segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Todos recebemos algum dom de Deus. Para que servem os dons? (Mateus 25,14-30) [Lopes, Mesters e Orofino]



Marisa Thozzi, biblista e assessora do CEBI Grande SP, comenta a intenção original de Jesus, ao contar a parábola dos talentos, proposta para a liturgia deste final de semana.

Uma foi a intenção original da parábola quando Jesus a contou. Outra foi a intenção das comunidades, feita posteriormente como catequese, quando fazem dela uma interpretação alegórica.

Originalmente, Jesus denuncia os gananciosos inescrupulosos e ávidos por lucro, dos quais a Palestina e todo o império romano estavam repletos. Jesus está denunciando a crueldade do sistema econômico, onde lucros eram sempre bem vindos, venham de onde vierem e custem o que custarem, até a liberdade do devedor ou mesmo a sua morte. A parábola testemunha o repúdio de Jesus ao sistema econômico violento e leva-nos, hoje, a tomar posição em relação ao capitalismo igualmente cruel, exigindo que o dinheiro se reproduza a todo custo, sem a mínima preocupação com a ética mais elementar.

O servo reprovado pelos poderosos é, sem dúvida, o único que teve coragem de não compactuar com o sistema. E, tal como difunde hoje a mídia empresarial, os mais ricos alimentam ódio contra o servo, levando à morte. Ao fazer essa dura denúncia àquele sistema cruel, não é difícil entender o porquê de Jesus de Nazaré incomodar tanto, a ponto de sua morte ser desejada por todos os poderosos de ontem e de hoje.

Na sequência, Ir. Mercedes, Fr. Carlos e Orofino comentam a interpretação alegórica da parábola, proposta pelas comunidades de Mateus.

1  Situando
 
1. A “Parábola dos Talentos” (Mt 25,14-30) faz parte do 5º Sermão da Nova Lei. Ela está situada entre a “Parábola das Dez Moças” (Mt 25,1-13) e a “Parábola do Juízo Final” (Mt 25,31-46). As três parábolas orientam as pessoas sobre a chegada do Reino. A “Parábola das Dez Moças” insiste na vigilância: o Reino pode chegar a qualquer momento. A “Parábola dos Talentos” orienta sobre como fazer para que o Reino possa crescer. A “Parábola do Juízo Final” diz que, para tomar posse do Reino, se devem acolher os pequenos.

A bíblia é um livro negro de hermenêutica branca





Homem branco pregando<br>Fonte: Desconhecida;
“Sou negro, realizo uma fusão total com o mundo, uma compreensão simpática com a terra, uma perda do meu eu no centro do cosmos: o branco, por mais inteligente que seja, não poderá compreender Armstrong e os cânticos do Congo. Se sou negro não é por causa de uma maldição, mas porque, tendo estendido minha pele, pude captar todos os eflúvios cósmicos. Eu sou verdadeiramente uma gota de sol sob a terra...” 
Frantz Fanon, em “Pele negra, Máscara branca” (1)

A bíblia sempre foi, e continua sendo, um livro em disputa. Nada surpreendente, em se tratando de um livro que dita em definitivo as regras, estabelece a “normalidade”, ou a “normatividade”, de toda uma civilização. Um livro, uma narrativa, com esse poder, não pode pertencer a um povo marginal, ele deverá ser universal, e para ser universal ele deve ser lido a partir da construção hegemônica. Talvez por isso todas as suas histórias são lidas quase que unilateralmente ou para exemplificar, esclarecer, o relacionamento com Deus, ou para tratar do relacionamento com o outro, com a igreja e com o mundo (como um cristão deve agir). A hermenêutica hegemônica não permite a leitura biopolítica da bíblia. Nela não se enxerga o controle social, o governo dos corpos, o exercício do poder sobre o cotidiano, o uso da força produtiva do cidadão comum, os pobres da cidade. Da mesma forma, nela também não se permite a racialização da leitura. A “lupa racial” foi quebrada, antes mesmo que pudesse ser usada. 

A estranheza diante de uma proposta de Teologia Negra ou Feminista, só evidencia nossa dificuldade em lidar com a diversidade que a bíblia contém, mas é invisibilizada. Estranho mesmo é imaginar que a bíblia tenha sobrevivido por tantos séculos como um livro realmente diferente de qualquer outro, no que diz respeito a sua relação com a historicidade. Dela ocultou-se o conflito, os embates, a crítica social, a denúncia da exploração, a sexualidade, a sensualidade, o racismo, o estigma. Mais fabuloso que um mar que se abre e um homem que é engolido por um grande peixe, é a narrativa de personagens a-históricos, sem contexto, como que incontextualizáveis, sem dramas pessoais, desprovidos de dramas humanos, envolvidos em grandes feitos atravessados pelos fenômenos maravilhosos, mas não envolvidos nos feitos do dia a dia (a traição, a sedução, a disputa de poder, o nepotismo, a tradição, a artimanha, a capacidade de mentir e enganar, a expectativa, a frustração, a solidariedade, a honra, a ética). 

Anistia Internacional lança campanha sobre o alto índice de homicídios de jovens



Jovem Negro Vivo!<br>Fonte: ANISTIA Internacioal | www.anistia.org.br
A Anistia Internacional lançou no domingo (09/11), às 10h, na pista de skate do Aterro do Flamengo (altura do Museu da República), Rio de Janeiro, a campanha Jovem Negro Vivo. A mobilização chama a atenção para o alto número de mortes de jovens no país, em especial entre a juventude negra.

“Além de ser um país com um dos maiores índices de homicídios no mundo, o Brasil está matando mais seus jovens e, entre estes, os negros. Os números são chocantes. Dos 56 mil homicídios que ocorrem por ano, mais da metade são entre os jovens. E dos que morrem, 77% são negros. A indiferença com a qual o tema é tratado na agenda pública nacional é inaceitável. Esteve presente de forma tímida no debate eleitoral, está fora das manchetes dos jornais. Parece que a sociedade brasileira naturalizou esta situação”, afirma Atila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional Brasil.

Com a campanha Jovem Negro Vivo, a Anistia Internacional convida todas as pessoas a conhecer e contribuir para mudar esta realidade. Para isso, mobiliza a sociedade para assinar o manifesto “Queremos ver os jovens vivos”, que defende o direito a uma vida livre de violência e preconceito. E ainda pede políticas públicas de segurança, educação, saúde, trabalho, cultura, mobilidade urbana, entre outras, que possam contribuir para o enfrentamento desta realidade.

A morte violenta não pode ser aceita como destino de tantos jovens. As consequências do preconceito e dos estereótipos negativos associados a estes jovens e aos territórios das favelas e das periferias devem ser amplamente debatidas e repudiadas”, destaca Atila Roque.

Dia da Consciência Negra: entrevista com Marcelo Barros




Marcelo Barros<br>Fonte: Divulgação
O Brasil celebra hoje, 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra. A data faz referência à morte de Zumbi, o então líder do Quilombo dos Palmares – situado entre os estados de Alagoas e Pernambuco, na região Nordeste do Brasil. Zumbi foi morto em 1695, na referida data, por bandeirantes liderados por Domingos Jorge Velho.
 
O dia de sua morte, descoberta por historiadores no início da década de 1970, motivou membros do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial, em um congresso realizado em 1978, a elegerem a figura de Zumbi como um símbolo da luta e resistência dos negros escravizados no Brasil, bem como da luta por direitos que seus descendentes reivindicam ainda nos dias de hoje.
 
Desde Zumbi, a realidade do negro no Brasil mudou bastante, mas as disparidades continuam. Por exemplo: entre os jovens assassinados, 77% são negros (saiba mais aqui). No mundo do trabalho, dados mostram que um trabalhador negro no Brasil ganha, em média, pouco mais da metade (57,4%) do rendimento recebido pelos trabalhadores de cor branca (confira aqui). E por aí vai...
 
É por estas e outras que a luta por mais igualdade não pode parar.
 
Aproveitando o ensejo, o CONIC fez uma entrevista com o monge Marcelo Barros. O bate-papo abordou, entre outros temas, a perseguição que religiões com raízes africanas (como o Candomblé e a Umbanda) ainda sofrem no Brasil; o papel do poder público, cotas, além de seu mais novo livro, “Na Casa de meu Pai há muitas moradas - Conversas com um pastor pentecostal sobre a Bíblia e outras religiões” *.
 
CONIC: Qual é a importância de se comemorar esta data no Brasil, um país forjado por mãos de escravos, mas que, em pleno século XXI, custa aceitar o papel do negro na construção da nação?

Papa e movimentos sociais populares: entrevista com Rosângela Piovizani




Rosangêla e o Papá<br>Fonte: Divulgação
 No dia 28 de outubro último, o papa Francisco recebeu no Vaticano, para um encontro inédito no seio da Igreja romana, representantes de movimentos sociais populares de todas as partes do planeta. Pessoas que lutam por moradia, trabalho digno, melhores condições de emprego e renda, além de representantes do campesinato mundial estiveram presentes.
 
Do Brasil, entre outros, estava participou o secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner; o membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile e a coordenadora nacional do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) e da Via Campesina, Rosângela Piovizani Cordeiro.
 
“Este encontro nos dará mais condições de entrar em espaços que desde um certo período vêm se afastando da luta camponesa e da luta de enfrentamento ao capital. Eu penso que teremos mais liberdade em dialogar nas paróquias, nas dioceses e dizer: ‘Olha, o papa está aberto, porque vocês não?’”, questionou Rosângela Piovizani em entrevista inédita ao CONIC. Confira!
 
 
1) Na história do papado, esta é a primeira vez que um papa se reúne com representantes de movimentos sociais populares do mundo inteiro. Como avalia esta iniciativa?
 
Rosângela: Essa iniciativa é uma das coisas na vida da Igreja e na vida dos movimentos sociais das mais importantes que já aconteceu. Foi uma experiência inédita e frutífera, que nos dá muito mais força para continuar na luta. E sabemos que tal encontro é uma construção que não é de hoje, até pelo longo envolvimento do papa Francisco com os movimentos sociais populares na Argentina. Logo, este não foi um evento que o papa tirou da cabeça, afinal, ele já tinha uma vida a serviço destas causas e sempre lutou ao lado dos pobres, engajado no enfrentamento à miséria e à pobreza, tudo isso com diálogo permanente com os movimentos da Argentina.

Mateus 25,31-46: “Quem está aí?” – “Sou eu!” Entre nós está, e não o conhecemos [Mesters, Lopes e Orofino]



<br>Fonte: Fano
No domingo, 23/11, meditaremos sobre o texto em que Jesus diz estar presente nas pessoas com fome e sede e sem roupa, nos estrangeiros, nas pessoas doentes, presas e sem casa. Pessoas assim é que não faltam hoje. Existem em toda parte. O número delas cresce cada vez mais.  Somado a isso, o aumento do desemprego, da pobreza e das  doenças é produzido pelo sistema neoliberal. 

1. Situando
 
1. O Sermão da Montanha, o primeiro livro da Nova Lei, abriu com as oito bem- aventuranças. 

O Sermão da Vigilância, o quinto e último livro da Nova Lei, encerra com a parábola que descreve o juízo final. As bem-aventuranças descreveram o portão de entrada para o Reino, enumerando oito categorias de pessoas: os pobres de espírito, os mansos, os aflitos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os de coração limpo, os promotores da paz e os perseguidos pela justiça. A “Parábola do Juízo Final” conta o que devemos fazer para poder tomar posse do Reino, a saber, acolher os famintos, os sedentos, os estrangeiros, os sem-roupas, os doentes e os prisioneiros. No começo e no fim da Nova Lei, estão os excluídos e marginalizados, estão os que procuram acabar com a exclusão.
 
2. No fim do século I, as comunidades cristãs eram uma minoria. 

Vistas do lado de fora, pareciam grupos dissidentes do mundo judeu. Ainda não tinham lideranças próprias organizadas. Seus superiores jurídicos ainda eram os escribas e os fariseus. O que havia eram missionários e missionárias ambulantes que passavam pelas comunidades para animá-las a continuar firmes na nova maneira de viver a Lei de Deus. Estes missionários eram pessoas simples, leigas, sem muita instrução. Por isso, eram desprezadas e perseguidas pelas lideranças dos judeus. Passavam fome e sede e, muitas vezes, eram jogadas na prisão. Esta situação é o pano de fundo da “Parábola do Juízo Final”.

Mc 13.(24)33-37: Vigiai e orai [Elaine Neuenfeldt]



Vigiar e orar!<br>Fonte: Desconhecida;
Esta é uma fórmula que fica guardada na memoria ao ler este texto bíblico. Estar atentos combinado com a oração. É esta a principal mensagem do que se guardou na memória em relação a este texto. E muitas vezes já se afirmou que oração sem ação ou igualmente ação sem oração se torna vazio de sentido na prática cristã.
 
O texto do evangelho de Marcos a ser refletido no primeiro domingo de Advento reflete uma linguagem apocalíptica, ou um jeito de dizer profecia em tempos de perseguição e perigo. O contexto do texto na época reflete o período conturbado da destruição do Templo de Jerusalém pelos romanos e a subsequente perseguição, morte e violência sofrida neste período. Vigiar constantemente, em todos os momentos - à tarde, à meia-noite, ao cantar do galo, pela manhã engloba todas as horas do dia. Não há tempo de deixar cair a guarda, de cochilar. Estas são recomendações que se encaixam no período litúrgico celebrado: o Advento. Advento é tempo de espera, de esperança; mas não uma espera passiva, de cruzar os braços. Esperança ativa que se desenvolve em ações que concretizam os anseios da oração feita é o que envolve o período do ad-vento - do tempo que já vem.

Este primeiro domingo de advento foi celebrado em 2011 num momento que se outorgaria no dia 10 de dezembro, em Oslo, Noruega, o premio Nobel da Paz a três mulheres: a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, a militante Leymah Gbowee, também liberiana, e a jornalista e ativista iemenita Tawakkul Karman. É de destacar que em 111 anos, apenas 12 mulheres haviam recebido o Nobel da Paz. Considerando todas as categorias do prêmio, até aquele momento apenas 44 mulheres haviam sido agraciadas.[1]

sábado, 8 de novembro de 2014

Os direitos da juventude para além das urnas: Nota da Rede Ecumênica da Juventude sobre o pós-eleição presidencial

(João 2,13-25) Uma faxina na casa de Deus: Jesus é o novo templo [Mesters, Lopes e Orofino]





1. Situando
1.  O início da atividade de Jesus foi apresentado dentro do esquema de uma semana. Agora, ao iniciar a descrição dos sinais que acontecem no sábado prolongado, o Quarto Evangelho adota o esquema das festas. Sábado é festa! Todos os sinais relatados por João estão relacionados, de uma ou de outra maneira, com festas importantes da vida do povo: casamento (Jo 2,1), Páscoa (Jo 2,13; 6,4; 11,55; 12,12; 13,1), Tendas (Jo 7,2.37), Pentecostes (Jo 5,1), Dedicação do Templo (Jo 10,22).
2.  Os evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas colocam a expulsão do templo no fim da atividade de Jesus, pouco antes da sua prisão, como um dos motivos que levaram as autoridades a prender e matar Jesus. O Evangelho de João coloca o mesmo episódio no começo da atividade de Jesus. É para que as comunidades entendam que a nova imagem de Deus, revelada por Jesus, não está mais no antigo templo de Jerusalém, mas sim no novo templo, que é Jesus. Não se pode colocar remendo novo em pano velho (Mc 2,21).
2. Comentando
1.  João 2,13-14: Na festa da Páscoa, Jesus vai ao Templo para encontrar o Pai, e encontra o comércio
Os outros evangelhos relatam apenas uma única visita de Jesus a Jerusalém durante a sua vida pública, aquela em que ele foi preso e morto. O Evangelho de João traz informações mais exatas. Ele diz que Jesus ia a Jerusalém nas grandes festas. Ir a Jerusalém significava ir ao templo para encontrar-se com Deus. No casamento em Caná, apareceu o contraste entre o vazio do Antigo e a abundância do Novo. Aqui aparece o contraste entre o antigo templo, que virou casa de comércio, e o novo templo, que é Jesus.
2.  João 2,15-16: Jesus faz uma faxina no templo
No templo, havia o comércio de animais para os sacrifícios e havia as mesas dos cambistas, onde o povo podia adquirir a moeda do imposto do templo. Vendo tudo isso, Jesus faz um chicote de cordas e expulsa do templo os vendedores com seus animais. Derruba as mesas dos cambistas, joga o dinheiro no chão e diz aos vendedores de pombas: “Tirem essas coisas daqui! Não façam da casa do meu Pai uma casa de comércio!” O gesto e as palavras de Jesus lembram várias profecias: a casa de Deus não pode ser transformada em covil de ladrões (Jr 7,11); no futuro não haverá mais vendedor na casa de Deus (Zc 14,21); a casa de Deus deve ser uma casa de oração para todos os povos (Is 56,7).

Mateus 5,1-12: As bem-aventuranças como caminho de santidade [Ildo Bohn Gass]

sábado, 27 de setembro de 2014

Mt 21,28-32: Prostitutas e publicanos entrarão primeiro no Reino dos Céus




<br>Fonte: Acervo CEBI;

A frase está no comentário de Jesus à parábola dos dois filhos: um diz que vai fazer o que o pai pediu e não faz. O outro diz que não quer, mas depois faz a vontade do pai. Texto intrigante!

Esses versículos precisam ser lidos no conjunto do capítulo 21 do Evangelho segundo Mateus: Jesus entrara em Jerusalém (Mt 21,1-11) e tinha entrado em confronto direto com a religião do templo, recorrendo à denúncia já feita por Jeremias: “vocês transformaram a casa de meu pai num covil de ladrões” (Jr 7,11; Mt 21,12-17).

Da boca dos pequeninos, o verdadeiro louvor

O episódio da expulsão dos vendedores do templo é descrito pelos quatro evangelhos. Mateus, entretanto, acrescenta outra provocação de Jesus: cegos e coxos, até então impedidos de entrar no templo por serem considerados pecadores, são curados por Jesus no próprio santuário (Mt 21,14-17). E diante da indignação dos principais sacerdotes e escribas, responde: “Vocês nunca leram que é da boca dos pequeninos e crianças de peito que vem o perfeito louvor?” Desta vez, ele recorreu ao Salmo 8. 

A parábola dos dois filhos vem na sequência da figueira estéril (Mt 21,18-22), imagem de um templo e de uma religião que não produzem mais frutos, e do debate de Jesus com as autoridades sobre o batismo de João (Mt 21,23-27). 

Jesus, a Lei e a Justiça

“Mas, que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha. Ele, porém, respondendo, disse: Não quero. Mas depois, arrependendo-se, foi. E, dirigindo-se ao segundo, falou-lhe de igual modo; e, respondendo ele, disse: Eu vou, senhor; e não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não crestes nele, mas os cobradores de impostos e as prostitutas nele creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para crer nele.”

“João veio até vós no caminho da justiça, e não crestes nele. Os cobradores de impostas e as prostitutas creram...” (Mt 21,32). O “caminho da justiça” é o caminho de Deus, de seu projeto, de sua vontade, de sua Lei. Na comunidade de Mateus, havia filhos - os fora da Lei - que tinham dito “não quero”, porém se converteram à justiça anunciada por João e foram fiéis no seguimento de Jesus. Já os fariseus, que se consideravam justos, cumpridores da Lei, ficaram de fora. A comunidade de Mateus foi radical na hora de transmitir o que entendeu como fidelidade à Lei.

“Não pensem que vim abolir a Lei e os Profetas, mas dar-lhes pleno cumprimento. Quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar aos outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Por outro lado, quem os praticar e ensinar, será grande no Reino dos Céus” (Mt 5,17-19).

A comunidade de Mateus, por um lado, insiste na fidelidade à Lei, por outro diz que o próprio Jesus desobedeceu à lei do descanso sabático, às leis da purificação. Como entender esta aparente contradição entre o que Jesus pede que façamos e o que Ele mesmo praticou no seu tempo?

Na compreensão judaica, Lei e Profetas representam todo o Antigo Testamento: a História de um Deus que caminha com o seu povo e com ele faz Aliança. Jesus veio dar plenitude a esse tratado de amizade de Deus com o povo. Ele quer que sejamos fiéis ao plano salvífico do Pai, fiéis ao espírito do Antigo Testamento e não apenas a um conjunto de regras morais. Assim, resgatou o sentido original da Lei que é o amor misericordioso de Deus e questionou as leis casuísticas da tradição. Por isso, dizia: “ouvistes o que foi dito... Eu, porém, vos digo...” (Mt 5,21-22).

O evangelho da comunidade de Mateus, que vive as dificuldades com o legalismo farisaico, lembra as palavras de Jesus: “Se a justiça de vocês não supera a dos doutores da Lei e a dos fariseus, vocês não entrarão no Reino dos Céus” (Mt 5,29). E logo, nos capítulos 5 a 7, explica qual deve ser a atitude cristã diante da Lei (contra a prática dos escribas) e diante das obras de piedade (contra o jeito dos fariseus). A síntese aparece na boca do próprio Jesus: “Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles. Pois nisso consistem a Lei e os Profetas” (Mt 7,12).

Mas e Jesus, como cumpre a Lei? O importante para ele é a Lei da vida. Ele nunca aparece angustiado por leis ou normas cultuais. Ao contrário, denuncia os doutores da Lei e os fariseus que “amarram fardos pesados e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo...” (Mt 23,4). Jesus, ao contrário, vive com grande fidelidade e liberdade e ainda nos convida: “Venham a mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso do seu fardo e eu lhes darei descanso” (Mt 11,28). Para ele, o cumprimento do preceito não é o mais importante. Por isso: “Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês pagam o dízimo da hortelã, da erva doce e do caminho e deixam de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade” (Mt 23,23). E, por último: “Aprendam o que significa: ‘Eu quero misericórdia e não sacrifícios’’’ (Mt 9,13).

E nós hoje?

São fortes as palavras de Jesus sobre qualquer forma de hipocrisia religiosa. Esses versículos não escondem o recado: uma religião que se restringe ao cumprimento de rituais e não se vincula com o caminho da justiça, não produz adesão verdadeira.

Como superar a religião do rito? Como fazer a vontade de Deus de fato e não apenas por palavras? A reposta cabe a cada um e cada uma de nós, pessoal e comunitariamente.

Acesse também:
 

Fonte: Disponível no subsídio: Convém que se cumpra toda a Justiça. CEBI-GO

Capitalismo versus Clima: é possível conciliá-los?



Capitalismo x ecologia.<br>Fonte: Desconhecida;
Na semana que antecedeu a massiva manifestação contra a inação dos governos quanto ao aquecimento global e a reunião na ONU sobre mudança climática, ambos em Nova Iorque, foi publicado o livro da ativista Naomi Klein –  renomada mundialmente pela luta contra as mudanças climáticas no mundo -, chamado This Changes Everything: Capitalism vs. Climate  (Isso Muda Tudo: Capitalismo vs. Clima).

Nesse novo livro, a “verdade inconveniente” – como diria o ex-vice presidente dos EUA Al Gore – sobre o aquecimento global é que a questão não é apenas sobre fixação do preço internacional para as emissões de dióxido de carbono, e sim sobre o capitalismo. Como se os interesses de nosso modelo econômico atual não condissessem com a natureza da Terra. “Se nós não mudarmos radicalmente o curso do clima, [ele] ficará ainda mais quente e as coisas ficarão ainda mais brutais”, sentencia Klein.

Os chamados “negadores climáticos” sabem muito bem que a promoção de mudanças quanto a políticas climáticas resultará, invariavelmente, em modificações no sistema capitalista. “Razão pela qual, provavelmente, eles são ‘negadores’”, argumenta. É difícil imaginar como existem aqueles que, em nome do dinheiro, ainda tapam os olhos e ouvidos para as catastróficas consequências da mudança climática – a qual eles e suas famílias também serão vítimas, mas é o que acontece.

“Não é que não se possa ganhar dinheiro e gerar riqueza em uma economia verde, em uma economia renovável, ou uma economia regenerativa”, pondera Klein. “[Mas] isso não vai gerar o tipo de riqueza que os combustíveis fósseis são capazes. Os combustíveis fósseis realmente criam uma economia super-estratificada, que produz enormes lucros, pois os recursos estão concentrados [em algum lugar]”, explica.

Não é que não se pode gerar riqueza com a energia renovável, mas nunca será o montante de dinheiro gerado pelos combustíveis fósseis por eles serem essencialmente descentralizados. “O ar e o vento, primeiramente, são de graça, e estão por todas as partes”, diz a autora.

O primeiro e mais importante passo para combate às mudanças climáticas seria todos os países finalmente reconhecerem seus papéis no passado pela situação presente e, por fim, assumirem suas responsabilidades pelo futuro do planeta.

7.754.436 MILHÕES DE PESSOAS VOTARAM NO PLEBISCITO!



Plebiscito popular é alternativa dos movimentos sociais à ausência de consulta oficial à população sobre a reforma política<br>Fonte: Livre
O Resultado Oficial da Votação do Plebiscito Constituinte é anunciado em Coletiva de Imprensa em São Paulo. Foram 7.754.436 MILHÕES DE PESSOAS VOTARAM NO PLEBISCITO!

Um dos próximos passos será o acampamento nacional em Brasília que será montado no mês de outubro, quando milhares de pessoas entregarão o resultado do plebiscito aos três poderes e à presidenta Dilma Rousseff.

O Plebiscito Popular da Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político produziu uma unidade entre as forças sociais e populares que não se via desde a campanha contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), comprovando a força desta proposta no atual momento histórico.

Foram mais de 100 mil militantes e ativistas voluntários em todo o país, a imensa maioria de jovens, dedicando-se de forma incansável em instalar urnas em toda parte. O primeiro Plebiscito Popular da era das redes sociais produziu uma infinidade de imagens, gerando a bem-humorada modalidade que foi apelidada de #PlebiSelfie, envolvendo artistas, intelectuais, lideranças populares numa campanha onde todos puderam acompanhar o ânimo e o esforço militante nos mais distantes pontos.

Mais uma vez, a força das redes sociais driblou a proposital omissão da grande mídia. A grande mídia limitou-se a coberturas locais e artigos críticos, desqualificando a campanha e os participantes. Nada impediu que a mobilização ganhasse a proporção que tomou.

O elemento mais original deste plebiscito popular, quando comparado às experiências anteriores, foi a participação dos trabalhadores. Uma enorme quantidade de urnas em fábricas e empresas marcaram o envolvimento do movimento sindical. Centenas de escolas e universidades realizaram debates e o tema da Constituinte ganhou força na juventude.

Hoje, não resta dúvida de que, se novas circunstâncias possibilitarem novamente grandes mobilizações da juventude, a bandeira da “Constituinte Já” ganhará as ruas. Não só porque a unidade consagrada entre os principais movimentos sociais irá assegurar sua presença, como pelo resultado do formidável trabalho pedagógico construído no Plebiscito Popular.

A primeira batalha foi vitoriosa. Porém, a conquista de uma Constituinte não será tarefa fácil. Será necessário conquistar um plebiscito oficial, com valor legal, com a mesma pergunta: “Você é a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político?” E o Congresso Nacional detém a prerrogativa de convocar um Plebiscito Legal.

Sabemos que sem muita pressão social, uma vitória que incomoda tanto os interesses da classe dominante é impossível. Recordemos que mesmo a campanha das “Diretas Já”, nossa maior mobilização social, que mais acumulou forças para a luta popular não conseguiu aprovar a Emenda Dante de Oliveira que restabelecia eleições presidenciais diretas.

Isso somente será possível se os mais de 1.800 comitês populares que se conformaram ao longo da preparação do Plebiscito Popular forem capazes de se manter atuantes, conservando a preciosa unidade entre as diversas forças políticas e novos ativistas que trabalharam juntos nos últimos meses.

Estamos assistindo a uma ofensiva política conservadora, que aposta todas as fichas em derrotar as conquistas obtidas nas últimas décadas. Assistimos a isso no formato diretamente golpista em Honduras e no Paraguai, nas últimas eleições em que se construíram candidaturas muito bem patrocinadas nos vários países do continente e nos intensos ataques contra o governo Maduro na Venezuela. Seria muita ingenuidade imaginar que não aproveitariam a conjunção de uma quadro recessivo com as eleições brasileiras.

Com o atual sistema político em que o Parlamento é hegemonizado por grandes grupos econômicos, nenhum avanço social será possível. Não basta uma mera reforma eleitoral, mudar o sistema político é mudar suas bases constitucionais. Daí por que a proposta de uma Constituinte incomoda tanto os conservadores.

O maior resultado deste plebiscito popular não será medido em números. É ter conquistado corações e mentes da juventude. Esta é a garantia de que a bandeira da “Constituinte já” seguirá ganhando força. E todos os que trabalharam incansavelmente nesta campanha levarão pro resto da vida o orgulho de terem deflagrado o movimento que mudará o curso de nossa história.

Fonte: plebiscitoconstituinte.org.br | Editorial Brasil de Fato.

Movimentos sociais apresentam plataforma política para debate no processo eleitoral



Manifestações Junho 2013<br>Fonte: Reprodução wikipedia.
Nesse mês de setembro cerca de 60 organizações e movimentos sociais de todo o Brasil divulgaram sua plataforma política para o debate no processo eleitoral de 2014.

A “Plataforma Política dos Movimentos Sociais – Para resolver os problemas do povo brasileiro” - direcionada à sociedade e aos candidatos - surgiu da análise de movimentos e organizações sobre o desvirtuamento do processo eleitoral, que passou do que deveria ser espaços de debates e afirmações de projetos dos partidos e candidatos, para a “venda” destes como mercadorias, em propagandas e marketing.

Para os movimentos, “os processos eleitorais devem ser espaços de debate e afirmações de projetos, que impliquem uma concepção de sociedade e de Estado, pautem as rupturas necessárias para enfrentar as grandes questões estruturais da sociedade, além de apontar a natureza de nossos problemas e as soluções necessárias”.

Entre os principais pontos abordados, os movimentos discorrem sobre uma reforma do sistema político “que elimine o ‘voto’ do Poder Econômico nas eleições e nas definições das políticas públicas”; a democratização dos meios de comunicação “com a implementação das propostas aprovadas na Conferência Nacional de Comunicação”; a democratização da Educação “com a universalização do acesso à educação em todos os níveis”, entre outros.

Segue a íntegra do documento.


Plataforma Política dos Movimentos Sociais

Para resolver os problemas do povo brasileiro

Brasil, Setembro de 2014    

   Os processos eleitorais devem ser espaços de debate e afirmações de projetos, que impliquem uma concepção de sociedade e de Estado, pautem as rupturas necessárias para enfrentar as grandes questões estruturais da sociedade, apontem a natureza de nossos problemas e as soluções necessárias. Mas não é isso que percebemos. Apesar das candidaturas expressarem projetos distintos para o Brasil, cada vez mais os processo eleitorais discutem menos política e se tornam grandes estratégias de marketing, vendendo os/as candidatos/as como mercadorias. Neste “jogo”, o poder econômico ganha de goleada subjugando a política e as instituições públicas aos seus interesses de classe, impedindo as transformações políticas, econômicas, Sociais, culturais e ambientais que interessam ao povo brasileiro.
É em razão desta análise que movimentos sociais e organizações de todo Brasil apresentam para a sociedade e para as candidaturas a sua plataforma política para debate no processo eleitoral de 2014. Defendemos que estes são pontos fundamentais pra começar a provocar as rupturas e avanços que tanto lutamos.
 
1. Reforma do Sistema Político que elimine o “voto” do Poder Econômico nas eleições e nas definições das políticas públicas; que fortaleça os programas partidários, que enfrente a sub-representação dos/as trabalhadores/as, das mulheres, dos jovens, da população negra, indígena e LGBT; que regulamente e efetive os mecanismos de Democracia Direta; e que convoque uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. A Constituinte deve ter como prerrogativa central a soberania popular. 

2. Democratização dos Meios de Comunicação: implementação das propostas aprovadas na Conferência Nacional de Comunicação e pela descriminalização dos veículos de mídia independente. 
 
3. Democratização da Educação: com universalização do acesso à educação em todos os níveis, principalmente a educação infantil, ensino médio e superior; erradicação do analfabetismo de 14 milhões de trabalhadores/as; garantir a efetividade dos 10% do PIB para educação pública.
 
4. Programa Massivo de Moradia Popular, que supere o déficit de 8 milhões de moradias à curto prazo. 

5. Investimentos Prioritários em Transporte Público de Qualidade, implementando a tarifa zero. Entendemos que é o transporte público que dá acesso a todos os outros direitos sociais constitucionalmente conquistados, como saúde, educação e cultura. 

6. Redução da Jornada de Trabalho para 40 horas semanais. 

7. Reforma Agrária, que de fato democratize a estrutura da propriedade fundiária e garanta terra a todos/as os sem-terra. Pela publicação do decreto que atualize o índice de produtividade, facilitando a desapropriação do latifúndio. 

8. Por uma nova Política Agrária, que garanta a produção e a compra pela CONAB de todos os alimentos produzidos pela Agricultura Familiar. Incentivo a produção de alimentos agroecológicos. A nova política agrária tem que ter como central a soberania alimentar. 

9. Por um Plano Nacional de Erradicação do Uso de Agrotóxicos e Transgênicos, em defesa dos bens naturais e da biodiversidade. 

10. Reforma Tributária, que inverta o atual sistema que cobra mais dos que menos têm; que tribute a renda e riqueza e não o consumo; que cobre impostos sobre grandes fortunas, sobre herança e sobre transferência de lucros para o exterior; que elimine a Lei Kandir e o Imposto de Renda sobre o salário. 

11. Por um Plano de Desenvolvimento da Indústria Nacional
, em todos os municípios, com estímulo a Agroindústria Cooperativa e Economia Solidária. Este plano deve apontar para um novo modelo de desenvolvimento, baseado em novas formas de produção, distribuição e consumo. 

12. Por Mudanças na Política Econômica, com o fim do superávit primário; que coloque a taxa de juros e de câmbio sobre o controle do Governo, não a autonomia do BancoCentral. 

13. Pelo compromisso real com o pleno emprego. Pensar a política econômica como elemento essencial para o pleno emprego, garantia de melhores salários e trabalho decente. Contra qualquer tentativa de precarização do trabalho e dos direitos trabalhistas. Garantia de uma política para aos trabalhadores estrangeiros que se encontram no país em situações de violação de direitos humanos. 

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Mt 20,1–16: A parábola do patrão diferente [Marcelo Barros]



Vinhedo em palestina<br>Fonte: Desconhecida;
Queridos irmãos e irmãs,
Certamente essa parábola de Jesus serviu a vocês para clarear a posição que vocês, e certamente, desde o início Jesus, tomaram com relação aos não judeus. Na Bíblia, "a vinha" é uma imagem clássica do povo de Deus e da obra que Deus faz conosco - Cf. Is 5 e Salmo 80).
Nessa história, os "operários que trabalharam o dia inteiro na lavoura" significam o povo judeu. Os trabalhadores da última hora são os não judeus, pagãos (goims). Para nós que vivemos num país no qual ainda é normal o trabalho diário dos assalariados volantes (boias-frias), parece familiar o fato de Jesus (ou vocês) descrever a realidade social da Judéia como sendo de desemprego e de trabalhos por contrato diário.
Conhecemos ainda hoje essa realidade de pessoas sem emprego, aceitando qualquer oferta que lhe façam. Diferente é esse patrão que age completamente fora das leis sociais vigentes em qualquer sociedade. A maioria dos comentadores chamam essa história de "parábola dos trabalhadores da vinha". O nome mais indicado seria "Parábola do patrão original ou diferente".
A parábola é sobre o comportamento dele. Todo o problema para os primeiros contratados é que ele, além de começar a pagar pelos últimos, os iguala aos primeiros que suportaram o peso e o calor do dia. A parábola é sobre "os direitos" iguais que todos têm diante do convite de Deus e da recompensa que ele promete.

Cantar e orar juntos/as!



O nosso Deus – Participar é criar comunhão
 
O nosso Deus, com amor sem medida, 
chamou-nos à vida, nos deu muitos dons.
Nossa resposta ao amor será feita
se a nossa colheita mostrar frutos bons.

/: Mas é preciso que o fruto se parta 
e se reparta na mesa do amor :/

Participar é criar comunhão,
fermento no pão, saber repartir, 
comprometer-se com a vida do irmão, 
viver a missão de se dar e servir.

Os grãos de trigo em farinha se tornam 
depois se transformam em vida no pão. 
Assim, também, quando participamos 
unidos, criamos maior comunhão.


Oração
Ó Deus da vida, aqui nos reunimos em teu nome e, neste momento, acolhemos a tua bênção como dom, a fim de que nos orientes na busca dos valores fundamentais e que dão sentido mais profundo à vida.
Isso te pedimos em nome de Jesus. 
Pai-nosso que estás no céu...

Fonte: PNV - 277 | O Pão nosso de cada dia dá-nos hoje - José Acácio Santana

Incoerência de Gênero - Flávia Oliveira



<br>Fonte: http://imguol.com/c/noticias/2014/08/18/com-marina-silva-psb-candidata-eleicoes-presidenciais-de-2014-terao-tres-mulheres-no-pareo-pela-primeira-vez-sao-candidatas-ainda-a-presidente-dilma-rousseff-pt-e-luciana-genro-psol-1408390635957_615x300.jpgHá três mulheres na corrida presidencial de 2014: Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Luciana Genro (Psol). A um mês das eleições, pesquisas de intenção de voto sugerem que duas disputarão o segundo turno, o primeiro da História sem a presença masculina. Também inédita no pleito será a participação de brasileiras entre os votantes. São 74,4 milhões de eleitoras, 52% do total. O trio de fatos nunca antes observados, contudo, não pôs sob os holofotes a agenda feminina. Mazelas tão graves quanto antigas, caso da desigualdade de gênero no mercado de trabalho, da violência doméstica e da restrição de direitos sexuais e reprodutivos, seguem no escuro. Numa evidente incoerência, estão distantes dos debates, da propaganda eleitoral e das entrevistas das candidatas.

As presidenciáveis gastam tempo e palavras enfileirando problemas do Brasil, sem fazer referência aos dramas cotidianos de um eleitorado predominantemente feminino. A oferta de vagas em creches e na pré-escola aparece em questionamentos sobre educação, como se não estivesse relacionada também à inserção das mães no mercado de trabalho. A falta de políticas públicas de atenção aos idosos é outro entrave à ascensão profissional das mulheres, culturalmente atreladas ao papel de cuidadoras.

A distância salarial dos homens, bem como a rara presença feminina no topo da hierarquia de empresas públicas e privadas, é outra lacuna do debate eleitoral. Na última década, o rendimento médio delas, que têm escolaridade maior, não saiu da faixa de 70% da remuneração masculina. 

Nas seis maiores regiões metropolitanas do país, segundo o IBGE, há 10,524 milhões de mulheres trabalhando; 7,274 milhões (69%) têm 11 anos ou mais de estudo. Entre os homens, são 7,625 milhões (61%) em 12,464 milhões de ocupados.

Carga tributária brasileira reforça as desigualdades.



Pessoas<br>Fonte: Arquivo/Agência Brasil
Nos últimos anos o Brasil vem apresentando redução nas desigualdades de rendimentos medida pelo coeficiente de Gini[1], mas, o país ainda  está entre as 15 nações que mais concentram renda no mundo. O estudo “As implicações do sistema tributário brasileiro nas desigualdades de renda”, lançado nesta quinta-feira, 11/9, pelo Inesc e Oxfam afirma que um dos motivos dessa situação é elevada regressividade da carga tributária brasileira,que tem onerado consideravelmente os mais pobres e os assalariados do país, por meio de tributos indiretos que incidem sobre o consumo.

Além disso, a pesquisa apresenta um balanço das principais medidas implementadas pelos poderes Legislativo e Executivo desde 1995 e aponta propostas para um sistema tributário mais justo, pautado por tributos diretos e progressivos, que onerem mais a renda e o patrimônio dos mais ricos.

Análises 
O estudo demonstra o sistema tributário adotado no país está concentrado em tributos indiretos e cumulativos que sobrecarregam os trabalhadores/as mais pobres, uma vez que mais da metade da arrecadação provém de tributos que incidem sobre bens e serviços, havendo baixa tributação sobre a renda e o patrimônio (veja a tabela 2 do estudo). As pessoas mais pobres e os trabalhadores assalariados são os responsáveis por 71,38% do montante de impostos, contribuições e taxas arrecadados pelo Fundo Público no Brasil.

A pesquisa também traz um levantamento inédito que analisa a regressividade do sistema tributário brasileiro, considerando a questão da desigualdade racial e de gênero no país. O estudo demonstra que a elevação de tributos sobre produtos que compõem a cesta básica, por exemplo, onera os mais pobres, particularmente os/as negros/as. Outro dado apontado pela pesquisa é que as mulheres negras pagam proporcionalmente, em relação aos seus rendimentos, muito mais tributos do que os homens brancos (confira a tabela 3 tabela 4 da publicação).