segunda-feira, 19 de setembro de 2016

A parábola do pai com seus dois filhos



A parábola que vamos refletir fala de dois filhos e do relacionamento dos dois com o pai. Durante a leitura vamos prestar atenção no seguinte: Qual a atitude de cada um dos dois filhos para com o pai, e qual a atitude
do pai para com cada um deles? 
1. Lucas 15,11-13: A decisão do filho mais novo

O filho mais novo pede a parte da herança que lhe toca. Pedindo a herança, ele quer que o pai morra logo. Receber a herança não é mérito. É um dom gratuito. Todos, tanto cristãos como não cristãos, todos temos algo da herança do Pai. Nem todos cuidam da mesma maneira. O filho mais novo gasta tudo numa vida dissipada, esquecendo-se do Pai.

2. Lucas 15,14-19: A desilusão faz a pessoa cair em si

Com fome, no meio dos porcos, o filho mais novo cai em si, lembra a casa do Pai onde ninguém passava fome porque até os empregados co­miam do pão partilhado. Ele então decide voltar. Prepara até as palavras para dizer ao Pai: “Já não mereço ser teu filho! Trata-me como um dos teus empregados!” Empregado executa ordens, cumpre a lei da servidão. O filho mais novo quer voltar a ser cumpridor da lei, como fazia seu irmão mais velho e como queriam os fariseus e os escribas no tempo de Jesus (cf. Lc 15,1). Ele quer submeter-se de novo ao jugo da lei (cf. Gl 1,6-10).

3. Lucas 15,20-24: A alegria do Pai ao reencontrar o filho mais novo

Ele ainda estava longe de casa, e o pai já o vira, corre ao seu encon­tro e o cumula de beijos. O pai parece que ficou o tempo todo na janela olhando a estrada para ver o filho voltar! A alegria do pai parece exagerada. Não deixa o filho nem terminar as palavras que tinha preparado. Nem escu­ta! O pai não quer que o filho seja seu escravo. Quer que seja filho! Esta é a grande Boa-nova que Jesus nos trouxe! Túnica nova, sandálias novas, anel no dedo, churrasco, festa! Nesta alegria imensa do reencontro, transparece como deve ter sido grande a tristeza do pai pela perda do filho.

4. Lucas 15,25-28a: A reação do filho mais velho

O filho mais velho ficou com raiva e não quis entrar. Não entendeu a alegria do pai. Sinal de que não tinha intimidade com o pai, apesar de viver na mesma casa. Pois, se tivesse, teria notado a imensa tristeza do pai pela perda do filho mais novo e teria entendido a alegria dele pela volta do filho. Quem fica muito preocupado em observar a lei de Deus, corre o perigo de esquecer o próprio Deus! O filho mais novo, mesmo longe de casa, pare­cia conhecer o pai melhor que o filho mais velho, que morava com ele na mesma casa! Pois o mais novo teve a coragem de voltar para a casa do pai, enquanto o mais velho não quer mais entrar na casa do Pai! Ele não se dá conta de que o pai, sem ele, vai perder a alegria. Pois também ele, o mais velho, é filho do mesmo jeito que o mais novo!

5. Lucas 15,28b-30: A atitude do Pai e a resposta do filho mais velho

O pai sai de casa e suplica ao filho para entrar. Mas este responde: “Pai, tantos anos que eu sirvo ao senhor. Jamais transgredi um só dos seus mandamentos, e o senhor nunca me deu um cabrito sequer para festejar com meus amigos. E vem esse seu filho, que devorou seus bens com prosti­tutas, e o senhor manda matar até o novilho gordo!” O mais velho também quer festa, mas só com os amigos. Ele nem sequer chama o mais novo de irmão, mas “esse seu filho”, como se não fosse mais irmão dele. E é ele, o mais velho, que fala em prostitutas. É a malícia dele que interpretou assim a vida do irmão mais novo. Quantas vezes nós católicos interpretamos mal a vida e a religião dos outros! A atitude do Pai é diferente. Ele acolheu o filho mais novo, mas não quer perder o filho mais velho. Os dois fazem parte da família. Um não pode excluir o outro!

6. Lucas 15,31-32: A resposta final do Pai

Da mesma maneira como o Pai não deu atenção aos argumentos do filho mais novo, assim também não dá atenção aos argumentos do mais velho e lhe diz: “Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu! Mas esse teu irmão estava morto e tornou a viver. Estava perdido e foi reencontrado!” Será que o mais velho tinha realmente consciência de estar sempre com o pai e de encontrar nesta presença a causa da sua ale­gria? A expressão do pai “Tudo que é meu é teu!” inclui também o filho mais novo que voltou! O mais velho não tem o direito de fazer distinção. Se ele quer ser mesmo filho do pai, terá que aceitá-lo do jeito que ele é e não do jeito que ele gostaria que o pai fosse! A parábola não informa se o filho mais velho entrou ou não entrou na casa para participar da festa. Isso fica por conta do próprio irmão mais velho. Fica por conta de cada um de nós. Você entraria?

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