sábado, 27 de setembro de 2014

Mt 21,28-32: Prostitutas e publicanos entrarão primeiro no Reino dos Céus




<br>Fonte: Acervo CEBI;

A frase está no comentário de Jesus à parábola dos dois filhos: um diz que vai fazer o que o pai pediu e não faz. O outro diz que não quer, mas depois faz a vontade do pai. Texto intrigante!

Esses versículos precisam ser lidos no conjunto do capítulo 21 do Evangelho segundo Mateus: Jesus entrara em Jerusalém (Mt 21,1-11) e tinha entrado em confronto direto com a religião do templo, recorrendo à denúncia já feita por Jeremias: “vocês transformaram a casa de meu pai num covil de ladrões” (Jr 7,11; Mt 21,12-17).

Da boca dos pequeninos, o verdadeiro louvor

O episódio da expulsão dos vendedores do templo é descrito pelos quatro evangelhos. Mateus, entretanto, acrescenta outra provocação de Jesus: cegos e coxos, até então impedidos de entrar no templo por serem considerados pecadores, são curados por Jesus no próprio santuário (Mt 21,14-17). E diante da indignação dos principais sacerdotes e escribas, responde: “Vocês nunca leram que é da boca dos pequeninos e crianças de peito que vem o perfeito louvor?” Desta vez, ele recorreu ao Salmo 8. 

A parábola dos dois filhos vem na sequência da figueira estéril (Mt 21,18-22), imagem de um templo e de uma religião que não produzem mais frutos, e do debate de Jesus com as autoridades sobre o batismo de João (Mt 21,23-27). 

Jesus, a Lei e a Justiça

“Mas, que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha. Ele, porém, respondendo, disse: Não quero. Mas depois, arrependendo-se, foi. E, dirigindo-se ao segundo, falou-lhe de igual modo; e, respondendo ele, disse: Eu vou, senhor; e não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não crestes nele, mas os cobradores de impostos e as prostitutas nele creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para crer nele.”

“João veio até vós no caminho da justiça, e não crestes nele. Os cobradores de impostas e as prostitutas creram...” (Mt 21,32). O “caminho da justiça” é o caminho de Deus, de seu projeto, de sua vontade, de sua Lei. Na comunidade de Mateus, havia filhos - os fora da Lei - que tinham dito “não quero”, porém se converteram à justiça anunciada por João e foram fiéis no seguimento de Jesus. Já os fariseus, que se consideravam justos, cumpridores da Lei, ficaram de fora. A comunidade de Mateus foi radical na hora de transmitir o que entendeu como fidelidade à Lei.

“Não pensem que vim abolir a Lei e os Profetas, mas dar-lhes pleno cumprimento. Quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar aos outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Por outro lado, quem os praticar e ensinar, será grande no Reino dos Céus” (Mt 5,17-19).

A comunidade de Mateus, por um lado, insiste na fidelidade à Lei, por outro diz que o próprio Jesus desobedeceu à lei do descanso sabático, às leis da purificação. Como entender esta aparente contradição entre o que Jesus pede que façamos e o que Ele mesmo praticou no seu tempo?

Na compreensão judaica, Lei e Profetas representam todo o Antigo Testamento: a História de um Deus que caminha com o seu povo e com ele faz Aliança. Jesus veio dar plenitude a esse tratado de amizade de Deus com o povo. Ele quer que sejamos fiéis ao plano salvífico do Pai, fiéis ao espírito do Antigo Testamento e não apenas a um conjunto de regras morais. Assim, resgatou o sentido original da Lei que é o amor misericordioso de Deus e questionou as leis casuísticas da tradição. Por isso, dizia: “ouvistes o que foi dito... Eu, porém, vos digo...” (Mt 5,21-22).

O evangelho da comunidade de Mateus, que vive as dificuldades com o legalismo farisaico, lembra as palavras de Jesus: “Se a justiça de vocês não supera a dos doutores da Lei e a dos fariseus, vocês não entrarão no Reino dos Céus” (Mt 5,29). E logo, nos capítulos 5 a 7, explica qual deve ser a atitude cristã diante da Lei (contra a prática dos escribas) e diante das obras de piedade (contra o jeito dos fariseus). A síntese aparece na boca do próprio Jesus: “Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles. Pois nisso consistem a Lei e os Profetas” (Mt 7,12).

Mas e Jesus, como cumpre a Lei? O importante para ele é a Lei da vida. Ele nunca aparece angustiado por leis ou normas cultuais. Ao contrário, denuncia os doutores da Lei e os fariseus que “amarram fardos pesados e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo...” (Mt 23,4). Jesus, ao contrário, vive com grande fidelidade e liberdade e ainda nos convida: “Venham a mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso do seu fardo e eu lhes darei descanso” (Mt 11,28). Para ele, o cumprimento do preceito não é o mais importante. Por isso: “Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês pagam o dízimo da hortelã, da erva doce e do caminho e deixam de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade” (Mt 23,23). E, por último: “Aprendam o que significa: ‘Eu quero misericórdia e não sacrifícios’’’ (Mt 9,13).

E nós hoje?

São fortes as palavras de Jesus sobre qualquer forma de hipocrisia religiosa. Esses versículos não escondem o recado: uma religião que se restringe ao cumprimento de rituais e não se vincula com o caminho da justiça, não produz adesão verdadeira.

Como superar a religião do rito? Como fazer a vontade de Deus de fato e não apenas por palavras? A reposta cabe a cada um e cada uma de nós, pessoal e comunitariamente.

Acesse também:
 

Fonte: Disponível no subsídio: Convém que se cumpra toda a Justiça. CEBI-GO

Capitalismo versus Clima: é possível conciliá-los?



Capitalismo x ecologia.<br>Fonte: Desconhecida;
Na semana que antecedeu a massiva manifestação contra a inação dos governos quanto ao aquecimento global e a reunião na ONU sobre mudança climática, ambos em Nova Iorque, foi publicado o livro da ativista Naomi Klein –  renomada mundialmente pela luta contra as mudanças climáticas no mundo -, chamado This Changes Everything: Capitalism vs. Climate  (Isso Muda Tudo: Capitalismo vs. Clima).

Nesse novo livro, a “verdade inconveniente” – como diria o ex-vice presidente dos EUA Al Gore – sobre o aquecimento global é que a questão não é apenas sobre fixação do preço internacional para as emissões de dióxido de carbono, e sim sobre o capitalismo. Como se os interesses de nosso modelo econômico atual não condissessem com a natureza da Terra. “Se nós não mudarmos radicalmente o curso do clima, [ele] ficará ainda mais quente e as coisas ficarão ainda mais brutais”, sentencia Klein.

Os chamados “negadores climáticos” sabem muito bem que a promoção de mudanças quanto a políticas climáticas resultará, invariavelmente, em modificações no sistema capitalista. “Razão pela qual, provavelmente, eles são ‘negadores’”, argumenta. É difícil imaginar como existem aqueles que, em nome do dinheiro, ainda tapam os olhos e ouvidos para as catastróficas consequências da mudança climática – a qual eles e suas famílias também serão vítimas, mas é o que acontece.

“Não é que não se possa ganhar dinheiro e gerar riqueza em uma economia verde, em uma economia renovável, ou uma economia regenerativa”, pondera Klein. “[Mas] isso não vai gerar o tipo de riqueza que os combustíveis fósseis são capazes. Os combustíveis fósseis realmente criam uma economia super-estratificada, que produz enormes lucros, pois os recursos estão concentrados [em algum lugar]”, explica.

Não é que não se pode gerar riqueza com a energia renovável, mas nunca será o montante de dinheiro gerado pelos combustíveis fósseis por eles serem essencialmente descentralizados. “O ar e o vento, primeiramente, são de graça, e estão por todas as partes”, diz a autora.

O primeiro e mais importante passo para combate às mudanças climáticas seria todos os países finalmente reconhecerem seus papéis no passado pela situação presente e, por fim, assumirem suas responsabilidades pelo futuro do planeta.

7.754.436 MILHÕES DE PESSOAS VOTARAM NO PLEBISCITO!



Plebiscito popular é alternativa dos movimentos sociais à ausência de consulta oficial à população sobre a reforma política<br>Fonte: Livre
O Resultado Oficial da Votação do Plebiscito Constituinte é anunciado em Coletiva de Imprensa em São Paulo. Foram 7.754.436 MILHÕES DE PESSOAS VOTARAM NO PLEBISCITO!

Um dos próximos passos será o acampamento nacional em Brasília que será montado no mês de outubro, quando milhares de pessoas entregarão o resultado do plebiscito aos três poderes e à presidenta Dilma Rousseff.

O Plebiscito Popular da Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político produziu uma unidade entre as forças sociais e populares que não se via desde a campanha contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), comprovando a força desta proposta no atual momento histórico.

Foram mais de 100 mil militantes e ativistas voluntários em todo o país, a imensa maioria de jovens, dedicando-se de forma incansável em instalar urnas em toda parte. O primeiro Plebiscito Popular da era das redes sociais produziu uma infinidade de imagens, gerando a bem-humorada modalidade que foi apelidada de #PlebiSelfie, envolvendo artistas, intelectuais, lideranças populares numa campanha onde todos puderam acompanhar o ânimo e o esforço militante nos mais distantes pontos.

Mais uma vez, a força das redes sociais driblou a proposital omissão da grande mídia. A grande mídia limitou-se a coberturas locais e artigos críticos, desqualificando a campanha e os participantes. Nada impediu que a mobilização ganhasse a proporção que tomou.

O elemento mais original deste plebiscito popular, quando comparado às experiências anteriores, foi a participação dos trabalhadores. Uma enorme quantidade de urnas em fábricas e empresas marcaram o envolvimento do movimento sindical. Centenas de escolas e universidades realizaram debates e o tema da Constituinte ganhou força na juventude.

Hoje, não resta dúvida de que, se novas circunstâncias possibilitarem novamente grandes mobilizações da juventude, a bandeira da “Constituinte Já” ganhará as ruas. Não só porque a unidade consagrada entre os principais movimentos sociais irá assegurar sua presença, como pelo resultado do formidável trabalho pedagógico construído no Plebiscito Popular.

A primeira batalha foi vitoriosa. Porém, a conquista de uma Constituinte não será tarefa fácil. Será necessário conquistar um plebiscito oficial, com valor legal, com a mesma pergunta: “Você é a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político?” E o Congresso Nacional detém a prerrogativa de convocar um Plebiscito Legal.

Sabemos que sem muita pressão social, uma vitória que incomoda tanto os interesses da classe dominante é impossível. Recordemos que mesmo a campanha das “Diretas Já”, nossa maior mobilização social, que mais acumulou forças para a luta popular não conseguiu aprovar a Emenda Dante de Oliveira que restabelecia eleições presidenciais diretas.

Isso somente será possível se os mais de 1.800 comitês populares que se conformaram ao longo da preparação do Plebiscito Popular forem capazes de se manter atuantes, conservando a preciosa unidade entre as diversas forças políticas e novos ativistas que trabalharam juntos nos últimos meses.

Estamos assistindo a uma ofensiva política conservadora, que aposta todas as fichas em derrotar as conquistas obtidas nas últimas décadas. Assistimos a isso no formato diretamente golpista em Honduras e no Paraguai, nas últimas eleições em que se construíram candidaturas muito bem patrocinadas nos vários países do continente e nos intensos ataques contra o governo Maduro na Venezuela. Seria muita ingenuidade imaginar que não aproveitariam a conjunção de uma quadro recessivo com as eleições brasileiras.

Com o atual sistema político em que o Parlamento é hegemonizado por grandes grupos econômicos, nenhum avanço social será possível. Não basta uma mera reforma eleitoral, mudar o sistema político é mudar suas bases constitucionais. Daí por que a proposta de uma Constituinte incomoda tanto os conservadores.

O maior resultado deste plebiscito popular não será medido em números. É ter conquistado corações e mentes da juventude. Esta é a garantia de que a bandeira da “Constituinte já” seguirá ganhando força. E todos os que trabalharam incansavelmente nesta campanha levarão pro resto da vida o orgulho de terem deflagrado o movimento que mudará o curso de nossa história.

Fonte: plebiscitoconstituinte.org.br | Editorial Brasil de Fato.

Movimentos sociais apresentam plataforma política para debate no processo eleitoral



Manifestações Junho 2013<br>Fonte: Reprodução wikipedia.
Nesse mês de setembro cerca de 60 organizações e movimentos sociais de todo o Brasil divulgaram sua plataforma política para o debate no processo eleitoral de 2014.

A “Plataforma Política dos Movimentos Sociais – Para resolver os problemas do povo brasileiro” - direcionada à sociedade e aos candidatos - surgiu da análise de movimentos e organizações sobre o desvirtuamento do processo eleitoral, que passou do que deveria ser espaços de debates e afirmações de projetos dos partidos e candidatos, para a “venda” destes como mercadorias, em propagandas e marketing.

Para os movimentos, “os processos eleitorais devem ser espaços de debate e afirmações de projetos, que impliquem uma concepção de sociedade e de Estado, pautem as rupturas necessárias para enfrentar as grandes questões estruturais da sociedade, além de apontar a natureza de nossos problemas e as soluções necessárias”.

Entre os principais pontos abordados, os movimentos discorrem sobre uma reforma do sistema político “que elimine o ‘voto’ do Poder Econômico nas eleições e nas definições das políticas públicas”; a democratização dos meios de comunicação “com a implementação das propostas aprovadas na Conferência Nacional de Comunicação”; a democratização da Educação “com a universalização do acesso à educação em todos os níveis”, entre outros.

Segue a íntegra do documento.


Plataforma Política dos Movimentos Sociais

Para resolver os problemas do povo brasileiro

Brasil, Setembro de 2014    

   Os processos eleitorais devem ser espaços de debate e afirmações de projetos, que impliquem uma concepção de sociedade e de Estado, pautem as rupturas necessárias para enfrentar as grandes questões estruturais da sociedade, apontem a natureza de nossos problemas e as soluções necessárias. Mas não é isso que percebemos. Apesar das candidaturas expressarem projetos distintos para o Brasil, cada vez mais os processo eleitorais discutem menos política e se tornam grandes estratégias de marketing, vendendo os/as candidatos/as como mercadorias. Neste “jogo”, o poder econômico ganha de goleada subjugando a política e as instituições públicas aos seus interesses de classe, impedindo as transformações políticas, econômicas, Sociais, culturais e ambientais que interessam ao povo brasileiro.
É em razão desta análise que movimentos sociais e organizações de todo Brasil apresentam para a sociedade e para as candidaturas a sua plataforma política para debate no processo eleitoral de 2014. Defendemos que estes são pontos fundamentais pra começar a provocar as rupturas e avanços que tanto lutamos.
 
1. Reforma do Sistema Político que elimine o “voto” do Poder Econômico nas eleições e nas definições das políticas públicas; que fortaleça os programas partidários, que enfrente a sub-representação dos/as trabalhadores/as, das mulheres, dos jovens, da população negra, indígena e LGBT; que regulamente e efetive os mecanismos de Democracia Direta; e que convoque uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. A Constituinte deve ter como prerrogativa central a soberania popular. 

2. Democratização dos Meios de Comunicação: implementação das propostas aprovadas na Conferência Nacional de Comunicação e pela descriminalização dos veículos de mídia independente. 
 
3. Democratização da Educação: com universalização do acesso à educação em todos os níveis, principalmente a educação infantil, ensino médio e superior; erradicação do analfabetismo de 14 milhões de trabalhadores/as; garantir a efetividade dos 10% do PIB para educação pública.
 
4. Programa Massivo de Moradia Popular, que supere o déficit de 8 milhões de moradias à curto prazo. 

5. Investimentos Prioritários em Transporte Público de Qualidade, implementando a tarifa zero. Entendemos que é o transporte público que dá acesso a todos os outros direitos sociais constitucionalmente conquistados, como saúde, educação e cultura. 

6. Redução da Jornada de Trabalho para 40 horas semanais. 

7. Reforma Agrária, que de fato democratize a estrutura da propriedade fundiária e garanta terra a todos/as os sem-terra. Pela publicação do decreto que atualize o índice de produtividade, facilitando a desapropriação do latifúndio. 

8. Por uma nova Política Agrária, que garanta a produção e a compra pela CONAB de todos os alimentos produzidos pela Agricultura Familiar. Incentivo a produção de alimentos agroecológicos. A nova política agrária tem que ter como central a soberania alimentar. 

9. Por um Plano Nacional de Erradicação do Uso de Agrotóxicos e Transgênicos, em defesa dos bens naturais e da biodiversidade. 

10. Reforma Tributária, que inverta o atual sistema que cobra mais dos que menos têm; que tribute a renda e riqueza e não o consumo; que cobre impostos sobre grandes fortunas, sobre herança e sobre transferência de lucros para o exterior; que elimine a Lei Kandir e o Imposto de Renda sobre o salário. 

11. Por um Plano de Desenvolvimento da Indústria Nacional
, em todos os municípios, com estímulo a Agroindústria Cooperativa e Economia Solidária. Este plano deve apontar para um novo modelo de desenvolvimento, baseado em novas formas de produção, distribuição e consumo. 

12. Por Mudanças na Política Econômica, com o fim do superávit primário; que coloque a taxa de juros e de câmbio sobre o controle do Governo, não a autonomia do BancoCentral. 

13. Pelo compromisso real com o pleno emprego. Pensar a política econômica como elemento essencial para o pleno emprego, garantia de melhores salários e trabalho decente. Contra qualquer tentativa de precarização do trabalho e dos direitos trabalhistas. Garantia de uma política para aos trabalhadores estrangeiros que se encontram no país em situações de violação de direitos humanos. 

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Mt 20,1–16: A parábola do patrão diferente [Marcelo Barros]



Vinhedo em palestina<br>Fonte: Desconhecida;
Queridos irmãos e irmãs,
Certamente essa parábola de Jesus serviu a vocês para clarear a posição que vocês, e certamente, desde o início Jesus, tomaram com relação aos não judeus. Na Bíblia, "a vinha" é uma imagem clássica do povo de Deus e da obra que Deus faz conosco - Cf. Is 5 e Salmo 80).
Nessa história, os "operários que trabalharam o dia inteiro na lavoura" significam o povo judeu. Os trabalhadores da última hora são os não judeus, pagãos (goims). Para nós que vivemos num país no qual ainda é normal o trabalho diário dos assalariados volantes (boias-frias), parece familiar o fato de Jesus (ou vocês) descrever a realidade social da Judéia como sendo de desemprego e de trabalhos por contrato diário.
Conhecemos ainda hoje essa realidade de pessoas sem emprego, aceitando qualquer oferta que lhe façam. Diferente é esse patrão que age completamente fora das leis sociais vigentes em qualquer sociedade. A maioria dos comentadores chamam essa história de "parábola dos trabalhadores da vinha". O nome mais indicado seria "Parábola do patrão original ou diferente".
A parábola é sobre o comportamento dele. Todo o problema para os primeiros contratados é que ele, além de começar a pagar pelos últimos, os iguala aos primeiros que suportaram o peso e o calor do dia. A parábola é sobre "os direitos" iguais que todos têm diante do convite de Deus e da recompensa que ele promete.

Cantar e orar juntos/as!



O nosso Deus – Participar é criar comunhão
 
O nosso Deus, com amor sem medida, 
chamou-nos à vida, nos deu muitos dons.
Nossa resposta ao amor será feita
se a nossa colheita mostrar frutos bons.

/: Mas é preciso que o fruto se parta 
e se reparta na mesa do amor :/

Participar é criar comunhão,
fermento no pão, saber repartir, 
comprometer-se com a vida do irmão, 
viver a missão de se dar e servir.

Os grãos de trigo em farinha se tornam 
depois se transformam em vida no pão. 
Assim, também, quando participamos 
unidos, criamos maior comunhão.


Oração
Ó Deus da vida, aqui nos reunimos em teu nome e, neste momento, acolhemos a tua bênção como dom, a fim de que nos orientes na busca dos valores fundamentais e que dão sentido mais profundo à vida.
Isso te pedimos em nome de Jesus. 
Pai-nosso que estás no céu...

Fonte: PNV - 277 | O Pão nosso de cada dia dá-nos hoje - José Acácio Santana

Incoerência de Gênero - Flávia Oliveira



<br>Fonte: http://imguol.com/c/noticias/2014/08/18/com-marina-silva-psb-candidata-eleicoes-presidenciais-de-2014-terao-tres-mulheres-no-pareo-pela-primeira-vez-sao-candidatas-ainda-a-presidente-dilma-rousseff-pt-e-luciana-genro-psol-1408390635957_615x300.jpgHá três mulheres na corrida presidencial de 2014: Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Luciana Genro (Psol). A um mês das eleições, pesquisas de intenção de voto sugerem que duas disputarão o segundo turno, o primeiro da História sem a presença masculina. Também inédita no pleito será a participação de brasileiras entre os votantes. São 74,4 milhões de eleitoras, 52% do total. O trio de fatos nunca antes observados, contudo, não pôs sob os holofotes a agenda feminina. Mazelas tão graves quanto antigas, caso da desigualdade de gênero no mercado de trabalho, da violência doméstica e da restrição de direitos sexuais e reprodutivos, seguem no escuro. Numa evidente incoerência, estão distantes dos debates, da propaganda eleitoral e das entrevistas das candidatas.

As presidenciáveis gastam tempo e palavras enfileirando problemas do Brasil, sem fazer referência aos dramas cotidianos de um eleitorado predominantemente feminino. A oferta de vagas em creches e na pré-escola aparece em questionamentos sobre educação, como se não estivesse relacionada também à inserção das mães no mercado de trabalho. A falta de políticas públicas de atenção aos idosos é outro entrave à ascensão profissional das mulheres, culturalmente atreladas ao papel de cuidadoras.

A distância salarial dos homens, bem como a rara presença feminina no topo da hierarquia de empresas públicas e privadas, é outra lacuna do debate eleitoral. Na última década, o rendimento médio delas, que têm escolaridade maior, não saiu da faixa de 70% da remuneração masculina. 

Nas seis maiores regiões metropolitanas do país, segundo o IBGE, há 10,524 milhões de mulheres trabalhando; 7,274 milhões (69%) têm 11 anos ou mais de estudo. Entre os homens, são 7,625 milhões (61%) em 12,464 milhões de ocupados.

Carga tributária brasileira reforça as desigualdades.



Pessoas<br>Fonte: Arquivo/Agência Brasil
Nos últimos anos o Brasil vem apresentando redução nas desigualdades de rendimentos medida pelo coeficiente de Gini[1], mas, o país ainda  está entre as 15 nações que mais concentram renda no mundo. O estudo “As implicações do sistema tributário brasileiro nas desigualdades de renda”, lançado nesta quinta-feira, 11/9, pelo Inesc e Oxfam afirma que um dos motivos dessa situação é elevada regressividade da carga tributária brasileira,que tem onerado consideravelmente os mais pobres e os assalariados do país, por meio de tributos indiretos que incidem sobre o consumo.

Além disso, a pesquisa apresenta um balanço das principais medidas implementadas pelos poderes Legislativo e Executivo desde 1995 e aponta propostas para um sistema tributário mais justo, pautado por tributos diretos e progressivos, que onerem mais a renda e o patrimônio dos mais ricos.

Análises 
O estudo demonstra o sistema tributário adotado no país está concentrado em tributos indiretos e cumulativos que sobrecarregam os trabalhadores/as mais pobres, uma vez que mais da metade da arrecadação provém de tributos que incidem sobre bens e serviços, havendo baixa tributação sobre a renda e o patrimônio (veja a tabela 2 do estudo). As pessoas mais pobres e os trabalhadores assalariados são os responsáveis por 71,38% do montante de impostos, contribuições e taxas arrecadados pelo Fundo Público no Brasil.

A pesquisa também traz um levantamento inédito que analisa a regressividade do sistema tributário brasileiro, considerando a questão da desigualdade racial e de gênero no país. O estudo demonstra que a elevação de tributos sobre produtos que compõem a cesta básica, por exemplo, onera os mais pobres, particularmente os/as negros/as. Outro dado apontado pela pesquisa é que as mulheres negras pagam proporcionalmente, em relação aos seus rendimentos, muito mais tributos do que os homens brancos (confira a tabela 3 tabela 4 da publicação).

Perdoar Sempre! (Mt 18,21-35) [Sônia Mota e Nelson Kilpp]


O CONTEXTO
Com o texto de reflexão para o próximo domingo, chegamos ao fim do sermão das comunidades ou sermão eclesiástico. O perdão de dívidas e ofensas não era uma prática desconhecida do povo de Israel nos tempos de Jesus. Mas parece que essa prática era bem difícil. De um lado, havia as minuciosas leis judaicas que exigiam uma série de procedimentos. De outro lado, estava a sociedade romana implacável e cruel especialmente para com os mais pobres.  Nesse contexto, estão se formando novas comunidades cristãs. Algumas dessas comunidades querem seguir as exigentes leis da sinagoga, outras, pelo contrário, as práticas romanas. É para dentro deste contexto comunitário que Mateus está escrevendo.
                           
A PERGUNTA
O texto começa com uma pergunta de Pedro:
- Senhor, quantas vezes devo perdoar ao irmão que pecar contra mim? Até sete vezes?
A legislação judaica exigia que se perdoasse até três vezes o irmão. Com sua pergunta, Pedro revela uma disponibilidade maior de perdoar do que a costumeira. Afinal, o número sete significa completude, perfeição. Mas a pergunta de Pedro ainda pressupõe que as possibilidades humanas para perdoar são limitadas.
Jesus responde:
- Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete.
Jesus surpreende com a resposta, pois setenta vezes sete simboliza aquilo que não mais é possível mensurar ou calcular. O perdão não pode ser calculado ou mensurado. Importante é a constante disposição de perdoar; esta não pode ter limites.

A PARÁBOLA
Através da parábola que segue, Jesus desafia os discípulos e as discípulas a sempre terem essa disposição de abertura para o perdão. Podemos dividir a parábola em três cenas.
  

Nações Unidas: Brasil superou o problema da fome



Prato de comida<br>Fonte: Desconhecida;
O número de brasileiros considerados em situação de subalimentação caiu 82% de 2002 a 2013. Assim, o Brasil saiu do Mapa Mundial da Fome em 2014, de acordo com relatório global da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), divulgado hoje (16).

O Brasil alcançou o nível menor que 5% no Indicador de Prevalência de Subalimentação, um critério adotado pela FAO para mensurar e acompanhar a questão no mundo. Com o índice, a organização considera que o País superou o problema da fome.

Segundo a FAO, em 2002, 10,7% da população brasileira era subnutrida. Em 2013, o percentual caiu para 1,7%. “Isso significa que 98,3% da população brasileira tem acesso a alimentos e tem segurança alimentar. É uma grande vitória”, disse a ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Tereza Campello. “A fome, que persistiu durante séculos no Brasil, deixou de ser um problema estrutural”, completou ela.

Carta de repúdio ao assassinato do jovem João Antônio Donati, vítima de crime homofóbico, e solidariedade aos seus familiares e amigxs



Diga não<br>Fonte: Livre
“Tua morte não foi o que te matou
quem te matou foram eles
os do Estado, os de olhos vendados,
os mercadores e os hipócritas,
quem te matou foi o silêncio deles,
que não ouviu o murmúrio último dos teus lábios,
o que te matou foi a tua vida,
tão tua, mas também tão nossa,
mas quem permanece viva
é a tua resistência,
tão tua, mas também tão nossa.” 
(Marcelo Caetano)
 
Nós, jovens pertencentes a diferentes religiões e comunidades de fé, vimos a público, por meio desta carta, exteriorizar a nossa indignação e repúdio ao assassinato do jovem João Antônio Donati (18), encontrado morto na última quarta-feira (10) e apresentando sinais de crueldade e sadismo. Queremos manifestar também nossa solidariedade à família e aos amigos, afirmando que estamos juntxs na luta contra toda forma violência e injustiça.

A cada dois dias, um gay é assassinado no Brasil. São crimes geralmente motivados por ódio aos homossexuais (HomoLesboTransFobia). Exigimos um basta a esta situação e nos levantamos contra o genocídio homofóbico!

Lutamos e acreditamos em uma sociedade plural, em que todxs possam viver em harmonia e expressar seu amor de diferentes formas.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Mateus 18,15-35: A graça de poder perdoar [Mesters, Lopes e Orofino]


Mãos dadas.<br>Fonte: Desconhecida;
Nesta reflexão para o evangelho do próximo domingo, Jesus nos fala da necessidade de perdoar o irmão, a irmã. Não é fácil perdoar, pois certas mágoas continuam machucando o coração. Há pessoas que dizem: “Eu perdoo, mas não esqueço!” Rancor, tensões, brigas, opiniões diferentes, ofensas, provocações dificultam o perdão e a reconciliação.

1  Situando

1. Leremos a segunda parte do Sermão da Comunidade e meditar sobre ela. Veremos os assuntos da correção fraterna (18,15-18), da oração em comum (18,19-20), do perdão (18,21-22) e a parábola do perdão sem limites (18,23-35).
2. A organização das palavras de Jesus em cinco grandes Sermões mostra que, já no fim do primeiro século, as comunidades tinham formas bem concretas de catequese. O Sermão da Comunidade, por exemplo, traz instruções atualizadas de como proceder caso algum conflito surgisse entre os seus membros. Eram como cinco grandes setas no caminho que apontavam o rumo da caminhada e ofereciam critérios concretos para solucionar conflitos.

2  Comentando

1.    Mateus 18,15-18: A correção fraterna e o poder de perdoar

Jesus traz normas simples e concretas de como proceder no caso de algum conflito na comunidade. Se um irmão ou uma irmã pecar, isto é, se tiver um comportamento não de acordo com a vida da comunidade, não se deve logo denunciá-los. Primeiro, procure conversar a sós. Procure saber os motivos do outro. Se não der resultado, leve mais duas ou três pessoas da comunidade, para ver se conseguem algum resultado. Só em caso extremo, deve levar o problema para a comunidade toda. E se a pessoa não quiser escutar a comunidade, que ela seja para você como um publicano ou pagão, isto é, como alguém que já não faz parte da comunidade. Não é você que a está excluindo, mas é a pessoa que se exclui a si mesma.
 
2.    Mateus 18,19: A oração em comum

Essa exclusão não significa que a pessoa seja abandonada à sua própria sorte. Ela pode estar separada da comunidade, mas não estará separada de Deus. Caso a conversa na comunidade não der resultado, e a pessoa não quiser integrar-se na vida da comunidade, resta o último recurso de rezar juntos ao Pai para conseguir a reconciliação. E Jesus garante que o Pai vai atender.

Plebiscito Constituinte ganha mais pontos de votação em todo o país


Novos pontos de votação foram abertos nesta terça-feira em todo o país.<br>Fonte: Ramiro Furquim/Sul21
O primeiro dia de coleta de assinaturas para o plebiscito popular que propõe a instauração de uma Assembleia Constituinte para estabelecer a reforma do sistema político brasileiro foi bastante positivo, como avalia a comissão nacional de mobilização. De acordo com a organização do plebiscito, ainda nesta segunda-feira (1º) foram abertos novos pontos de coleta de votos em todo o país, por iniciativa de movimentos locais em pequenas e médias cidades. Além das urnas presenciais, a votação pode ser feita online na página do plebiscito. A divulgação do resultado da consulta popular está prevista para o dia 21 deste mês. A votação segue até domingo (7).

A principal bandeira defendida pelas entidades participantes do plebiscito é que a reforma política possa estabelecer o fim do financiamento privado de campanhas eleitorais. “Aí está um dos principais problemas de corrupção. É interessante que, normalmente, no Brasil, os meios de comunicação tradicionais mostram só os agentes públicos, os governantes e os políticos e nunca mostram as empresas, que são o que dá origem às campanhas”, observa o coordenador da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim.

“A cada R$ 1 real que um empresário doa para uma eleição, ele tem um retorno, em forma de prestação de serviços e de contrato, de R$ 8,50. Investir em eleições é uma das coisas mais rentáveis que se tem no Brasil, não há nenhum indicador de poupança que supere esse investimento”, aponta Bonfim.

A reforma no sistema político brasileiro foi proposta pela presidenta Dilma Rousseff (PT) após a série de manifestações populares em junho do ano passado. A ideia, no entanto, foi vetada por setores conservadores do Congresso Nacional. Com isso, os movimentos sociais decidiram, em plenária nacional, em setembro de 2013, assumir a execução do plebiscito constituinte. Na visão de Bonfim, o plebiscito se difere das iniciativas anteriores por possuir uma pauta concreta: o estabelecimento de uma Assembleia Constituinte que reformule a política e as instituições partidárias brasileiras.

Por meio da reforma política, os movimentos responsáveis pela iniciativa pretendem aperfeiçoar os instrumentos de democracia direta, como partidos políticos, e a forma de participação e fiscalização popular por meio de conferências e conselhos com membros da sociedade civil. Em maio deste ano, Dilma sancionou o Decreto 8.243, que institui a Política Nacional de Participação Social (PNPS), com a criação de conselhos, fóruns e instâncias de consulta popular. Entretanto, parlamentares conservadores tentam derrubar o texto, por acreditarem que ele “é uma afronta à democracia representativa”, assim como ocorreu com a proposta de reforma política.

“Se nós dependermos de deputados e senadores, que são os verdadeiros beneficiários do atual sistema político, eles não vão convocar uma Assembleia Constituinte e nem fazer reforma política. O plebiscito popular irá pressionar o Congresso de fora para dentro”, afirma Bonfim.

Fonte: Sul 21 | http://www.sul21.com.br