na atual conjuntura nacional.
 
Compõem essa comissão, além das cinco igrejas-membro do CONIC (Católica Romana, Episcopal Anglicana, Evangélica de Confissão Luterana, Presbiteriana Unida e Sirian Ortodoxa), o CESEEP – Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular, a Aliança de Batistas do Brasil e a Visão Mundial – ONG de atuação internacional que, entre outras coisas, trabalha no combate à pobreza.
 
Estiveram presentes o padre Luís Carlos Dias (CNBB – Igreja Católica); o pastor Teobaldo Witter (IECLB – Igreja Luterana); o reverendo Isaque de Góes Costa (IPU – Igreja Presbiteriana); a reverenda Carmen Kawano (IEAB – Igreja Anglicana); o padre Milton Justus (ISOA – Igreja Sirian Ortodoxa); os representantes do CESEEP, padre José Oscar Beozzo e Cecília Franco; o representante da Visão Mundial, pastor Wellington Pereira, além do pastor Joel Zeferino, da Aliança de Batistas, e do diretor do CONIC, pastor Altemir Labes, acompanhado pela secretária geral Romi Bencke.
 

Educação, o novo alvo do fundamentalismo



 
Em nome da moral conservadora, bancadas religiosas tentam detonar, no Congresso, projeto essencial para construir ensino público de excelência.

Por Cleomar Manhas, do Outras Palavras

O Plano Nacional de Educação está no Congresso Nacional desde dezembro de 2010, quando o ainda presidente Lula o enviou para apreciação e processo de votação. Passados três anos e alguns meses e muita discussão, ele foi votado na Câmara e no Senado, onde sofreu alterações e voltou à Câmara que acatará ou não o que foi modificado.

As entidades defensoras da política de educação, especialmente aquelas que lutam por educação de qualidade, estão acompanhando o processo desde então. E agora, no retorno à Câmara, foram surpreendidas pela oposição de vários grupos religiosos evangélicos neopentecostais e católicos conservadores, que se intitulam Pró-Vida.

O projeto apresentado à Câmara tinha no artigo segundo, inciso III a seguinte orientação: “Superação das desigualdades educacionais”. O relator, deputado Ângelo Vanhoni (PT/PR), acrescentou o seguinte texto : “(..) com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e orientação sexual”. Além disso, ele inovou adotando em seu texto a linguagem de gênero em detrimento do masculino genérico. E esses dois pontos são a causa da oposição, com direito a manifestações grosseiras e pouco democráticas.

Há alguns problemas no PNE que precisam ser sanados, para que de fato se tenha uma política de educação que resolva as desigualdades e promova educação de qualidade. Como, por exemplo, o que se entende por educação pública, pois do jeito como está cabe até mesmo os tais “cheques educação”, bolsas de estudos, convênios com instituições que não são fiscalizadas. Além do comprometimento da União com a necessária complementação orçamentária aos estados e municípios com base no Custo Aluno Qualidade Inicial (CAQi) e Custo Aluno Qualidade (CAQ), composto por insumos essenciais à universalização da educação de qualidade, com a garantia da aprendizagem.

[ENTREVISTA] Teólogo pontua desafios da Igreja sobre a relação entre espiritualidade e sexualidade


As declarações do Papa Francisco sobre os homossexuais, como este assunto repercute dentro e fora da Igreja Católica, relação entre sexualidade e espiritualidade, juventude, diferenças de gênero e o atual papel da mulher são alguns dos temas tratados pelo teólogo André S. Musskopf (foto à esquerda) em entrevista ao site do I Encontro Nacional de Juventudes e Espiritualidade Libertadora. Ele pontua alguns dos desafios que a Igreja Católica terá que enfrentar, já que está sendo impelida cada vez mais a abordar assuntos considerados polêmicos, e conversou sobre como "mudanças doutrinárias" poderão ser implantadas sem que se fira nenhum dos princípios orientadores da ética teológica católica romana.

André Musskopf ministrará a oficina sobre Espiritualidade e corpo durante o I Encontro Nacional de Juventudes e Espiritualidade Libertadora, que acontecerá de 1º a 4 de maio, em Fortaleza (CE), e está sendo organizado pela Adital e demais parceiros.

Natureza humana: sexualidade e família

Na consulta mundial sobre família e sexualidade promovida corajosamente pelo papa Francisco, sempre volta à tona certa compreensão da lei natural e da natureza humana. Mais que oferecer uma solução, pretendemos problematizar a questão.


Por uma parte pode-se afirmar que, sob certos aspectos, a natureza humana é um dado singular,  sempre  aberto, pois  veio, junto com outros seres, se formando ao longo do processo evolutivo há milhões de anos e ainda não se encontra pronto. É um dado feito.

A partir desta constatação, importa reconhecer que o ser humano é uma espécie que possui constantes antropológicas  que geram certo tipo de comportamento singular, propriamente humano, caracterizado pela fala, pela liberdade, pela criatividade, pela responsabilidade, pelo amor, pelo cuidado e pela sua dimensão de abertura  total. Sua realidade concreta vem ainda dramatizada pelo fato de ser simultaneamente sapiens e demens. Somos capazes de amor e de ódio, de guardiães da vida e de seus destruidores. Tal fato dramatiza qualquer juízo ético que deve incorporar a tolerância e a misericórdia.

A Entrada em Jerusalém O Messias pobre e desarmado (Mateus 21,1-11)





Mateus 21,1-5: O Messias pobre e desarmado

A cena da entrada de Jesus em Jerusalém revela a sua identidade como Messias pobre e desarmado. Jesus mesmo toma as providências para entrar na cidade montado num jumentinho, o transporte dos pobres daquela época. Ao narrar este episódio, Mateus se inspira na tradição profética. Para dar à cena o sentido do cumprimento da profecia, ele cita literalmente o texto de Zacarias 9,9: “Dizei à Filha de Sião: eis que o teu rei vem a ti. Ele é manso e está montado num jumento, num jumentinho, cria de um animal de carga!”

Mateus 21,6-7: Acolher Jesus tal como ele se revela e se apresenta


Os discípulos são encarregados de preparar o animal para a entrada de Jesus na cidade. Eles vão e fazem exatamente como Jesus mandou. Por trás desta narração, tem um recado para as comunidades: verdadeiro discípulo é aquele que aceita Jesus do jeito que ele é e quer ser, e não do jeito que elas gostariam que ele fosse. Se Jesus se fez Messias pobre e desarmado, não podem fazer dele um messias glorioso e poderoso.

Mateus 21,8-9: Eles queriam um grande rei

quinta-feira, 3 de abril de 2014

A morte e ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-45)




1. João 11,1-16: Uma chave para entender o sétimo sinal da ressurreição de Lázaro


Lázaro estava doente. As irmãs Marta e Maria mandam chamar Jesus: "Aquele a quem amas está doente!" (Jo 11,3.5). Jesus atende ao pedido e explica: "Essa doença não é mortal, mas é para a glória de Deus, para que por ela seja glorificado o Filho de  Deus!" (Jo 11,4). No Evangelho de João, a glorificação de Jesus acontece através da sua morte (Jo 12,23; 17,1). Uma das causas da sua condenação à morte vai ser a ressurreição de Lázaro (Jo 11,50; 12,10). Assim, o sétimo sinal vai ser para manifestar a glória de Deus (Jo 11,4). Os discípulos não entendem (Jo 11,6-8). Jesus fala da morte de Lázaro, e eles entendem que esteja falando do sono (Jo 11,11-15). Ainda não percebem a identidade de Jesus como vida e luz (Jo 11,9-10). Porém, mesmo sem entenderem, eles estão dispostos a ir morrer com ele (Jo 11,16). A doutrina deles é deficiente, mas a fé é correta.

terça-feira, 1 de abril de 2014

29 anos após democratização, leis da ditadura seguem em vigor



por IHU - Unisinos
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Quase três décadas após o fim da ditadura (1964-1985), o Brasil continua regido por uma série de leis, práticas e códigos criados pelos militares.
A reportagem é de João Fellet e publicada pela BBC Brasil, 24-03-2014.
São daquela época, por exemplo, as atuais estruturas tributária, administrativa e financeira do país. E mesmo após a Constituição de 1988 definir como pilares do Estado brasileiro a democracia e o respeito aos direitos humanos, seguem em vigor normas e práticas que, segundo especialistas, contrariam esses valores. É o caso, dizem eles, do Estatuto do Estrangeiro, que nega direitos políticos a estrangeiros que residam no país. Ou de um mecanismo que permite a tribunais anular decisões judiciais favoráveis a comunidades afetadas por grandes obras se as cortes avaliarem que as medidas põem em risco a economia nacional.
Gilberto Bercovici, professor de direito econômico e economia política da Universidade de São Paulo (USP), diz que, em busca de refundar o país e valendo-se de medidas autoritárias, os militares redefiniram as regras de várias das principais áreas da administração pública. As ações, segundo ele, anularam os esforços da Presidência de João Goulart (1961-1964) para ampliar a participação popular na gestão do país.
"Até hoje isso (maior participação popular) não foi recuperado. Parece que temos na nossa democracia certos limites que não podem ser ultrapassados", diz. Bercovicicita a reforma agrária, que, mesmo prevista na Constituição de 1988, gera grande resistência e jamais foi plenamente realizada.

65% dos brasileiros acham que mulher de roupa curta merece ser atacada



por IHU - Unisinos
Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) retrata o quanto a violência contra a mulher ainda é tolerada no País. A maioria dos brasileiros considera que merecem ser atacadas aquelas que usam roupas que revelam o corpo. Também é majoritário o grupo que acredita que, "se a mulher soubesse se comportar", as estatísticas de estupro seriam menores.
A reportagem é de Lígia Formenti, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 28-03-2014.
Os resultados provocaram espanto entre os próprios autores da pesquisa. A violência contra a mulher, avaliam, é vista como forma de "correção". A vítima teria responsabilidade - por usar roupas provocantes ou por não se comportar do modo "desejado". "Mais uma vez, tem-se um mecanismo de controle do comportamento e do corpo das mulheres da maneira mais violenta que possa existir", dizem os autores da pesquisa.
A tolerância à violência não está ligada a características populacionais. Mas autores do trabalho consideram que algumas condições, como morar em metrópoles, ter escolaridade mais alta e ser mais jovem podem reduzir o risco desse tipo de comportamento. Para os pesquisadores, o fator preponderante para a tolerância é a adesão a determinados valores. Pessoas que acreditam que o homem deve ser o cabeça do lar, por exemplo, estão mais propensas a achar que a violência, em muitos casos, se justifica.
"É a ideia da mulher honesta, que ainda persiste no País", afirma a secretária de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, Aparecida Gonçalves. Embora a tolerância à violência esteja muito presente, o discurso do brasileiro não é linear. Dos entrevistados, 91% concordam total ou parcialmente com a ideia de que homem que bate na mulher deve ir para a cadeia. Outros 89%, por sua vez, dizem não concordar com a afirmação de que o homem possa xingar ou gritar com a própria mulher.

Sete lições que já deveríamos ter aprendido sobre 1964


por Antonio Lassance, em Carta Maior

Há 50 anos, o Brasil foi capturado pela mais longa, mais cruel e mais tacanha ditadura de sua história.
Meio século é mais que suficiente tanto para aprendermos quanto para esquecermos muitas coisas.
É preciso escolher de que lado estamos diante dessas duas opções.
1ª. LIÇÃO: AQUELA FOI A PIOR DE TODAS AS DITADURAS
No período republicano, o Brasil teve duas ditaduras propriamente ditas. Além da de 1964, a de 1937, imposta por Getúlio Vargas e por ele apelidada de “Estado Novo”.
A ditadura de Vargas durou oito anos (1937 a 1945). A ditadura que começou em 1964 durou 21 anos.
Vargas e seu regime fizeram prender, torturar e desaparecer muita gente, mas não na escala do que ocorreu a partir de 1964.
Os torturadores do Estado Novo eram cruéis. Mas nada se compara em intensidade e em profissionalismo sádico ao que se vê nos relatos colhidos pelo projeto “Brasil, nunca mais” ou, mais recentemente, pela Comissão da Verdade.
Em qualquer aspecto, a ditadura de 1964 não tem paralelo.
2ª. lição:

Desculpe, Neymar (Edu Krieger)


Copa pra quem? conheça a canção protesto “Desculpe, Neymar”


por UOL
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O compositor Edu Krieger - que trabalha com nomes famosos, como as cantoras Ana Carolina, Maria Rita, Maria Gadu e Roberta Sá - escreveu uma música criticando duramente a organização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Intitulada de "Desculpe, Neymar". A canção fala que os problemas extracampo superam o fanatismo pela seleção brasileira.
"Enquanto a Fifa se preocupa com padrões, somos guiados por ladrões que jogam sujo para ganhar. Desculpe, Neymar, eu não torço desta vez", canta Edu Krieger em um vídeo publicado em seu canal no YouTube.
Via Twitter, o compositor comemorou os debates que a música tem gerado entre seus seguidores. "A canção sobre a Copa está gerando discussões saudáveis, posicionamentos diversos e reflexões", publicou no microblog.
Veja a letra da música "Desculpe, Neymar":
Desculpe, Neymar
Mas nesta Copa eu não torço por vocês
Estou cansado de assistir ao nosso povo
Definhando pouco a pouco
Nos programas das TVs
Enquanto a FIFA se preocupa com padrões
Somos guiados por ladrões
Que jogam sujo pra ganhar
Desculpe, Neymar
Eu não torço desta vez
 
Parreira, eu vi
Aquele tetra fez o povo tão feliz
Mas não seremos verdadeiros campeões
Gastando mais de 10 bilhões
Pra fazer Copa no país
Temos estádios lindos e monumentais
Enquanto escolas e hospitais
Estão à beira de ruir
Parreira, eu vi
Um abismo entre Brasis
 
Foi mal, Felipão
Quando Cafu ergueu a taça e exibiu
Suas raízes num momento tão solene
Revelou Jardim Irene
Um retrato do Brasil
A primavera prometida não chegou
A vida vale mais que um gol
E as melhorias onde estão
Foi mal, Felipão
Nossa pátria não floriu
 
Eu sei, torcedor
Que a minha simples e sincera opinião
Não vai fazer você, que ganha e vive mal
Deixar de ir até o final
Junto com nossa seleção
Mesmo sem grana pra pagar o ingresso caro
Nunca vai deixar de amar o
Nosso escrete aonde for
Eu sei, torcedor
É você quem tem razão
 
Para ouvir a música, aqui