sábado, 28 de junho de 2014

Se eu pudesse, não caía na tua - Romi Márcia Bencke




<br>Fonte: Jesus Mafa - http://www.jesusmafa.com
Reflexão a partir de Mt 10. 40-42
Não faltam, hoje em dia, propostas, convites, alguns bastante atrativos, para que  pessoas encontrem Jesus e transformem suas vidas. Promessas abundantes de fartura, prosperidade, felicidade, vida sem sofrimento: todas fazem parte das estratégias de vender o que é uma “vida nova em Jesus”.

Aliada a muita comunicação e imagem, cada uma destas promessas vem acompanhada de belas paisagens e rostos de pessoas felizes. Há momentos em que as imagens são tão alvissareiras que olhá-las quase causa uma depressão e um certo sentimento de frustração. Quem dera alcançar esta felicidade e realização plena que alguns já encontraram!  

Todas estas abordagens fazem parte de bem pensadas estratégias de missão. Missão e propaganda ocorrem de forma simbiótica.  
Estas certezas tão firmes e repletas de uma felicidade tão equilibrada e perfeita se fragilizam quando lemos, por exemplo,  em 1 Co 1.27 que diz: “Mas o que é loucura no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e o que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é forte”.  

Pesquisa revela que mais de 75% dos brasileiros apoiam manifestações contra a Copa


Ainda que menores do que os de junho de 2013, os protestos acontecem em diversas partes do país. E, infelizmente, com uma repressão policial muito mais forte.  A grande mídia, no entanto, optou por dar pouco espaço às reivindicações populares durante este período. Ao ligar e desligar os canais de comunicação se recebe constantemente o mercado midiático nos vendendo jogos de futebol, distantes da realidade social.

Na última quinta feira, ocorreram manifestações que depredaram alguns carros e bancos na grande SP. Ao mesmo tempo ocorrem manifestações do Movimento Passe Livre, que são contrários as depredações. Do mesmo modo, existe agenda de mobilizações para as capitais de nosso país. 

A mídia mais uma vez busca barrar a voz do povo!

Pesquisa revela:

Em pesquisa SurveyMonkey revela que mais de 75% dos brasileiros apoiam manifestações contra a Copa. Contudo, menos de 20% declaram que participarão dos protestos. Apesar de quase 62% dos entrevistados afirmarem que vão acompanhar a Copa do Mundo gastando muito tempo ou tempo considerável, a maior parte dos brasileiros demonstraram descontentamento, dias antes da abertura do Mundial. A informação é revelada por levantamento realizado pela SurveyMonkey, empresa estadunidense de pesquisas online, entre os dias 29 de maio e 1º de junho. De acordo com a pesquisa, 76% dos brasileiros declaram ser favoráveis à onda de protestos contra o evento.

A principal razão que justificaria as passeatas é o total de investimentos feitos na Copa do Mundo. Para cerca de 90% dos que responderam a pesquisa, a corrupção, somada à opinião de que o valor investido no evento até o momento poderia ter um impacto positivo no país se usado de outra maneira, são as principais motivações para a adesão às manifestações. Contudo, menos de 20% dos brasileiros declaram que participarão efetivamente dos protestos.

Se o montante investido pelo governo na Copa pudesse ser utilizado de outra forma pelos cidadãos brasileiros, a área que receberia prioritariamente o aporte seria a saúde, segundo mais de 52% dos entrevistados, seguida pela educação (cerca de 32%), além de policiamento e segurança (mais de 6%).

Mt 16,13-19: Festa de São Pedro e São Paulo [Pe. Tomaz Hughes]


Chamado de São Paulo.<br>Fonte: He Qi - www.heqiart.com

Mt 16,13-19
Hoje a Igreja celebra a festa dos dois grandes apóstolos, Pedro e Paulo. Como evangelho do dia, escolheu-se a história do caminho de Cesareia de Felipe. O relato mais antigo está em Marcos, Cap. 8, 27-38, que se tornou o pivô de todo o Evangelho. A estrutura de Mateus é diferente; mas, o relato tem a mesma finalidade, ou seja, clarificar quem é Jesus e o que significa ser discípulo d’Ele.

A pedagogia do relato é interessante. Primeiro Jesus faz uma pergunta aparentemente inócua: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?” Assim recebe diversas respostas, pois esta pergunta não compromete, é o “diz que”. Mas a segunda pergunta traz a facada: “E vocês, quem dizem que eu sou?” Agora não vêm muitas respostas, pois quem responde em nome pessoal, e não dos outros, se compromete com as consequências! Somente Pedro se arrisca e proclama a verdade sobre Jesus: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Aparentemente, Pedro acertou e realmente, em Mateus, Jesus confirma a verdade do que proclamou! Afirmou que foi através de uma revelação do Pai que Pedro fez a sua profissão de fé. Mas, para que entendamos bem o trecho, é necessário que continuemos a leitura pelo menos até v. 25. Pois, o assunto é mais complicado do que possa parecer.

Mt 10.40-42: Observar todas as coisas que acontecem debaixo do sol [Carlos Musskopf]




Ceia
Para este domingo (29/06), publicamos duas meditações. Uma para asigrejas protestantes e evangélicas que mantêm o Lecionário Comum (Mt 10.40-42) outra para a tradição católico-romana (que opta pelo texto de Mt 16,13-19, porque a festa de São Pedro e São Paulo).
MT 10.40-42
 
A visitação é uma prática comum em nossas comunidades. Em alguns lugares, as visitas são realizadas exclusivamente por pessoas que representam o ministério ordenado; em outros lugares, em combinação com grupos de visitação; e ainda em outros, só por visitadoras leigas. Importante é que as pessoas que fazem a visita se saibam enviadas por Jesus Cristo e que entrem na casa e na vida de alguém em nome do Senhor. Que sejam preparadas para ser agentes da justiça restaurativa nos lares.
 
Receber visita, receber recompensa, ficar com a recompensa – isso acontece com as pessoas que fazem o que é certo, que fazem o que Deus quer. Fica no ar o que acontece com as pessoas que não acolhem os visitadores, que não reagem à mensagem trazida na visita. Sim, vêm à mente todos os textos que falam de vingança, de justiça retributiva, ou seja, da justiça feita com punição e, de preferência, com dor.
  
A teologia da retribuição afirma que saúde, riquezas, filhos e vida longa eram sinais de que aquela pessoa estava realmente cumprindo a vontade de Deus. O contrário também é verdade. Pobreza, doenças, ausência de filhos são concebidas como consequências da não observância das leis de Deus e, desse modo, como um castigo de Deus.
 

sábado, 21 de junho de 2014

Só Deus é Bom!



Senhor,
Quem pode hospedar-se em tua casa e habitar em teu monte santo? 
Quem age na integridade e pratica a justiça.
Quem fala sinceramente o que pensa e não usa língua para caluniar.
Quem não prejudica seu próximo, e não difama seu vizinho.
Quem despreza o injusto, e honra os que temem ao Senhor.
Quem sustenta o que jurou, mesmo com prejuízo seu.
Quem não empresta dinheiro com juros, nem aceita suborno contra o inocente.
Quem age desse modo jamais será abalado!



Fonte: MESTERS, Carlos. Só Deus é Bom! As memórias do jovem rico.

Martiria - A espiritualidade do testemunho - Mt 10,26-33 [Orofino]




Jornada de Jesus aos olhos do artista He-qi.<br>Fonte: Site do autor
O evangelho lido neste 12º domingo comum está dentro do discurso de Jesus sobre a missão da comunidade cristã (Mt 10,1-42). Portanto, são palavras dirigidas aos discípulos e discípulas que assumiram o apostolado, que acolheram o chamado e o envio em missão. Infelizmente são poucos os discípulos e discípulas que assumem o apostolado. Até hoje. Após a escolha e o envio (Mt 10,1-4), Jesus dá um rumo à missão da comunidade (Mt 10,5-15). A missão não é tanto ir para longe, mas preocupar-se com as pessoas que estão perto e que precisam de apoio, carinho, solidariedade, ajuda. A missão da comunidade é dar prosseguimento à prática de Jesus em favor dos marginalizados pela religião oficial da época dele: os doentes, os leprosos, os possessos. As pessoas enviadas em missão devem anunciar o Reino de uma maneira simples e despojada, sem muitos artifícios de retórica ou de intelectualidade, muito menos em busca de resultados imediatos. Deus tem sua própria lógica.
Mas a mensagem não será transmitida sem conflitos (Mt 10,16). Os apóstolos são como ovelhas em meio a lobos. A imagem de lobo nas passagens bíblicas aponta para as autoridades dentro do povo de Deus. Jesus deixa claro que os apóstolos terão dificuldades com as autoridades religiosas dentro do judaísmo. Por isso, as comunidades devem ser antes de tudo, simples como pombas e prudentes como serpentes. Se o próprio Jesus enfrentou dificuldades com as autoridades religiosas, o mesmo vai acontecer com seus seguidores e seguidoras.

Movimentos sociais organizam plebiscito popular em defesa da Constituinte exclusiva para reforma política no Brasil




Plebiscito popular é alternativa dos movimentos sociais à ausência de consulta oficial à população sobre a reforma política<br>Fonte: Arquivo Rede Brasil Atual
Após as manifestações de junho de 2013, a presidenta Dilma Rousseff (PT) encaminhou ao Congresso Nacional a solicitação de que fosse realizado plebiscito em que o povo poderia votar sobre cinco pontos para uma reforma política no país: financiamento de campanha, definição do sistema eleitoral, suplência do Senado, coligações partidárias e voto secreto no Parlamento.
Contudo, a proposta acabou não vingando, já que os deputados – inclusive, integrantes do próprio PT – não apoiaram integralmente a medida. Desde então, movimentos sociais do país inteiro têm se dedicado à construção de um plebiscito popular sobre o tema. A votação irá ocorrer de 1 a 7 de setembro deste ano e trará apenas uma pergunta: “Você é a favor de uma constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político?”.
No total, 241 entidades já se juntaram ao movimento, dentre elas: centrais sindicais, como a CUT e a CTB; povos indígenas, como os Pataxós e os Tupinambás; partidos políticos, como PT, PCdoB, PCR e a corrente MES, do PSOL; MST e CNBB.
A intenção dos organizadores é repetir a mobilização deflagrada em 2002, quando movimentos sociais organizaram um plebiscito contra a participação do Brasil na Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). Na época, mais de 10 milhões de pessoas votaram no pleito popular, sendo que mais de 9 milhões rechaçaram a iniciativa do governo dos Estados Unidos. Com isso, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva  (PT), que tomou posse em 2003, não assinou o acordo comercial.
Presidente da CUT, Claudir Nespolo estima que 500 mil trabalhadores vinculados à central sindical votarão no plebiscito no estado<br>Fonte: Daiane Cerezer
“Tem que ser um plebiscito parecido. Só nas bases da CUT do Rio Grande do Sul, temos 500 mil trabalhadores preparados para votar, exigindo uma Constituinte exclusiva”, informa o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo.
Após ser finalizada a votação, o movimento pretende entregar seus resultados aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário nacionais. “O próprio processo de mobilização, no momento em que a ideia vai sendo massificada, já é uma forma de pressão. Os governantes e o próprio Parlamento vão se dar conta da importância que a população está dando para esse tema. O próximo período que o país vai viver não tem como prescindir de uma reforma política mais profunda”, defende Mauri Cruz, representante da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong).
Na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, a deputada estadual Stela Farias (PT) preside a Frente Parlamentar em Defesa do Plebiscito Popular. Ela afirma que os deputados estão colaborando na organização de comitês locais na Região Metropolitana e no interior do estado. Contudo, lamenta que a participação dos colegas não seja tão expressiva quanto entende ser necessário.
“Temos convicção de que o financiamento das campanhas tem que ser mudado. Não é mais possível manter o mesmo padrão, com financiamento de empresas que depois se apossam e se adonam da representação política. Muitos (deputados) temem se expor (em defesa da reforma política) num momento pré-eleitoral”, critica. Stela tem a expectativa de que o plebiscito popular consiga conquistar 20 milhões de votos e sensibilizar os governantes e parlamentares a encararem o tema da reforma política.

Fonte: Samir Oliveira - Jornal Sul 21

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Monólogos que perturbam: silêncios e ausências na Teologia da Libertação hoje [Maryuri Mora]



Já faz algum tempo que a Teologia da Libertação está em crise. Incômodas vozes de diferentes sujeitos têm interpelado esse paradigma que caracterizou de maneira unívoca o opressor, o oprimido e a si mesmo as condições da libertação. O desafio tornou-se cada vez maior diante da realidade cuja complexa dinâmica cultural e política impede categorizações homogêneas. As vozes, os rostos e as narrativas destes sujeitos sempre existiram e agora simplesmente se fizeram mais evidentes nos interstícios de um mundo que se reconfigurou. Pode a Teologia da Libertação dar conta desta realidade? Pode ela reconhecer as assimetrias de poder no interior do discurso libertador e os limites das categorias analíticas que foram privilegiadas? Essas e outras vozes continuam gritando que não. Não houve e não há uma interlocução real com estes sujeitos. Isso ficou evidente no primeiro Encontro de Juventudes e Espiritualidades Libertadoras de 01 a 04 de Maio, em Fortaleza. 

Haverá esperança para a que outrora fora uma teologia viva e encarnada nas lutas cotidianas do continente? Esse encontro acendia uma pequena esperança. A ideia surgiu entre alguns jovens participantes do Congresso Continental de Teologia em São Leopoldo, em outubro de 2012. Nesse congresso se comemorava 50 anos do Concílio Vaticano II e 40 anos da publicação da obra de Gustavo Gutiérrez como texto “inaugural” da Teologia da Libertação. O objetivo era mirar o presente e o futuro da América Latina a partir dos caminhos percorridos, reconhecendo os avanços e retrocessos, mas principalmente apontando os desafios e novas tarefas para a reflexão teológica do continente. 

Diante da esmagadora presença “dos” teólogos da libertação e seus temas, surgiu a inquietude pelos jovens, sobre as novas gerações e seu lugar na produção teológica contemporânea, assim como na vida da Igreja na América Latina. A ADITAL (Agência de Informação Frei Tito de Alencar para América Latina e Caribe), então, assumiu esta iniciativa e preparou o encontro com o apoio de outras organizações religiosas, ecumênicas e acadêmicas.E, como esperado, a expectativa era grande. O primeiro encontro de Juventudes e Espiritualidade Libertadora representava o momento oportuno e um espaço fértil para aprender mutuamente, compartilhar as experiências e trajetórias dessa espiritualidade que a grande maioria de nós participantes vivemos em nossos contextos locais, motivados e motivadas pela fé e pelo sonho de outros mundos possíveis. Queríamos e esperávamos um diálogo, uma costura conjunta entre a veterana geração de teólogos (com uma gritante ausência de teólogas) e as novas gerações. Tivemos, ao contrário, um monólogo.

Memória, Compromisso e Libertação: por onde anda a teologia da libertação latino-americana? [Nancy Cardoso Pereira]


Recupero três fidelidades de um passado ainda em aberto e pergunto pelas tarefas e paixão da teologia da libertação — feminista e radical. Me posiciono de modo pouco confortável na trajetória da teologia latino-americana. Não busco consenso nem aprovação, mas companhia, camaradagem, cumplicidade na conversa — improvável mas deliciosa — com Jose Comblin, Hugo Asmann e Marcella Althaus-Reid: presente!

1. A desconfiança do camponês: saudades do Padre Comblin


“Um camponês achava estranho que o padre da paróquia lia um trecho da Bíblia cada domingo, e cada domingo a Bíblia dava razão ao padre. O camponês dizia: "Não pode ser que a Bíblia sempre dê razão ao padre e nunca a nós, os camponeses. Acho que o padre não lê tudo, mas escolhe o que lhe convém". E assim foi: os textos propostos pela liturgia eram textos selecionados e os pregadores comentavam o que lhes convinha. Ora, o que interessava aos camponeses era justamente o resto, aquilo que os clérigos não liam e muito menos comentavam.”(1)

Esta pequena narrativa apresentada por José Comblin faz parte da Introdução Geral do Comentário Bíblico Latino Americano de 1985. O texto inicia afirmando: Este é um comentário latino-americano da Bíblia. Na forma de parábola o autor apresenta a identidade e as motivações do Comentário Latino-Americano.

De um lado, o “camponês” e sua desconfiança. Do outro lado, o “padre da paróquia” e seu controle sobre o texto bíblico. Este encontro entre a desconfiança do camponês e o poder do padre acontece “cada domingo” no espaço da “liturgia”. O poder de seleção e comentário dos textos bíblicos pertence ao “padre” que exerce sua leitura com autoridade de “escolher o que lhe convém”. O “camponês” tem o poder da suspeita, de ouvir a leitura e identificar as lacunas de sentido, identificar o texto atrelado às “razões do padre” e desautorizar a Bíblia por seu desinteresse com a “razão camponesa”. A desconfiança do “camponês” se expressa na fórmula: “não pode ser!” como intuição de que a Bíblia não está sendo comunicada na sua inteireza — “o padre não lê tudo” — e como reivindicação de que da Bíblia se leia o que “interessa aos camponeses”.

Quem crê tem vida em abundância - João 3,16-18 - Ildo Bohn Gass


Trindade na visão de He Qi.<br>Fonte: He Qi

A narrativa para a liturgia deste final de semana está no contexto da conversa entre Jesus e Nicodemos (João 3,1-21). Porém, as palavras de Jesus, que expressam a experiência das comunidades joaninas com o ressuscitado, são dirigidas a todas as pessoas.


A fonte da vida plena está no amor de Deus

Pois Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3,16).

Antes de tudo, vamos compreender melhor algumas palavras que constam neste evangelho. 

“Mundo” é uma referência a toda ordem injusta, designa tudo o que se opõe ao Reino, ao projeto de Deus. Por isso, diante de Pilatos, Jesus afirma: O meu reino não é deste mundo (João 19,26). Dizendo isso, afirma que o seu projeto não é conforme o reino deste mundo, o mundo de Pilatos. Este era o mundo do império romano, da ocupação militar, da corrupção, da exploração dos pobres, da violência. A missão de Jesus é viver e fazer crescer o Reino de Deus entre nós, para superar as relações deste mundo injusto.

Quando o quarto evangelho se refere à “vida eterna”, não somente indica a nova dimensão da vida após a morte. Esta é uma expressão que também faz referência à vida presente. Convém conferir alguns versículos, onde assim está escrito: tem a vida eterna (João 6,40.47.54). Ali, como também em outras passagens, o verbo ter não está no futuro, mas no presente do indicativo. Isso revela que o amor de Deus manifestado em Jesus gera, neste mundo, vida eterna, isto é, vida definitiva, vida plena, vida digna, vida cidadã, vida em abundância (João 10,10). Também, no nosso texto, o verbo ter está no tempo presente, porém, do modo subjuntivo. E em João 17,3, Jesus define em que consiste a vida eterna: que eles te conheçam a ti, o Deus único e verdadeiro e aquele que enviaste, Jesus Cristo. E conhecer a Deus é viver o amor e a justiça (cf. Jeremias 22,15-16; Oseias 2,21-22; 6,6).

terça-feira, 10 de junho de 2014

"Cartilha" com total de gastos da Copa do Mundo no Brasil escancara o roubo




Divulgando os dados oficiais da Copa do Mundo no Brasil, a mais cara da história das Copas, a cartilha “Copa pra que(m), Quem vai pagar a conta?” escancara o roubo do patrimônio e da dignidade do povo brasileiro.

O mito do “legado da copa” cai por terra se confrontado com os números que saíram dos cofres públicos e a isenção de impostos às bilionárias empresas que lucram de todas as formas e o que de fato os pobres estão usufruindo.

A Copa do Japão e da Coréia (2002) custou 4,6 bilhões de dólares, a da Alemanha (2006), 3,7 bilhões de euros e a da África do Sul (2010), US$ 3,5 bilhões. Em  setembro de 2013, a Matriz de Responsabilidades da Copa  previa gastos totais de mais de R$ 25 bilhões. Hoje os valores superam R$ 30 milhões (cerca de US$ 15 bilhões).

A cartilha ainda aponta, entre outras coisas, que a promessa da CBF de que a Copa seria “um evento que consome a menor quantidade de dinheiro público do mundo” obviamente não se concretizou e apenas 0,4% dos gastos virão do setor privado. Isso mesmo, de cada 100 reais gastos apenas 40 centavos serão privados! Todo o resto vem dos cofres públicos

A cartilha está sendo distribuída pelo Jubileu Sul, plataforma de movimentos sociais da qual a PJ faz parte e pode ser baixada no anexo 1.
  

Anexos

ANEXO

João 20,19-31 - A missão da comunidade: "A paz esteja com vocês!"



 
1. Olhar de perto os acontecimentos da nossa vida

No evangelho de hoje, vamos meditar sobre a aparição de Jesus aos discípulos e a missão que eles receberam. Eles estavam reunidos com as portas fechadas porque tinham medo dos judeus. De repente, Jesus se coloca no meio deles e diz: “A paz esteja com vocês!” Depois de mostrar as mãos e o lado, ele diz novamente: “A paz esteja com vocês! Como o Pai me enviou, eu envio vocês!” Em seguida, lhes dá o Espírito para que possam perdoar e reconciliar. A paz! Reconciliar e construir a paz. Esta é a missão que recebem. Hoje, o que mais faz falta é a paz: refazer os pedaços da vida, reconstruir as relações quebradas entre as pessoas. Sobretudo agora neste ano do jubileu! Relações quebradas por causa da injustiça e por tantos outros motivos. Jesus insiste na paz. Repete várias vezes. As pessoas que lutam pela paz são declaradas felizes e são chamadas filhos e filhas de Deus (Mt 5,9).

     1.1 Situando

Na conclusão do capítulo 20 (Jo 20,30-31), o autor diz que Jesus fez “muitos outros sinais que não estão neste livro. Estes, porém, foram escritos (a saber os sete sinais relatados nos capítulos 2 a 11) para que vocês possam crer que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, acreditando, ter a vida no nome dele” (Jo 20,31). Isso significa que, inicialmente, esta conclusão era o final do Livro dos Sinais. Mais tarde, foi acrescentado o Livro da Glorificação que descreve a hora de Jesus, a sua morte e ressurreição. Assim, o que era o final do Livro dos Sinais passou a ser conclusão também do Livro da Glorificação.

2. Comentando

     2.1 João 20,19-20: A experiência da ressurreição

Jesus se faz presente na comunidade. As portas fechadas não podem impedir que ele esteja no meio dos que nele acreditam. Até hoje é assim. Quando estamos reunidos, mesmo com todas as portas fechadas, Jesus está no meio de nós. E até hoje, a primeira palavra de Jesus é e será sempre: “A paz esteja com vocês!” Ele mostrou os sinais da paixão nas mãos e no lado. O ressuscitado é o crucificado. O Jesus que está conosco na comunidade não é um Jesus glorioso que não tem mais nada em comum com nossa vida. Mas é o mesmo Jesus que viveu nesta terra, e traz as marcas da sua paixão. As marcas da paixão estão hoje no sofrimento do povo, na fome, nas marcas de tortura, de injustiça. É nas pessoas que reagem, lutam pela vida e não se deixam abater que Jesus ressuscita e se faz presente no meio de nós.