domingo, 9 de fevereiro de 2014

Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo (Mateus 5.13-16)

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   Os sermões: um jeito pedagógico de ensinar
 Uma das particularidades do Evangelho de Mateus são os seus amplos sermões. São eles o sermão do monte (cap. 5-7), o sermão missionário (cap. 10), o sermão parabólico (cap. 13), o sermão sobre a conduta da comunidade (cap. 18), o sermão polêmico (cap. 23) em conexão com o sermão escatológico (cap. 24 e 25).  Nestes sermões, o evangelista concentrou grande parte do ensino de Jesus.  O ensino de Jesus nasce da vida prática cotidiana. Ele se utiliza de elementos da vida para ensinar o significado do discipulado, do seguimento. O texto de Mateus 5.13-16 encontra-se no contexto do Sermão do Monte.

Vós sois o sal da terra

Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.” (Mateus 5.13)
Jesus se utiliza de um elemento muito importante do cotidiano da vida, da cozinha para se dirigir aos seus discípulos e discípulas: o sal.  Ele era um elemento caro, precioso, do comércio, da compra e da troca. O sal também era usado em rituais cúlticos. O sal era e é um elemento muito importante para a conservação dos alimentos. O sal era e ainda hoje é fundamental para a preparação de uma boa alimentação. Logicamente, precisa ser utilizado na dose certa.  Ele dá sabor aos alimentos. Aqui, no texto em apreço, acreditamos que Jesus se utiliza do elemento do sal, referindo-se ao seu papel importante de dar sabor aos alimentos. É um ensino de Jesus que nasce do cotidiano da vida, da cozinha.
O sal é um elemento muito interessante, quando usado desaparece no meio dos alimentos, não sendo mais possível enxergá-lo, mas sim, somente se pode senti-lo através do sabor. Portanto, o papel do sal é ativo na sua função de dar sabor. Com o sal acontece um processo de transformação, de mudança. Se o sal não for usado, ele se torna insípido, sem sabor, ele perde a sua função. Como o próprio texto afirma: Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelas pessoas.
A metáfora do sal se refere aos discípulos e às discípulas de Jesus. Se no seguimento a Jesus, no discipulado, os discípulos e as discípulas não cumprirem com o seu papel de darem um sabor a este mundo, perdem, na verdade, o sentido de sua existência. O sabor que precisam dar a este mundo está relacionado diretamente com a busca do cumprimento do sermão do monte. Somente sendo sal da terra, também se é bem-aventurado. Jesus se utiliza do imperativo, no plural: Vós sois o sal da terra.
O que significa para nós, em nosso contexto, ser sal da terra? Como damos um sabor diferente a esta terra amada e criada por Deus?
A metáfora utilizada por Jesus nos versículos seguintes é igualmente tão importante para a vida diária. Ele segue falando da luz.

Vós sois a luz do mundo
 Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 5.14-16)
Assim como no versículo anterior também aqui Jesus se utiliza de um elemento importante para a vivência diária, especialmente, quando escurece. Aqui não podemos pensar em luz elétrica, como temos hoje em nossas casas e cidades. A luz aqui se refere a lamparinas e velas ou outras formas bem simples de iluminar.
A luz só tem sentido se ela estiver aí para iluminar. Uma cidade edificada sobre um monte está aí para ser vista. Uma lâmpada ou uma vela não é acesa para se colocada debaixo da mesa, mas sim sobre a mesa, para que possa iluminar todas as pessoas, para que assim o diálogo possa fluir melhor, para que as pessoas também possam se ver face-a-face. A função dos discípulos e das discípulas é iluminar o mundo. Eles e elas não podem esconder-se, mas também não atuam para que sejam vistos, admirados.  A sua função é iluminar o mundo, o contexto, o lugar onde se encontram.
O que significa para nós, em nosso contexto, ser luz do mundo? Como iluminamos o mundo que nos cerca?
Jesus também adverte os seus discípulos e discípulas. Ele diz: Se o sal se torna insosso, já não serve para mais nada a não ser para ser jogado fora. Assim também a luz ela precisa brilhar, se não perde o seu sentido da sua existência. Os discípulos e as discípulas através da sua atuação vão trazer claridade para que a verdade, a justiça, o amor, a solidariedade floresçam e se espalhem em nosso mundo. Os cristãos e as cristãs necessitamos serem sal e luz do mundo.
A função da Igreja é viver as bem-aventuranças, contribuindo desta forma para que a sociedade não se corrompa e não se desumanize. Ela não pode viver separada do mundo, escondida por detrás de suas tradições, ritos e doutrinas, encerrada em si mesma e nos seus problemas institucionais. Ser sal e ser luz não é tarefa fácil, sem dúvida, é conflitiva. Entregar-se dando sabor e deixando-se queimar, iluminando irá mexer com estruturas, muitas vezes, por demais petrificadas. A tarefa é dar sabor e iluminar!
 A função da Igreja de Jesus Cristo é anunciar, testemunhar e viver as bem-aventuranças com todas as suas consequências, sendo sal e luz neste mundo, bonito e bom, criado por Deus. Somente misturando-se e envolvendo-se com o contexto, com a vida e com os problemas que o sabor e a claridade vão cumprir o seu papel, na certeza de que um mundo de paz, respeito e justiça é possível. Importante deixar claro que Jesus se dirige a vocês, no plural, a comunidade: Vocês são o sal da terra, vocês são a luz do mundo, vocês são a cidade edificada sobre o monte! Eis uma tarefa coletiva, comunitária, cristã: Ser sal e ser luz neste mundo!


Abençoa-nos,
Deus, que nos amas como um Pai cuidadoso e uma Mãe amorosa.
Derrama sobre nós
o teu Espírito de  cuidado e amor,
para que possamos viver em palavras e ações
o ensino do teu filho amado.
Ser sal da terra e luz do mundo.
                                                                                                                                          AUTORA                                                                                                                                                                                                                                                                                                         Claudete Beise Ulrich

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