Na primeira reunião ministerial do segundo mandato, a
presidenta Dilma Rousseff convocou seus auxiliares para a “batalha da
comunicação”. Foi enfática: “Nós devemos enfrentar o desconhecimento, a
desinformação sempre e permanentemente. Vou repetir: sempre e
permanentemente”.
Nada mais justo. A desinformação contrária ao governo
campeia pelo país, orquestrada pelos grandes meios de comunicação. A
reação da presidenta é justificável. Resta saber quais são as armas que
ela e seus ministros possuem para essa batalha. Se esperam contar com a
benevolência dos meios tradicionais, podem tirar o cavalo da chuva. A
batalha estará perdida antes de ser travada.
Alguns veículos até publicam o que chamam de “outro
lado”, mas sempre de forma discreta e submissa à pauta criada para
fustigar o governo. A desproporção entre o ataque da mídia e a
possibilidade de resposta através dela mesma é brutal. Constata-se uma
grave falha da democracia ao exigir que governantes eleitos pelo voto
popular sejam obrigados a se dirigir à sociedade por meios privados,
controlados por minorias que os querem ver apeados do poder.
Além disso a participação do governo na batalha da
comunicação não pode ser apenas reativa aos ataques da oposição
midiática. É preciso tomar a iniciativa e buscar canais despoluídos para
que as mensagens cheguem ao público sem ruídos.
Para ampliar a liberdade de expressão uma lei de
meios é fundamental, embora não seja o único caminho. Outro, de
construção mais rápida, é o da comunicação pública, indispensável para o
jogo democrático. Dela, já há o embrião constituído pela Empresa Brasil
de Comunicação (EBC), com suas duas emissoras de televisão, oito de
rádio, duas agências de notícias e um portal na internet. Resta tirá-la
da irrelevância. Não para se tornar porta-voz do governo mas para fazer
jornalismo de qualidade, livre de ingerências partidárias e comerciais.
A primeira medida é dar a esses veículos abrangência
nacional, atendendo a um dos princípios básicos da comunicação pública
que é o do acesso universal. Toda pessoa tem o direito, em qualquer
parte do país, de receber os sinais desses meios de forma rápida e
fácil. A TV Brasil, por exemplo, deve ser sintonizada em qualquer lugar
da mesma forma com que hoje sintonizamos a Globo ou a Record.
Com a digitalização e a consequente multiplicidade de
canais, torna-se possível segmentá-los constituindo um conjunto formado
pelo canal generalista já existente, ao lado do infantil e do
noticioso. Seria o núcleo básico ao qual poderiam ser agregados canais
de filmes, de música, de arte e esportes.
Quanto ao rádio, cabe lembrar que ele continua sendo a
segunda fonte mais utilizada para a informação e o entretenimento no
Brasil. Ao controlar um leque de emissoras que vai da histórica Rádio
Nacional do Rio de Janeiro à estratégica Rádio Nacional do Alto
Solimões, o serviço de rádio da EBC tem potencial para se tornar uma
alternativa importante em relação ao que hoje é oferecido ao público.
Necessidade imediata nesse sentido é a constituição
de emissora noticiosa 24 horas no ar, capaz de produzir uma narrativa
distinta das produzidas pelas rádios comerciais que tornam homogênea a
informação radiofônica em circulação pelo país.
No caso da internet, a Agência Brasil já exerce um
papel importante voltado para o público leitor e para o municiamento
informativo de um número expressivo de veículos em todo o território
nacional. Cabe popularizar e ampliar esse serviço tendo como uma das
janelas o portal da EBC, dando a ele formas de acessibilidade e
fidelização semelhantes às obtidas pelos portais informativos vinculados
à mídia comercial.
Com a existência de canais públicos fortes, abertos
aos interesses mais gerais da sociedade, a batalha da comunicação seria
travada em termos um pouco mais equilibrados, dando ao público o direito
de uma escolha real.
Texto: Lalo Leal
Fonte: Rede Brasil Atual
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